Decisão da Ufac de tirar nome de pessoas ligadas à ditadura dos blocos revolta familiares

Nomes serão retirados de blocos e pavilhões da instituição juntos com outros acusados pelo MPF de terem colaborado com a ditadura militar

A decisão do Conselho Universitário (Consul) da Universidade Federal do Acre (Ufac), atendendo sugestão do Ministério Público Federal (MPF), de retirar de seus blocos e pavilhões os nomes de pelo menos 20 homenageados, está causando indignação em familiares das pessoas cujas homenagens serão cassadas. É o caso do ex-deputado Felix Bestene Neto, ex-professor da instituição, e do ex-governador Edmundo Pinto, este estudante e ex-servidor do departamento de Direito da instituição, ambos já falecidos.

A retirada dos dois nomes e de mais de 18 pessoas que batizam pavilhões e blocos da Ufac são feitas sob a acusação de que essas pessoas colaboraram ou apoiaram a ditadura militar que vigou no país de 1964 a 1985.

Universidade Federal do Acre. Foto: Reprodução

O ex-deputado José Bestene, irmão de Félix Bestene, falecido de câncer, em 1985, e Rodrigo Almeida, filho de Edmundo Pinto, assassinado a tiros em São Paulo, quando exercia o mandato de governador do Estado, em maio 1992, se manifestaram sobre o assunto nesta sexta-feira (11).

“Lamentável essa atitude. O Félix foi um dos criadores do curso de enfermagem na Ufac e também foi professor de anatomia da primeira turma de enfermagem dessa instituição. Era o meu irmão, um grande homem público e um excelente profissional. A história e sua trajetória comprovam a justa homenagem”, disse Bestene.

Rodrigo Almeida, ex-vereador em Rio Branco e que hoje vive em Dubai, nos Emirados Arabes, usou suas redes sociais para também criticar a retirada do nome de seu pai de um dos pavilhões da Ufac. Ele falou em nome da família do governador assassinado, cujo nome batiza o pavilhão do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). “Edmundo Pinto, além de formado em Direito pela UFAC, foi muito atuante como dirigente universitário e funcionário da UFAC. Como legislador sempre defendeu seus interesses e como governador destinou recursos estatais, firmou convênios e prestigiou instituições acadêmicas. Portanto, não era apenas um desejo do grupo que seu nome recebesse as devidas homenagens na época, foi por reconhecimento”, disse Rodrigo Almeida.

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