O apagão que afetou 25 estados brasileiros e o Distrito Federal nessa terça-feira (16/8) ainda tem pontos que precisam ser esclarecidos. A falta de energia elétrica causou transtornos em diversas cidades do país, como a suspensão de aulas, interrupção de linhas de metrô e a remarcação de cirurgias.
Roraima foi a única unidade da federação que não foi atingida pela falta de energia. O estado não faz parte do Sistema Interligado Nacional (SIN) e conta com geração própria, por meio de termelétricas.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) deve apresentar em até 30 dias um Relatório de Análise da Perturbação (RAP) com as causas do incidente.
Possíveis causas
Em coletiva de imprensa, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG), afirmou que o apagão foi ocasionado por dois eventos simultâneos em linhas de transmissão de alta capacidade.
“Para acontecer um evento dessa magnitude, nós temos que ter tido dois eventos concomitantes, em linhas de transmissão de alta capacidade. Ou seja, é extremamente raro que aconteça o que aconteceu no episódio de hoje”, argumentou o ministro.
Relatório preliminar do ONS sobre o apagão aponta que houve uma sobrecarga no sistema da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), ligada à Eletrobras, em Quixadá, no Ceará, e em um local ainda não identificado pelas autoridades. “A Chesf admitiu o erro e que não protegeu o sistema adequadamente nessa linha de transmissão”, declarou Silveira ao comentar o resultado da apuração.
O incidente no Ceará afetou a interligação da rede entre as regiões Norte e Sudeste e gerou uma reação em cadeia que forçou a interrupção do fornecimento de energia no Sul e Sudeste para evitar maiores prejuízos ao sistema.
Luiz Carlos Ciocchi, diretor-geral do ONS, afirmou que o operador irá aprofundar as suas análises para entender as causas do apagão e adotar medidas de segurança para evitar novas quedas na distribuição de energia.
“Tivemos um evento de grandes proporções e uma resposta ativa e adequada. A análise preliminar aponta as causas do ocorrido e agora vamos aprofundar os estudos para redefinir mecanismos de prevenção”, disse Ciocchi.
No programa “Bom dia, Ministro”, do CanalGov, dessa quarta-feira (16/8), o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que a falta de energia ocorreu devido a uma “falha técnica”.
“Estamos buscando as causas desse apagão. Não há razão para esse apagão. A gente tinha mais demanda de energia do que oferta. Não é o caso neste momento. Foi um erro técnico. Uma falha técnica. Espero que possamos dizer à sociedade, o mais rápido possível, o que aconteceu”, disse Rui Costa.
Investigação
Atendendo ao pedido de Alexandre Silveira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB-MA), solicitou a abertura de um inquérito à Polícia Federal (PF) para apurar as causas do apagão.
“A providência é necessária em face da ausência de elementos técnicos, até o momento, que expliquem o que ocorreu. Assim é prudente uma análise mais ampla, inclusive quanto à possibilidade de ilícitos”, escreveu Dino em uma rede social.
Demora para restabelecer a energia
Um dos pontos que devem ainda precisam ser esclarecidos é o motivo da demora em restabelecer o sistema interligado. De acordo com o ONS, a interrupção do fornecimento de energia elétrica aconteceu por volta das 8h31 e foi restabelecido às 14h49.
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A energia foi restabelecida nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste antes das 10h. Por outro lado, no Norte e Nordeste o sistema de distribuição foi restituído por volta das 14h49.
Foram cerca de seis horas para restabelecer a distribuição de aproximadamente 18 mil megawatts (MW) que foram interrompidos por volta das 8h30.