A Organização Espiritualista Reino da Oxum, em Rio Branco, emitiu uma nota de esclarecimento para tornar público a informação de que a Mãe Almira de Oxum foi a primeira mulher trans a ser iniciada nos ritos do Candomblé no Acre. “Pra não sermos levianos com as informações, fazemos então o devido esclarecimento em respeito a história e a valorização da fé religiosa nos cultos afro para as identidades trans em nosso Estado”, diz Babalorisá Germano Marino Ty´Oxum, da Nação Ketú – Axé Torodé.
“Em 2012, ano da iniciação de Mãe Rubby de Oxum, no Ilê Asé Osun Ni Ola Orolawo, não tínhamos conhecimento até então, da iniciação de Mãe Almira de Oxum, também mulher trans aqui no Estado do Acre, no terreiro de candomblé “Ilê Axé Oxum”, nação Ketú, na época situado no bairro Cohab do Bosque, em Rio Branco Acre”, diz um trecho.
Confira a nota na íntegra:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
A Organização Espiritualista Reino da Oxum, situado no Ilê Asé Osun Ni Ola Orolawo, no bairro Defesa Civil em Rio Branco, no estado do Acre, desde dezembro de 1999, vem de público esclarecer, que a Yalorixá Rubby Rodrigues de Oxum, não foi a primeira mulher trans a ser iniciada nos cultos afro-religiosos no Estado do Acre.
Em 2012, ano da iniciação de Mãe Rubby de Oxum, no Ilê Asé Osun Ni Ola Orolawo, não tínhamos conhecimento até então, da iniciação de Mãe Almira de Oxum, também mulher trans aqui no Estado do Acre, no terreiro de candomblé “Ilê Axé Oxum”, nação Ketú, na época situado no bairro Cohab do Bosque, em Rio Branco Acre. Pra não sermos levianos com as informações, fazemos então o devido esclarecimento em respeito a história e a valorização da fé religiosa nos cultos afro para as identidades trans em nosso Estado.
Ya (Mãe) Almira Ty’Oxum, há 35 anos, foi iniciada no Candomblé, em novembro de 1988, pela mãos na época da Yalorisá Marlene Magalhães Ty’Oxum, irmã do ex-governador do Estado do Acre, Romildo Magalhaes, como a primeira mulher Trans a ser iniciada aos ritos do Candomblé no Estado do Acre. Não houve por parte do terreiro de Mãe Marlene Magalhaes de Oxum, nenhum problema relacionado a discriminação de gênero por ser uma mulher trans, muito menos em respeitar a sua identidade de gênero no quesito de vestimentas ou objetos de acordo com sua identidade de gênero, esclarecido por Mãe Almira de Oxum.
Mãe Almira de Oxum, pioneira, a ganhar vários prêmios carnavalescos na década de 80, como Rainha do Carnaval de Rio Branco, realeza do Bloco Bentivi e do Bloco do 15. Destaque na sociedade como uma excelente cabeleireira, com seu glamuroso salão que ficava situado na Rua Franco Ribeiro, atrás do Colégio CERB. Pessoa muito querida dentro de nossa Casa de Candomblé. Prestativa, sempre responsável e de grande carisma.
Realizou no dia 16 de fevereiro de 2023, a cerimônia da obrigação de 07 anos (Odú Eje), na sede do Reino da Oxum, situado na Avenida Dr° Mário Maia, 827, Tancredo Neves – Rio Branco – Acre, como sendo a primeira mulher trans no Acre, a ser iniciada dentro do candomblé, cumprindo todos os ritos e obrigações no próprio Estado de sua iniciação, na presença de familiares e da comunidade de candomblé local.
O Reino da Oxum, nação Ketú, Axé Torode, é bastante conhecido como uma casa de candomblé inclusiva e respeitosa com as identidades trans e a população LGBTQIAP+ para dentro dos cultos afros no Acre. Pois entendemos que a orientação, identidade de gênero ou a condição humana de cada indivíduo, deve ser preservada e respeitada, pois a fé na natureza e seus fenômenos e algo que vai muito além de estigmas e discriminações, por isso tão importante enfrentarmos o machismo, o racismo, o sexismo, a homofobia e a transfobia, muita das vezes estruturadas dentro dos ritos afros e em diversas religiões.
Atenciosamente,
Babalorisá Germano Marino Ty´Oxum
Nação Ketú – Axé Torodé.