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Tatuadora tem braço amputado após fazer lipoescultura

Por METRÓPOLES

Arquivo pessoal/Camila Gama

sonho da cirurgia plástica acabou em pesadelo para a tatuadora goiana Camila Gama, 41 anos. A mulher, que vivia nos Estados Unidos há 8 anos, desembarcou em Goiânia, onde nasceu e foi criada, para fazer um procedimento estético, mas teve o braço direito amputado, acima do cotovelo, após complicações.

O caso passou a ser investigado pela Polícia Civil. De acordo com a corporação, Camila passou por um exame de corpo de delito, e aguarda o laudo pericial. O crime denunciado foi de lesão corporal, mas ainda não há informações sobre qual profissional atendeu Camila e responderá pelo caso.

Arquivo pessoal/Camila Gama

Arquivo pessoal/Camila Gama

Sonho interrompido

Por meio das redes sociais, a tatuadora tem feito relatos sobre o que aconteceu. “Essa é a minha história. Sou @camyb.art, imigrante nos EUA há 8 anos, vim para o Brasil fazer uma cirurgia plástica e por conta de uma erro médico há um mês tive meu braço amputado. Não perdi somente uma parte do corpo, perdi minha carreira de tatuadora. Meu sonho agora é comprar uma prótese para o meu braço para eu poder voltar a tatuar, minha prótese custa R$ 600 mil”, conta.

De acordo com Camila, a cirurgia de lipoescultura ocorreu em 13 de março em um hospital particular na capital goiana e, cinco dias depois, ela começou a passar mal. A tatuadora foi diagnosticada com anemia e precisou tomar um medicamento na veia e, segundo ela, desenvolveu uma trombose por causa de um possível erro na aplicação do remédio, o que causou a amputação.

“Eu não posso apontar culpados, mas tudo começou depois do medicamento; Aquele médico [um anestesista que estava de plantão] pegou a veia que era perto da artéria e deixou cair resíduos do remédio nela”, disse a tatuadora ao portal à TV Anhanguera.

Negligência

Responsável pela defesa de Camila, o advogado Fabrício Póvoa fez uma representação criminal e registrou um boletim de ocorrência para apurar eventual erro médico ou conduta negligente. Segundo ele, a cliente conta que foi medicada com um anticoagulante, passado logo após a cirurgia plástica, que, de acordo com Camila, deveria ter sido receitado com 30 dias de antecedência.

Segundo a tatuadora, o médico que fez a cirurgia plástica ficou ao lado dela durante todo o processo, até na amputação, mesmo não sendo ele o responsável pelo procedimento. Ela conta que conheceu o profissional por meio de indicações de amigas e da família e fez todos os exames necessários antes da lipoescultura.

“Antes disso, eu não tinha nada. Fiz mais de oito cirurgias antes, até plástica. A minha família não tem histórico de trombose. Depois disso tudo, fiz 19 exames de trombose, e todos deram negativo. Um laudo sobre a mão amputada deu que a minha artéria estava destroçada por ‘algo desconhecido’”, detalhou à emissora.

De acordo com o relato da tatuadora, após a cirurgia, ela chegou a voltar para casa, mas passou mal e precisou retornar ao hospital. Ela foi diagnosticada com anemia e recebeu duas bolsas de sangue. Em seguida, voltou para casa. No entanto, continuou se sentindo mal e começou a perder os movimentos do corpo. Camila voltou para a unidade de saúde e foi atendida por um médico plantonista, que receitou um remédio à base de ferro.

“As enfermeiras furaram várias vezes e não conseguiram [achar a veia]. Desci para o centro cirúrgico e tinha um anestesista de plantão. Ele pegou a veia e começou o pesadelo. Começou a doer e, pouco tempo depois, a minha mão já tava toda preta, necrosada”, contou.

Para Camila, houve negligência por parte do hospital que fez a plástica. “Eu gritava de dor, minha mãe apertava o botãozinho, as enfermeiras não vinham, elas falavam que era normal sentir dor com esse medicamento, o hospital não teve um pingo de empatia. Eu pedia para tirarem, e elas falavam que era normal.”

Ao ver a situação da filha, a mãe de Camila mandou uma mensagem para o médico responsável pela plástica, que foi até o hospital acompanhado de um cirurgião cardiovascular e uma ambulância. A tatuadora foi transferida para outra unidade de saúde, onde fez duas cirurgias, mas disse que os médicos não sabiam mais o que fazer com o caso dela, e a família decidiu levá-la para uma terceira unidade de saúde.

“Fiquei 11 dias na UTI tomando morfina seis vezes ao dia, com muita dor, até que eu não aguentava mais. Os médicos disseram que teriam de amputar de todo jeito, mas estavam tentando amputar menos, porque a trombose já estava no ombro, a um passo de ir para o coração ou cérebro”, explicou.

De acordo com Camila, ela tomou um medicamento dos Estados Unidos durante os 11 dias de internação para tentar “diminuir” a trombose. Foi, então, que os médicos conseguiram amputar não no ombro, mas do cotovelo para baixo.

Conduta sem falhas

Em nota, o hospital informou que se sensibiliza com o caso de Camila e que fez a melhor prestação de serviços. De acordo com a unidade de saúde, não houve falha no atendimento do médico anestesista que fez o acesso à veia de Camila nem da equipe de enfermagem que aplicou o remédio.

Ainda de acordo com o hospital, o estabelecimento não tem vínculo empregatício com o cirurgião plástico, “afastando qualquer responsabilidade objetiva da unidade hospitalar” e que o anestesista faz parte de uma empresa contratada pelo hospital. A unidade reforçou que está colaborando com as investigações e que a conduta do médico será analisada por autoridades oficiais.

A defesa do cirurgião plástico informou ao portal G1 que não pode dar detalhes técnicos sobre o caso por causa do sigilo médico, mas que o que aconteceu com Camila é uma complicação que não tem ligação com a cirurgia e que todos os cuidados foram tomados durante o atendimento. O médico está à disposição da Justiça para esclarecimentos.

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