Nesta quarta-feira (21), o Senado Federal aprovou o nome de Cristiano Zanin para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), por indicação do presidente Lula. Foram 58 votos a favor, e 18 contra.
Dos senadores que compõem a bancada federal do Acre, apenas Sérgio Petecão (PSD), declarou voto. Ao ContilNet, o senador disse que votou à favor pela indicação de Zanin e rasgou elogios ao advogado.
“Sou cabo eleitoral do Zanin. Admiro a carreira dele no direito. É um profissional com notório saber jurídico”, disse.
A votação pela indicação não foi nominal. Ou seja, o voto de cada senador foi feito de forma secreta e não foi público. A reportagem do ContilNet tentou contato com os senadores Alan Rick e Márcio Bittar.
Por meio de assessoria, Alan Rick (UB), decidiu não informar qual foi o seu voto. Já o senador Márcio Bittar, também do União Brasil, declarou que o “voto é secreto” e não iria comentar a sua decisão.
Quem é Zanin?
Zanin tem 47 anos e é especialista em direito criminal, além de atuar no direito econômico, empresarial e societário. Natural de Piracicaba, no interior de São Paulo, Zanin e sua esposa, Valeska Teixeira Zanin Martins, atuam na defesa de Lula desde 2013 e respondem pelo presidente em todos os processos criminais contra ele. O advogado ganhou projeção justamente pelo seu trabalho durante a Operação Lava-Jato, quando defendeu o presidente e conseguiu anular as condenações.
Formado pela PUC-SP, o advogado foi o autor, em 2021, do pedido de habeas corpus impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF) que resultou na anulação das condenações de Lula, após a Corte ter reconhecido a incompetência e parcialidade do então juiz Sergio Moro. A anulação das sentenças restaurou os direitos políticos de Lula — que ficou preso por 580 dias —, o que possibilitou a candidatura nas eleições de 2022, em que o petista foi eleito presidente da República pela terceira vez.
Segundo levantamento feito pelo blog da colunista Malu Gaspar, 88 dos 135 processos de Zanin no STF são dedicados à defesa de Lula e da família do presidente, principalmente na Lava-Jato – 65,1% dos casos, todos iniciados a partir de 2015. Desses, 81 são relacionados só a Lula. Em outros sete, os clientes são os filhos dele, Fábio Luís e Luís Cláudio, e a ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta em 2017.
Após a Operação Lava -Jato, o advogado fez a representação jurídica da campanha eleitoral do petista no ano passado e participou da transição do governo, quando ficou responsável pela área de “cooperação jurídica internacional”.
Americanas
Recentemente, o advogado também foi contratado para atuar na defesa da Americanas, no litígio com o banco BTG Pactual que se desenrola no Superior Tribunal de Justiça (STJ), e pela J&F, holding, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, para rever seu acordo de leniência no âmbito das operações Carne Fraca e Lava-Jato.