Dois estudos apresentados no 83º Congresso da Associação Americana de Diabetes (ADA) abriram uma nova perspectiva para o tratamento da doença crônica. As pesquisas analisaram a eficácia da Icodeca, uma insulina de aplicação semanal. Atualmente, pacientes diabéticos que precisam do hormônio o aplicam diariamente para controlar os níveis de glicemia no sangue.
O remédio foi desenvolvido pela Novo Nordisk. A expectativa é que ele chegue ao mercado brasileiro em meados de 2025, após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Ao ser comparada com a glargina U100, que é de uso diário, a Icodeca demonstrou controlar melhor o diabetes, além de reduzir o risco de os pacientes sofrerem efeitos colaterais como hipoglicemias (quedas acentuadas nos níveis de glicose no sangue).
Os testes foram feitos em pacientes com diabetes tipo 2 descontrolada e que nunca haviam tomado insulina antes. Além de mostrar bons resultados, os participantes que usaram o hormônio de aplicação semanal ainda relataram melhor qualidade de vida em comparação aos que precisavam fazer aplicações diárias.
“Uma insulina basal uma vez por semana tem o potencial de mudar a forma como tratamos as pessoas com diabetes tipo 2 que precisam de reposição de insulina basal”, disse em nota o principal autor dos estudos Julio Rosenstock, diretor de pesquisa clínica Velocity no Medical City Dallas e professor clínico de medicina no Southwestern Medical Center da Universidade do Texas, nos EUA.
Uma insulina de aplicação semanal reduziria de 365 agulhadas para apenas 52 por ano, facilitando a vida dos pacientes diabéticos.
A Icodeca é aplicada com um dispositivo que parece uma caneta. Ao entrar no corpo, ela se liga à proteína albumina, presente no sangue. A conexão é temporária e a insulina entra em ação de forma gradual ao ser liberada aos poucos, nos dias seguintes. Assim, ela reduz e estabiliza os níveis de glicose ao longo de uma semana.
A insulina semanal foi desenvolvida pela Novo Nordisk. O medicamento submetido à revisão regulatória nos EUA, Canadá, Europa, China, Austrália, Suíça e Brasil. As primeiras decisões estão previstas para o primeiro semestre de 2024. No Brasil, a expectativa é que o remédio seja vendido a partir de 2025.