Vestido de noiva centenário era lavado com água da chuva e engomado com tutano de boi

Peça já foi usada por 24 mulheres, incluindo médica que subiu ao altar nesse sábado (22), em Manaus. Ela, inclusive, faz parte da quinta geração consecutiva a usar a peça

Vestido centenário vestiu 24 mulheres da mesma família. — Foto: Divulgação

Vestido centenário vestiu 24 mulheres da mesma família. — Foto: Divulgação

Conservar um vestido de noiva por mais de 100 anos não é uma tarefa fácil. É preciso empregar muitos cuidados para que o tecido e a renda permaneçam intactos e sobrevivam a ação do tempo, processo esse que vai desde a lavagem da peça até o seu armazenamento correto. E foi todo esse cuidado que permitiu que a médica Barbára Jinkings subisse ao altar nesse sábado (22) para casar com o engenheiro Filippe Albuquerque, em Manaus, usando uma peça centenária.

O vestido em questão foi produzido em Bruxelas, em 1910, e é considerado uma herança de família. Ele já foi usado por 24 mulheres, incluindo Bárbara. Ela, inclusive, faz parte da quinta geração consecutiva a usar a peça, tradição essa que começou com a sua tataravó.

Vestido foi feito em Bruxelas, na década de 1910.  — Foto: Reprodução

Vestido foi feito em Bruxelas, na década de 1910. — Foto: Reprodução

Atualmente, o guardião da peça é o empresário Rui Sá. À Rede Amazônica, ele contou que o vestido chegou a ficar 30 anos guardado em um baú, após a primeira noiva usar.

“Minha avó comprou o vestido em Bruxelas em 1910 e, em 1911, ele veio para Manaus, para o casamento dela. E depois disso, ele ficou guardado em um baú. 30 anos depois a minha mãe usou a peça. Uma tia nossa, irmã do meu pai, viu, achou ele lindo e resolveu sugerir para a minha mãe casar com ele [o vestido]. Daí que começou a história”.

Rui também contou como o vestido centenário conseguiu ser conservado por tantos anos.

“Antigamente, a água da chuva pura era limpa e você recolhia [a água da chuva] para lavar vestido, e engomava com tutano de boi. Eram o que os antigos diziam, não sei se é verdade. Mas talvez por isso a renda tenha durado todo esse ano… por causa do tutano do boi”, falou.

 

Baú usado para guardar o vestido no passado. — Foto: Rede Amazônica

Baú usado para guardar o vestido no passado. — Foto: Rede Amazônica

O empresário explicou que hoje a peça não é mais engomada com tutano, mas ainda assim passa por todo um processo de armazenamento para que seja usufruído pelas futuras gerações da família.

“Após o casamento, o vestido é lavado com muito cuidado. E aí ele é guardado no papel de seda, dentro de uma sacola de tecido e em uma caixa, e aí espera a próxima que vai usá-lo. Quando a gente tira, deixa pegar um ar e depois ele volta para a caixinha para poder resistir”, explicou.

Vestido foi usado pela 24ª vez nesse sábado.  — Foto: Rede Amazônica

Vestido foi usado pela 24ª vez nesse sábado. — Foto: Rede Amazônica

Por fim, após o casamento da sobrinha, ele contou o que vai ser feito com a peça centenária.

“Agora ele vai ser lavado, guardado todo enrolado em papel de seda, para tentar não amarelar, para poder ir para a próxima noiva”, finalizou.

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