Após a Justiça Federal do Acre embargar o edital de construção da estrada que ligaria Cruzeiro do Sul a Pucallpa, no Peru, o governador Gladson Cameli se posicionou durante coletiva realizada durante a inauguração da primeira fase da reforma da Procuradoria-geral do Estado (PGE), nesta segunda-feira (19).
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Gladson reafirmou que “decisão judicial não se discute, se cumpre”. Porém, o governador defendeu a construção da estrada e declarou que deverá recorrer à ajuda do Governo Federal para viabilizar a obra.
“Precisa-se daquela estrada. Quando nós falamos de desenvolvimento e sustentabilidade, nós precisamos achar um meio termo. Eu estou indo à Brasília e uma das pautas será essa. Vamos tratar com o governo federal, para saber o que de fato o Executivo Federal pensa sobre esse assunto. Porque para gente não começar uma discussão e não ter recursos lá na frente, criar uma expectativa e depois não ter andamento”, disse.
O governador declarou ainda que o projeto proposto pelo governo estadual não afetaria o Parque Nacional da Serra do Divisor, já que segundo ele, a estrada teria um desvio entre Porto Walter, Marechal Thaumaturgo, até Pucallpa.
“Já é exemplo em alguns países, que é são as estradas ambientais. Ela é um formato diferente das atuais, não dá tanto impacto ambiental. O projeto não iria passar pelo Parque. Teria um desvio, mas iria aumentar o custo”, explicou.
Porém, entidades de defesa ambiental, como SOS Amazônia, Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (Opirj), Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-Acre), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), contrariam o governador.
Na ação civil protocolada e acatada pela Justiça agora, alega que a obra, de 210 quilômetros de extensão, “ameaça a rica biodiversidade de fauna e flora na região e viola direitos territoriais das populações indígenas e comunidades tradicionais que vivem no entorno”. Por outro lado, pessoas ligadas ao agronegócio e à produção entendem que a decisão afeta diretamente o desenvolvimento econômico e do turismo no Estado.
“O projeto coloca em risco a biodiversidade de fauna e flora, o que ocasionaria perda de espécies endêmicas e outras ameaçadas de extinção em uma das áreas com maior biodiversidade da Amazônia. Calcula-se que os impactos socioambientais relacionados aos recursos hídricos sejam irreversíveis, visto que alteraria a dinâmica dos rios”, diz um trecho da nota publicada pela SOS Amazônia.
A rodovia que cortaria a Serra Nacional do Divisior é um projeto do governo de Jair Bolsonaro e do governo regional de Ucayali, tendo como principais influenciadores e entusiastas o senador Marcio Bittar (UB) e a ex-deputada federal Mara Rocha.