O mundo sofre cada vez mais com os efeitos das ondas de calor extremo —algo que já era alertado por cientistas há alguns anos.
Especialistas dizem que os recordes de temperatura quebrados nas últimas semanas durante o verão no Hemisfério Norte, embora tenham sido projetados, chegam mais rápido do que o esperado, e mantêm os governos da região em alerta.
“Estamos entrando em um terreno desconhecido”, divulgou na semana passada a Organização Meteorológica Internacional, dias após as observações das maiores temperaturas da história, no mês de junho mais quente desde que os registros foram iniciados.
Segundo Hannah Cloke, pesquisadora de mudanças climáticas da Universidade de Reading, no Reino Unido, o cenário “é muito assustador”.
Segundo ela, o calor extremo não dá trégua no Hemisfério Norte e pode ter consequências fatais se a população não tomar as devidas medidas de proteção.
Só na Europa, cerca de 61 mil pessoas morreram com a onda de calor que ocorreu no ano passado, disse a especialista em entrevista à BBC.
Atualmente, existem alertas de calor em toda a Europa, Ásia e Estados Unidos para dezenas de milhões de pessoas.
A situação atual, observa Cloke, parece estar “saindo do controle”.
As ondas de calor, atribuídas às mudanças climáticas e ao ao fenômeno El Niño, que se desenvolve no Pacífico, provavelmente continuarão a piorar.
Nesta reportagem, você confere quatro fatos extremos relacionados às ondas de calor que atingem boa parte do planeta atualmente.
1. CHINA REGISTRA TEMPERATURA MAIS ALTA
Apenas alguns meses atrás, várias regiões no norte da China estavam lutando contra o frio extremo, com temperaturas abaixo de -50 °C. No domingo (16/7), o quadro foi totalmente diferente.
Em Xinjiang, no remoto e árido nordeste do gigante asiático, foram registradas temperaturas de 52 °C, que, segundo a mídia estatal, é a temperatura mais alta já registrada no local.
Espera-se que o calor extremo se estenda por pelo menos mais cinco dias nesta região.
O recorde anterior na China, de 2015, era de 50,3 °C.
2. O ESCALDANTE SUL DOS EUA
Quase um quarto da população dos Estados Unidos está sob alerta de calor extremo.
Em El Paso, no Texas, as temperaturas ficaram acima de 38 °C por 32 dias consecutivos, superando o recorde anterior, de 26 dias.
Além disso, os cientistas estão preocupados que as temperaturas no Arizona nem cheguem a cair durante a noite. No Estado, a previsão é que o termômetro não fique abaixo de 32 °C quando o sol se põe.
A temperatura média de julho do último século no Arizona à noite foi de 18,5 °C.
No Vale da Morte, na Califórnia, o recorde de calor já registrado na Terra pode ser quebrado. No domingo (16/7), a temperatura no local atingiu 53 °C. Isso gerou um enorme fluxo de turistas ao local, que esperavam a quebra da marca de 56 °C, registrada em 1913.
O Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA também está prevendo surtos de “clima instável” no início desta semana, incluindo chuvas excessivas que podem levar a inundações repentinas em partes do sul da Louisiana e do Arizona, no vale de Ohio e em estados do nordeste americano.
3. CALOR NA ITÁLIA PODE QUEBRAR RECORDES CONTINENTAIS
Espanha, Itália e Grécia sofrem com temperaturas extremas há vários dias.
Mas nesta semana é esperada uma nova onda de calor —batizada por agências meteorológicas de Caronte, em homenagem ao monstro da mitologia grega que era o barqueiro dos mortos no Hades.
A onda de calor se desloca para o país a partir do Norte de África.
Nas ilhas da Sardenha e da Sicília, por exemplo, são projetadas temperaturas em torno de 46 °C, segundo as agências meteorológicas.
A temperatura mais alta registrada na Europa foi de 48,8 °C, justamente na Sicília, em agosto de 2021.
Prevê-se que a onda de calor que afeta o Mediterrâneo se intensifique no meio desta semana e provavelmente continue no próximo mês em partes da Europa.
O norte da África também está experimentando altas temperaturas, com previsão de até 49 °C no Marrocos.
4. MILHARES SÃO DESLOCADOS NA GRÉCIA
Cerca de 1,2 mil crianças foram retiradas de um acampamento de verão na cidade costeira grega de Loutraki, na Grécia, depois que um incêndio florestal começou devido ao tempo seco.
Enquanto isso, a polícia prendeu um homem suspeito de iniciar outro incêndio em Kouvaras, a sudeste de Atenas.
O serviço meteorológico grego alertou que o risco de novos incêndios continua alto.
Dezenas de pessoas tiveram de abandonar as próprias casas, assistidas pelas equipes dos serviços de emergência.
O governo grego declarou que aqueles cujas casas foram afetadas pelos incêndios podem se hospedar em hotéis locais.
Anna Vlachou, dona de uma casa em Kouvaras, disse à agência de notícias Reuters que, embora seu lar ainda não estivesse em chamas, havia “muitas frentes” de incêndios e nenhum sinal dos bombeiros.
Os incêndios florestais foram alimentados por ventos fortes, com centenas de bombeiros lutando para conter a propagação das chamas.
Este texto foi publicado originalmente aqui.