O “vício” em celular é um tema debatido por muitos especialistas. Cada vez mais recorrente, a condição foi batizada de nomofobia e é caracterizada pela dificuldade de ficar longe do aparelho por muito tempo, uma vez que o contato com o smartphone e com as redes sociais libera dopamina, conhecida como hormônio do prazer. Apesar de o problema ainda não configurar um distúrbio, seus sinais são notáveis. Pessoas que sofrem de vício em celular costumam sofrer com sintomas como ansiedade causada pela falta do aparelho, impressão de falsa vibração e isolamento social.
Reconhecer a dependência pode ser uma tarefa difícil. Por isso, o TechTudo reúne, na lista a seguir, oito sinais que devem ser observados. É preciso pontuar, no entanto, que somente um profissional é capaz de concluir um diagnóstico e propor o tratamento adequado.
1. Procrastinação e perda frequente de prazos
O “vício” em celular impacta negativamente a rotina, sobretudo em termos de produtividade e cumprimento de prazos. É comum que uma simples checagem no feed de uma rede social se transforme em horas rolando pela tela do aparelho, por exemplo. Quando o contato com o smartphone não está dentro de parâmetros saudáveis, qualquer estímulo tem o potencial para sair do controle.
O que precisa ser observado, no entanto, é como isso tem afetado a dinâmica do seu dia a dia. Se alguns prazos têm sido ultrapassados com frequência ou demandas têm sido deixadas de lado devido ao exagero no uso do celular, é preciso acender um alerta. Uma boa saída para mudar a sua relação com o smartphone é instalar aplicativos que ajudam a manter o foco e ter mais produtividade.
2. Dormir e acordar com o celular
Por mais que pareça um hábito indefeso, o uso do celular antes de dormir é totalmente prejudicial ao sono. Além de trazerem uma série de estímulos ao cérebro, as telas emitem uma luz azul que inibe ou diminui a produção da melatonina, hormônio responsável pelo sono. Por isso, o ideal é evitar ao máximo o contato com o telefone durante a noite, sobretudo nos momentos que antecedem a ida para a cama.
O mesmo vale para o momento de acordar: recomenda-se esperar um tempo até pegar o telefone para conferir as notificações. Nesse caso, a justificativa é que o contato com mensagens e informações em excesso pode gerar uma sensação de cansaço e ansiedade logo nos primeiros momentos do dia. Por isso, o indicado é não deixar o telefone embaixo do travesseiro, nem na mesa de cabeceira. Quanto mais distante, melhor. A adoção de um relógio com despertador pode ajudar nesse processo.
3. Desconforto ao passar um tempo longe do aparelho
Sentir-se desconfortável pela ausência do celular é um sinal de alerta. Ainda que o aparelho reúna uma série de ferramentas e serviços úteis para o dia o seu dia a dia, como aplicativos de banco e de transporte, ele não é indispensável. No entanto, um estudo feito pelo Laboratório Delete-Detox Digital e Uso Consciente de Tecnologias, da Universidade Federal do Rio De Janeiro (UFRJ), sugere que a frequência de uso desses dispositivos está cada vez maior.
Segundo a pesquisa, realizada entre 2020 e 2021, cerca de 62,5% dos entrevistados tiveram contato com tecnologias por mais de três horas todos os dias. Em um tempo de exposição maior, de quatro horas, o percentual reduziu para 49,1%. Ainda assim, o número representa quase metade das pessoas analisadas. A situação pode ser considerada um sinal negativo quando o distanciamento do telefone gera irritabilidade, angústia ou ansiedade.
- Uso do celular durante as refeições
Outro hábito comum que parece ser inofensivo é a interação com a tela durante uma refeição. Um estudo realizado pelo Departamento de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Lavras (UFLA), entretanto, revelou que o contato com o celular durante a alimentação pode aumentar em até 15% a ingestão de calorias. Segundo os pesquisadores, pessoas que se distraem durante a refeição tendem a comer mais, mesmo que sem necessidade.
O momento dedicado à alimentação precisa ser tranquilo, sem muitos estímulos, incluindo o proporcionado pelas telas de smartphones. Ao tomar café da manhã, almoçar ou jantar sem consumir conteúdos em redes sociais ou atender ligações, por exemplo, você ajuda a garantir um melhor aproveitamento dos alimentos ingeridos.
5. Impressão de falsa vibração
Se você já teve a sensação de ouvir ou sentir o smartphone vibrar e, quando foi checá-lo, viu que não havia chegado notificação alguma ao aparelho, talvez você esteja passando muito tempo com o celular por perto. Conhecido como “vibração fantasma”, esse fenômeno não é tão alarmante quanto outros listados, porque pode acontecer com pessoas em estado de alerta, ou por hábito, como sugere o pesquisador Robert Rosenberg, do Instituto de Tecnologia da Georgia, em Atlanta. Ainda assim, vale prestar atenção à frequência com que isso acontece e se você experimenta a “vibração fantasma” junto de outros sintomas preocupantes.
6. Acidentes por desatenção
Colocar a própria vida ou a de outra pessoa em risco é uma das consequências mais extremas do vício em celular. No Brasil, dados da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET) mostram que o aparelho é a terceira maior causa de acidentes no trânsito. Segundo o levantamento, há uma média de 154 mortes por dia em decorrência da distração ao volante. Fora as ocorrências de trânsito, a exposição às telas em condições perigosas também pode abrir margem para várias outras situações de risco, como quedas e afins.
7. Isolamento e pouco contato social
À medida que o uso do celular se intensifica, a frequência das interações face a face pode diminuir. Por isso, é preciso atentar para sinais de isolamento e para a manifestação de preferência pelo tempo no celular em detrimento do contato com o mundo externo. A qualidade das relações também deve ser um parâmetro, já que o “vício” pode deixar pessoas distraídas e com dificuldade em focar em outras atividades que não a interação com as telas.
8. Necessidade de responder instantaneamente qualquer notificação
Checar o celular a todo momento pode ser um problema. Responder instantaneamente a toda e qualquer notificação, também. A necessidade exacerbada de estar conectado e de interagir com mensagens, redes sociais e jogos tende a ser um indicativo da dependência do celular. Se isso começar a acontecer em situações como conversas entre amigos, reuniões de trabalho e aulas, pode significar que é hora de repensar a relação com o smartphone.