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Famílias garantem sustento com marca francesa que produz tênis com borracha do Acre

Por Maria Fernanda Arival, ContilNet

O Blog Sneakerverso, do Estadão, mostrou em uma longa reportagem o processo de produção dos tênis Vert, que o convidou para conhecer o ciclo da borracha no Acre.

O jornalista detalhou os trechos de viagem que fez de avião, van e barco para chegar até o local da produção. “Cansado? Sim. Feliz? Muito. Tudo isso para uma constatação definitiva. Por tudo que a marca faz e pela revolução que acontece lá, se Chico Mendes estivesse vivo, hoje ele calçaria Vert”, disse.

Vert Dekkan na floresta nativa Foto: Talys Kasper/Estadão

A Vert produz 4 milhões de pares produzidos com borracha 70% do Acre, o restante de Rondônia e Mato Grosso. A marca de tênis, chamada Veja, no Brasil ganhou o nome de Vert, é fundada por François-Ghislain Morillion e Sébastien Kopp, que viajaram o mundo e conheceram a também francesa Alter Eco, que vendia pupunha brasileiro no mundo como fair trade.

“Um produto democrático e amplo poderia mudar o panorama de verdade, tanto do ponto de vista do consumo, quanto das famílias que produzem os insumos para produção. Então também pensamos: o que mais compramos na viagem? Tênis. Então vamos de tênis”, afirma Morillion.

François-Ghislain Morillion, fundador da Vert, explicando a proposta de valor da marca Foto: Talys Kasper/Estadão

Segundo o jornalista, a Veja precisou se chamar Vert no Brasil por problemas de registro, mas independente do nome, a Vert “escolheu a virtude do caminho do meio – entre capitalismo e socialismo -. Vende os tênis com alto valor agregado e ticket médio graúdo para quem pode pagar e bonifica as famílias produtoras de borracha, por exemplo, bem acima da média no mercado”, disse.

Látex sendo tirado da seringueira nativa Foto: Talys Kasper/Estadão

“O mercado paga atualmente R$ 3 o quilo do CVP, o cernambi virgem prensado de borracha. A Vert paga a mais R$ 0,50 por qualidade e R$ 10,50 pelo adicional de pagamento por serviços socioambientais, o que dá um valor de R$ 14 o quilo. Este adicional é pago para as famílias que não desmatarem suas terras além do permitido por lei para abrir caminho para o gado ou soja. Tal iniciativa, além de garantir a produção do látex vindo de seringueiras nativas, ainda ajuda a minimizar o desmatamento. Mas isso tem um custo corporativo. Para a Vert conseguir pagar quatro vezes mais às famílias, a marca teve que abrir mão do marketing, que consome boa parte da verba da outras multinacionais de sneakers. A Vert não investe em anúncios, ações comerciais e trabalha sempre com estoque zero para evitar ao máximo estes custos que inviabilizariam a base de fair trade da empresa”, diz um trecho da reportagem.

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