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“Fuzilar petralhada” e “onça beber água”: falas que encalacraram Bolsonaro e Lula no Acre

Por Redação ContilNet

Bolsonaro e Lula no debate da Globo — Foto: Stephanie Rodrigues/g1

Hora da onça

Em 9 de abril de 1981, o sindicalista Luís Inácio da Silva, que ainda não usava o Lula no meio, sentou-se pela primeira vez num banco dos réus diante da Justiça Militar de Manaus. Ele era acusado de violar a Lei de Segurança Nacional por incitamento à luta armada, apologia à vingança e incitamento à luta pela violência entre as classes sociais. Isso porque, num discurso a quatro mil seringueiros em Brasileia, ele disse: “chegou a hora da onça beber água”. Era o dia 27 de julho de 1980 e os seringueiros cobravam justiça pelo assassinato do sindicalista Wilson Pinheiro, ocorrido uma semana antes.

Diógenes

A acusação contra Lula, à época, foi formulada pelo então presidente da Federação da Agricultura do Acre, o economista e empresário cearense Francisco Diógenes (1940/2006), que depois se tornou deputado federal constituinte, deputado federal e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) quando faleceu em março, aos 66 anos. Lula foi absolvido da acusação pela Justiça Militar.

Mortadela e Venezuela

Em 1º de setembro de 2018, uma semana antes da facada em Juiz de Fora (MG), o candidato Bolsonaro se entusiasmava com a recepção do eleitorado acreano e soltava o famigerado discurso que ficará para sempre na memória e na história da política nacional e acreana. Com o tripé de um cinegrafista apontado ao céu como se fosse um fuzil, gritou: “vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre. Vamos mandar estes ‘picareta’ pra correr do Acre. Já que eles gostam tanto da Venezuela esta turma tem que ir pra lá. Só que lá não tem nem mortadela, galera. Vão ter que comer é capim mesmo, hein!”.

Testemunhas

O que chama a atenção durante o discurso de Bolsonaro são as testemunhas dos prováveis crimes praticados: o deputado federal Major Ulisses (União) e o então candidato a senador Luís Pedrazza (PSL). Advogado com muitos amigos e clientes entre os petistas, Pedrazza mostra um sorriso meio que sem graça e tenta se esconder com uma bandeira do Brasil ao redor do pescoço.

O poste

Jair Bolsonaro disputava a eleição contra o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que substituía Lula, preso em Curitiba pelo juiz Sérgio Moro, e da prisão coordenava a campanha petista. A coligação “Brasil Feliz de Novo”, da qual o PT fazia parte, protocolou denúncia contra Bolsonaro dois dias depois, argumentando que “por mera divergência política, entende o candidato ser necessário o fuzilamento de toda uma parcela da população, o que representa, a um só tempo, os cometimentos dos crimes de ameaça e incitação ao crime”.

STF

O PT pediu para que a notícia de crime fosse enviada à Procuradoria-Geral da República para a instauração de procedimento investigatório, visando à denúncia e condenação de Bolsonaro. A ação foi sorteada para o ministro Ricardo Lewandowski. O processo foi arquivado. Uma semana antes o STF suspendera um julgamento do recebimento de uma denúncia contra Bolsonaro, acusado de racismo em relação a quilombolas, refugiados e outros grupos.

A galera

Na época a “galera”, como Bolsonaro chamava o seu público cativo, festejava as decisões do STF que já impedira Lula de ser candidato e mantinha arquivadas outras duas ações penais contra Bolsonaro sob a acusação de incitar o crime de estupro em um episódio em que disse à deputada Maria do Rosário (PT-RS) que só não a estupraria porque ela não merecia. Com o novo cenário posto após a terceira vitória de Lula, a fila de processos promete começar a andar e o STF já não tá com esta moral toda. Segundo a “galera”.

Execuções

O fato é que após a fala de Lula sobre a hora da onça beber água, o capataz Nilo Sérgio de Oliveira, tido pelos seringueiros como principal responsável pela morte de Wilson Pinheiro, foi linchado por trabalhadores rurais e 16 deles foram acusados pelo assassinato. Por outro lado, em julho de 2022, um militante bolsonarista armado invadiu uma festa e matou o tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, no Paraná.

PAC

Ao lado do presidente Lula, o governador Gladson Cameli participa nesta sexta-feira (11), do lançamento do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em seguida, deverá seguir viagem para os Estados Unidos. O governador irá compor um grupo de governadores brasileiros que cumprirão agenda institucional extensa em Washington, capital americana.

Inovação

De acordo com Gladson, a ideia da viagem é conhecer e debater soluções tecnológicas e de inovação para o estado. O governador disse ainda que as agendas poderão ser uma oportunidade de atrair investidores internacionais para o Acre. A viagem está marcada para acontecer no final do mês, provável data em que o presidente Lula estará em solo acreano para a inauguração de obras do Instituto Federal do Acre (Ifac).

Nossos povos

Na noite desta sexta-feira (11), a jornalista e subchefe de Gabinete do Governo, Silvania Pinheiro, lança o livro “Discurso midiático sobre o indígena na cidade”. A obra realiza uma abordagem crítica e sensível sobre a vivência indígena nas sociedades urbanas, tendo em vista que a presença dos povos originários nas cidades tem sido um tema cada vez mais abordado pelo discurso midiático contemporâneo. Acreana de Sena Madureira, Silvania é mestre em Letras: Linguagem e Identidade, pela Universidade Federal do Acre (Ufac) e especialista em Assessoria de Imprensa e Marketing Político.

À francesa

A ex-deputada federal Mara Rocha e ex-MDB publicou uma sucinta e delicada carta em suas redes sociais anunciando sua saída da legenda: “Olá amigos. Hoje pedimos a nossa desfiliação do partido Movimento Democrático Brasileiro – MDB. Entendemos o desejo da sigla em caminhar com os partidos da esquerda, tanto nacional como a nível de Acre. Não sendo esse o nosso desejo, por coerência e por acreditar que temos que avançar e não retroceder, é que estamos nos desfilando (sic). Queremos publicamente agradecer ao MDB e seus filiados, que nos receberam e que nos cederam a sigla partidária para que pudéssemos participar do pleito de 2022”. Assinado: Cylmara Fernandes da Rocha Gripp.

Utilidade

Mara Rocha usa o pronome na terceira pessoa, talvez para incluir subliminarmente o nome de seu irmão, o Major Rocha, que também se desfiliou do MDB e não atualiza suas redes sociais desde que publicou um agradecimento aos eleitores pela votação insuficiente de 2022. Em seu texto, agradece ao MDB “que nos cederam a sigla” para que pudessem participar do pleito. Confirma o que o deputado Tanízio Sá disse: os irmãos não tinham afinidade com o partido, queriam apenas o seu usufruto.

Frente Popular

De fato, os irmãos Rocha não teriam condições de conviver com os emedebistas neste cenário onde a Frente Popular do Acre parece ressurgir das cinzas, mas com o MDB à frente, em vez do PT. O deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), líder da oposição na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), discursou na quarta-feira (9) anunciando sua adesão à filiação do ex-prefeito Marcus Alexandre ao MDB. “Eu sempre ao me referir sobre a situação política de Rio Branco, afirmei e reafirmo que nós faríamos um esforço para construir um movimento em torno da candidatura do Marcus”, disse o comunista.

Moda federal

Edvaldo sugeriu que partidos políticos do campo progressista em Rio Branco façam o mesmo movimento de união feito no Governo Federal, quando o presidente Lula conseguiu reunir 16 partidos em prol de sua candidatura no segundo turno das eleições em 2022. O parlamentar acredita que Marcus é o nome ideal para liderar essa Frente Ampla. “O PCdoB estará com o Marcus nas eleições. Na construção e depois na consolidação desse polo novo, da política acreana”.

PSD/ PSB/PDT

O deputado vai além e anuncia que deverá conversar com partidos como o PSD, do senador Sérgio Petecão e o PSB, de Jenilson Leite, para apoiar a candidatura de Marcus. Edvaldo declarou ainda que até com o PDT, da líder do Governo Gladson Cameli, terá o convite para se juntar à coligação. “Pode parecer difícil, mas nós precisamos colocar o PDT nessa discussão”.

Tamo junto

O deputado estadual do PSD, Eduardo Ribeiro, pediu aparte a Edvaldo e lembrou que o partido também estava na disputa pela filiação de Marcus. Porém, está aberto às discussões. A tendência é de que o partido indique o vice na chapa do MDB. “Nós tínhamos um projeto. Fizemos o convite ao Marcus. E vamos continuar a discutir. A discussão está aberta dentro do partido. Para que a gente possa tomar a decisão que a gente acredita ser melhor para a cidade de Rio Branco”, disse.

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