Fóssil encontrado no Acre é o “elo perdido” da evolução dos macacos no país, dizem cientistas

Os estudos foram em relação ao Ashaninkacebus simpsoni, espécie que viveu no estado há 34 milhões de anos

Um fóssil de 34 milhões de anos encontrado no Acre pode ser o elo perdido da evolução dos macacos no Brasil. É o que diz um grupo de cientistas brasileiros e franceses, que divulgou o estudo nesta segunda-feira (3), ao jornal O Globo.

A descoberta sugere que, além de terem sido ocupadas por símios da África, as Américas também foram ocupadas por ancestrais de primatas que atualmente habitam a Ásia.

Ilustração mostra como seria a espécie. Foto: Diego J. Barletta e Jorge A Gonzalez.

Os resultados das pesquisas foram anunciados em um artigo publicado na revista PNAS, da Academia Nacional de Ciências dos EUA, uma das mais importantes da área. 

A partir das análises feitas com o fóssil encontrado no Acre, os pesquisadores entenderam que o Ashaninkacebus simpsoni, animal que viveu na região, é mais parecido com o atual grupo dos Eosimiidae, da Ásia, do que dos primatas africanos já conhecidos da ancestralidade do grupo. 

O nome dado ao macaco faz referência ao povo Ashaninka, que habita no Vale do Juruá, em Marechal Thaumaturgo, entre a região de fronteira do Peru com o Acre.

O dente molar do macaco Ashaninkacebus encontrado no Acre — Foto: A. M. Ribeiro and L. Kerber

“Esses dados destacam algumas das características da história de vida (tamanho muito pequeno e consumo de insetos e frutas) que teriam aumentado as chances de sobrevivência em uma jangada natural durante uma extraordinária viagem transatlântica da África à América do Sul”, escrevem os cientistas na publicação do artigo.

Hipóteses de como a espécie foi parar na Ásia

Segundo os pesquisadores, há 35 milhões de anos, havia uma conexão melhor entre a África e a Península Arábica, que atuava como ligação territorial mais extensa entre os dois continentes. Por isso, a hipótese defendida pelos cientistas não é paradoxal.

No Brasil, o trabalho foi coordenado por Ana Maria Ribeiro, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e teve participação também das federais do Acre, de Santa Maria (RS), de Brasília (DF) e de Pelotas (RS). No Acre, a Universidade Federal do Acre também teve participação na pesquisa, através do Laboratório de Paleontologia.

O estudo contou ainda com o  trabalho de escavação e paleontologia, e incluiu uma análise detalhada de morfologia do dente feita com tomografia computadorizada de alta resolução.

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