Homem com pernas amputadas é abandonado fora do hospital em que estava internado

Ele estava internado no Hospital Municipal Pedro II em Santa Cruz, no RJ, quando foi deixado por funcionários do lado de fora do local

Reprodução

Um homem que teve as pernas amputadas foi abandonado por profissionais de saúde na porta do hospital municipal em que estava internado em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio (RJ), nessa segunda-feira (10/7). Ainda usando uma sonda, o paciente não identificado foi deixado sozinho na calçada, sob o sol e sem qualquer assistência.

Ele foi encontrado pela professora Tatiana Cristina de Almeida Borges, de 44 anos, após ter sido deixado na porta do Hospital Municipal Pedro II pelos próprios maquineiros da unidade. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que os dois funcionários foram demitidos. As informações são do jornal O Globo.

“Nós o encontramos um pouco mais longe da porta do hospital. Os lojistas que estavam lá contaram que os maqueiros falaram que iam deixar em um lugar mais distante para não dar problema para eles. Acontece que a gente que levou ele para a porta. Ele estava de fralda, de sonda, sem condições de resolver nada. Deixaram ele ali podendo pegar uma infecção generalizada, sem amparo”, declarou a professora.

Ainda de acordo com Tatiana Cristina, o homem contou que foi deixado na rua após a assistente social do hospital afirmar que “não poderia fazer mais nada por ele”. A professora alega que ele também diz que ele preferiu não passar o contato de familiares.

“Eu fiquei indignada com aquilo tudo, então procurei a coordenação do hospital. Eles me falaram que ele não queria ligar para a família e foi uma escolha dele ir embora”, contou.

“Porém, o homem me contou que a assistente social disse que não poderia fazer mais nada por ele e que ele estava ocupando o leito de uma pessoa que precisava. Sendo assim, ele só falou que poderiam tirá-lo dali. Acontece que ele claramente não poderia ser deixado daquele jeito no meio da rua, jogaram feito um lixo”, prosseguiu.

Segundo a coordenação do hospital, o paciente era conhecido da unidade de saúde, e supostamente tinha um “quadro de rebeldia”. O homem teria sido abandonado após deixar um abrigo em Búzios. Além de Tatiana, outras pessoas que passaram pelo local se comoveram com a situação e prestaram auxílio.

“Ele estava em um abrigo em Búzios, sendo cuidado por um pastor, que depois não estava mais conseguindo arcar com os custos e o largou no hospital. Ele não recebe dinheiro nenhum, nada do governo. O próprio hospital acionou o Ministério Público, fizeram esse papel certinho, mas erraram ao deixá-lo nessas condições. Duas pessoas viram aquela cena e começaram a chorar, compraram comida para ajudar”, explica a professora.

A mulher tentou obter mais informações sobre o paciente para fazer o acompanhamento dele, mas o hospital negou o pedido. Depois da intervenção, segundo Tatiana, o homem foi levado novamente para um leito da unidade.

Em nota ao Metrópoles, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que “este não é o procedimento da unidade. Há um processo de apuração dos fatos em andamento e os dois funcionários que levaram o homem para fora do hospital foram demitidos”.

O Hospital Municipal Pedro II informou que “tentava articulação com uma instituição de acolhimento para recebê-lo, quando outros funcionários atenderam ao pedido do usuário para ser levado para fora, pois ele se negava a permanecer no hospital, informando que teria alguém para buscá-lo”.

Veja o comunicado na íntegra:

A direção do Hospital Municipal Pedro II informa que o homem foi deixado no hospital por um abrigo de Búzios, sem qualquer indicação de atendimento médico no momento. O Serviço Social tentava articulação com uma instituição de acolhimento para recebê-lo, quando outros funcionários atenderam ao pedido do usuário para ser levado para fora, pois ele se negava a permanecer no hospital, informando que teria alguém para buscá-lo. Ao ser observado que não havia ninguém para buscá-lo, mesmo contra a vontade do usuário, a unidade o mantém sob guarda, até que o Serviço Social consiga encaminhá-lo para uma instituição de acolhimento, uma vez que não tem familiares próximos para recebê-lo.

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