Veja perguntas e respostas sobre submarino que desapareceu em viagem ao Titanic

Embarcação era dirigida por controle de videogame e não atenderia aos padrões atuais de certificação

Titan,  submarino que desapareceu durante uma expedição para o Titanic

Titan, submersível que desapareceu durante uma expedição para o Titanic – Divulgação

desaparecimento do submarino Titan levantou dúvidas sobre a segurança desse tipo de veículo e da expedição para ver os destroços do Titanic, a mais de 3.800 metros de profundidade no oceano Atlântico.

A embarcação perdeu contato no domingo (18), com cinco pessoas a bordo. Após dias de buscas, a Guarda Costeira dos EUA informou nesta quinta (22) ter encontrado destroços em uma região próxima aos restos do Titanic. Entenda o que se sabe sobre o caso até aqui.

QUANDO E ONDE O SUBMARINO DESAPARECEU?

O submersível Titan fazia uma expedição para explorar os destroços do Titanic —que estão a mais de 3.800 metros de profundidade— e desapareceu no domingo (18), na costa sudeste do Canadá, no oceano Atlântico. O veículo perdeu contato com um navio canadense na superfície cerca de 1h45 após mergulhar.

Desde então, equipes de resgate de vários países intensificaram esforços numa corrida para localizar a embarcação, que transportava cinco pessoas e que tem oxigênio para até 96 horas de navegação.

QUEM ESTÁ A BORDO?

Embarcaram no submersível o bilionário britânico Hamish Harding, 58 (presidente-executivo da empresa Action Aviation), o empresário paquistanês Shahzada Dawood, 48 (vice-presidente do conglomerado Engro), e seu filho Suleman, 19, e o francês Paul-Henry Nargeolet, 77 (mergulhador especialista no naufrágio do Titanic). Além deles, está a bordo Stockton Rush, 61, dono da empresa OceanGate, que opera o veículo.

QUEM É O DONO DO SUBMERSÍVEL?

O submersível Titan é operado pela empresa americana e privada OceanGate Expeditions, cuja proposta divulgada em seu site é aumentar o acesso do público ao oceano profundo. A companhia foi fundada em 2009 pelo empresário Stockton Rush, atual CEO e uma das cinco pessoas desaparecidas.

COMO É O SUBMERSÍVEL TITAN?

O submersível Titan é dirigido por um controle semelhante ao de videogames, e seu interior é apertado e simples. Stockton Rush, CEO da OceanGate, disse à emissora americana CBS que o veículo não exige muita habilidade para condução. “É como se fosse um elevador.”

O submersível tem apenas um botão, que muda de vermelho para verde quando é acionado, e vice-versa. Ao canal canadense CBC Rush mostrou que uma estrutura de metal serve de banheiro ao lado da janela. “É o melhor lugar da casa. Colocamos uma tela de privacidade e aumentamos a música. É muito popular.”

O interior do veículo tem três monitores —um com informações de navegação, outro para o sonar e uma tela maior, em que imagens do exterior são exibidas à tripulação e aos passageiros.

A EMBARCAÇÃO É SEGURA?

David Pogue, repórter da CBS que viajou no Titan em 2022, leu um comunicado antes de entrar no veículo no qual dizia que o submersível “não havia sido aprovado ou certificado por nenhum órgão regulador”. Ele também hesitou em embarcar porque alguns dos componentes pareciam improvisados.

A empresa OceanGate foi alertada sobre a insegurança de seu maquinário, mas discordou das críticas —por se tratar de uma inovação, justificou a companhia, o empreendimento não atenderia aos padrões atuais de certificação. Em carta de 2018 endereçada a Stockton Rush, o comitê de veículos subaquáticos da Sociedade de Tecnologia Marítima, grupo que reúne líderes da indústria de embarcações submersíveis, alertou para possíveis consequências “catastróficas” em decorrência da abordagem experimental.

O SUBMERSIVO TEM QUANTO TEMPO DE OXIGÊNIO?

O mergulho na costa do Canadá começou às 8 horas no horário local (9h em Brasília) de domingo (18), de acordo com a agência de notícias Reuters. A empresa OceanGate, que opera o submersível, diz que o Titan tem reserva de oxigênio para até 96 horas —quatro dias— com cinco pessoas a bordo.

As reservas de oxigênio do Titan, portanto, acabaram na manhã desta quinta (22), segundo estimativas. O empresário Oisin Fanning, que já participou de uma viagem até o local de naufrágio do Titanic, disse à rede britânica BBC que o oxigênio do submersível deve durar mais do que as pessoas pensam. Ele acredita que as pessoas a bordo sabem como maximizar o suprimento.

Caminho do Titan, o submersível desaparecido

Fonte: OceanGate Expeditions

Fonte: OceanGate Expeditions

COMO SÃO AS BUSCAS?

Cinco barcos equipados com sonares estão varrendo uma área de 20 mil km² —aproximadamente do tamanho do estado de Sergipe— e a uma profundidade de quase quatro quilômetros, enquanto aviões sobrevoam o local em busca de qualquer sinal do veículo.

As operações incluem aeronaves Lockheed P-3 Orion, projetadas com equipamento de vigilância para detectar submarinos. Militares canadenses também lançaram boias com sonares para tentar localizar o Titan. Na noite da terça-feira (20) e nesta quarta (21), foram detectados ruídos de origem indeterminada durante as buscas. Nesta quinta (22), a Guarda Costeira dos EUA informou ter encontrado destroços na área onde hoje se concentram os esforços de busca pelo submersível Titan.

COMO FUNCIONA A EXPEDIÇÃO ATÉ OS DESTROÇOS DO TITANIC?

A OceanGate Expeditions cobra US$ 250 mil (R$ 1,2 milhão) por uma vaga em suas expedições de oito dias para ver os restos do Titanic. Além do piloto, o submersível comporta três passageiros (pagantes) e um “especialista em conteúdo”.

A empresa explica ainda que seus clientes recebem “uma orientação da embarcação e instruções de segurança” e diz que não exige nenhuma experiência prévia de mergulho, mas que há “alguns pré-requisitos físicos” —embora não esteja claro quais são.

A expedição ao Titanic começa em Newfoundland, no Canadá, de onde um helicóptero leva os turistas até um navio perto do local dos destroços, segundo reportagem da BBC. O submersível parte dessa embarcação, que serve como base durante a missão.

ACIDENTES COM SUBMARINOS SÃO RAROS?

Acidentes com submarinos, um dos mais complexos tipos de embarcação à disposição das Marinhas, não são raros. Em 2017, a Argentina perdeu o ARA San Juan, que afundou após uma explosão interna não explicada até hoje. Caso mais clássico ainda é o do Kursk, submarino nuclear russo que afundou depois de uma explosão no compartimento de torpedos em 2000, no início da era Vladimir Putin no poder.

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