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Baques acreanos são documentados para o Plano Nacional de Salvaguarda das Matrizes Tradicionais do Forró

Por Ascom

Uma parte importante das raízes culturais e musicais do Acre serão registradas em um vídeo etnográfico que documentará a manifestação tradicional do forró acreano no município de Tarauacá fazendo parte das ações que integram o Plano Nacional de Salvaguarda das Matrizes Tradicionais do Forró produzido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). 

Para o desenvolvimento das ações de difusão e valorização desta manifestação cultural no estado do Acre ganhou destaque o trabalho de pesquisa e fomento que vem sendo realizado pelo Baquemirim desde o ano de 2007 tendo como protagonistas de suas ações mestres e mestras da música e tradições orais da cultura acreana e da Amazônia Sul Ocidental. Atualmente a instituição é responsável pela execução das ações de salvaguarda no estado do Acre para o Plano Nacional de Salvaguarda das Matrizes Tradicionais do Forró. 

Sr. Santinho (sanfona) acompanhado de amigos mestres da música tradicional acreana. Foto: Reprodução

No contexto dos seringais amazônicos as práticas musicais da população indígena receberam dos colonizadores os nomes de Baques de Samba e Marcha, termo utilizado pelos músicos seringueiros para designar tanto uma pessoalidade na forma de tocar, quanto os gêneros musicais que fazem parte do evento chamado seja por Forró, Festa, Farra ou Baile. Sobre os Baques, o pesquisador e diretor musical Alexandre Anselmo, esclarece: “Os Baques de samba e marcha são práticas ainda inéditas na musicologia brasileira, permanências das linguagens musicais dos povos originários do Acre que atualmente ganham o mundo através da juventude indígena, os Txanás, e tiveram nos seringais sua formação através do uso dos instrumentos ocidentais pelos povos originários desde o início da colonização.”.

As pesquisas realizadas pelo Baquemirim encontraram no bairro da Praia localizado às margens do rio Tarauacá uma destas manifestações culturais representadas pelas práticas musicais que acontecem na residência do sr. Raimundo Sabóia Gomes, conhecido por Santinho, caboclo acreano músico de origem indígena e seringueira que no dia a dia junto de sua esposa reúne um grande número de praticantes desta música que, assim como o anfitrião, são nascidos nos seringais e atualmente também residem nesta parte do município. 

Momento de prática musical na casa do sr. Santinho (sanfona). Foto: Reprodução

Anualmente o sr. Santinho comemora seu aniversário realizando um forró reunindo em sua casa amigos, músicos, mestres da cultura popular, dançarinos e dançarinas, resultando em um evento de referência para as Matrizes Tradicionais do Forró na região sendo uma herança do movimento musical dos seringais acreanos. A família do Sr. Santinho está preparando um forró “fora de época” exclusivamente para receber as filmagens que são também um instrumento de preservação e divulgação da cultura imaterial acreana. De 17 à 25 de julho a realização desta festa estará no foco da produção audiovisual que será realizada e tem como objetivo registrar as práticas musicais relacionadas ao forró no Acre, por meio de um olhar sensível e documental. 

“Muito importante as instituições de salvaguarda do patrimônio imaterial atenderem essas comunidades, que resistem com suas práticas musicais frente a tantas dificuldades. São riquezas culturais de inestimável valor para o turismo e impacto social, que precisam de registro e apoio para serem preservadas.”, destaca Anselmo.

As Matrizes Tradicionais do Forró foram reconhecidas como Patrimônio Cultural do Brasil em 2021 e desde então uma série de ações vêm sendo realizadas pelo IPHAN no país para sua valorização e preservação. A produção do documentário faz parte destas ações, tornando-se um instrumento histórico para o registro e salvaguarda destas matrizes no Acre. 

O Baquemirim foi selecionado pelo IPHAN para o desenvolvimento desta produção devido à relevância e originalidade de sua pesquisa em ações de salvaguarda envolvendo mestres e mestras da música e tradições orais da cultura acreana. Essa parceria reforça o compromisso de ambas as instituições em valorizar e promover a cultura imaterial do estado.

“Conhecemos o trabalho do Baquemirim ainda em 2019 e desde então reconhecemos a importância de sua atuação pela salvaguarda da cultura imaterial acreana. A experiência da instituição nas pesquisas envolvendo a musicalidade da região se destacam pelo ineditismo, além de desenvolverem papel fundamental no resgate e valorização dos mestres e mestras da cultura tradicional no estado.”, observa Thaisa Lumie, antropóloga do IPHAN-AC.

O financiamento para este projeto é garantido através do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), do Governo do Acre por meio da Fundação de Cultura Elias Mansour “FEM” e da Secretaria de Estado de Comunicação “SECOM” responsável pela realização das filmagens e pelo apoio técnico da produção, além da Prefeitura Municipal de Tarauacá e sua Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e do Instituto Nova Era de Desenvolvimento Socioambiental (Ribeirão Preto/SP), todos comprometidos em apoiar e promover iniciativas culturais e sociais unindo esforços para viabilizar esta produção. Com o apoio técnico e financeiro dessas entidades o projeto é mais uma oportunidade de contribuir para a preservação do patrimônio histórico e cultural do estado do Acre. A produção executiva é assinada pelo Baquemirim, Nathânia Oliveira e Rafael Batista, coordenação geral e pesquisa de Alexandre Anselmo dos Santos, comunicação e fotografia Aruê! Arte, Cultura e Holismo, técnico de som Guilherme Melo e produção local com Evair Silva e participação musical da mestra Zenaide Parteira.

Além da produção do vídeo etnográfico o Baquemirim vem trabalhando na assessoria técnica para identificação, articulação e mobilização social dos detentores do bem cultural atuantes no município de Tarauacá/AC, além de pesquisa e registro de suas histórias de vida, repertórios autorais e acervos musicais através de produções fonográficas, contribuindo para a preservação contínua da manifestação tradicional do forró do Acre. 

Espera-se que o desenvolvimento destes trabalhos proporcione uma experiência única e aprofundada dessa manifestação cultural, aproximando-a do público e incentivando o reconhecimento e a valorização da cultura acreana em todo o país.

Para saber mais sobre esta e outras atividades, acompanhe as redes do Baquemirim:

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