O achado arqueológico mudou o destino daquele espaço. Agora, ele deixará de ser um simples pátio e passará a ser um local de visitação para o público, que poderá conhecê-lo daqui um mês. Até lá, a tarefa de classificação dos objetos encontrados pela equipe de arqueólogos e antropólogos do Ministério da Cultura Nacional deverá ter sido concluída, informou a pasta na última sexta-feira.
Foi ao levantar o piso para trocá-lo e colocar uma grade de escoamento pluvial que as estruturas subterrâneas da rede de esgotos foram encontradas em estado impecável: uma cisterna com tubo de chumbo para ventilação, uma fossa e uma abóbada de 15 metros de profundidade funcionavam ali em 1821.
Convencidos de que também poderiam encontrar objetos de uso diário, já que o costume da época era jogar as louças quebradas em fossas, os pesquisadores continuaram com as escavações até encontrarem o que esperavam: fragmentos de pratos e vasilhames, alguns de produção local e outros da Europa.
O projeto de valorização do Complexo Manzana de las Luces, estabelecido como Museu Nacional em 2013, começou em 2020, mas foi paralisado pela pandemia. Em janeiro de 2022, foi concluída a recuperação da fachada: os especialistas rasparam camadas de tinta até que o tom branco original fosse reproduzido.
A primeira fase da obra incidiu ainda sobre as paredes exteriores e a cobertura do edifício da antiga Procuradoria-Geral das Missões, construído no século XVIII pelos jesuítas. Nos anos 1970, a decisão de demolir dois pisos sem fazer uma cobertura exterior adequada fez com que a umidade se infiltrasse nos tetos.
Então, foi necessário impermeabilizar tudo para depois recuperar as abóbodas originais do primeiro piso. Agora, especialistas estão envolvidos nessa tarefa, que é o início da segunda etapa. Ao todo, serão necessários ao menos mais 12 meses de trabalho. Para realizar a obra, o Ministério da Cultura recebeu uma consignação de mais de US$ 3 milhões de dólares (R$ 14,3 milhões).
Os principais espaços recuperados são o edifício onde funcionava a antiga Procuradoria Geral da República e a antiga Casa Redituantes, que funcionou entre 1822 e os anos finais do século XIX como o equivalente ao Congresso Nacional. Ali está a imponente Sala dos Deputados, palco de acontecimentos históricos, como a posse do presidente Bernardino Rivadavia e o assassinato do governador Manuel Vicente Maza em 1839.