O Globo, um dos maiores jornais do Brasil, escreveu um editorial nesta semana para destacar que a rebelião registrada no Acre, mais especificamente no presídio de segurança máxima Antônio Amaro Alves, no último dia 26 de julho – deixando cinco mortos e alguns feridos -, expõe um grave problema nacional.
CONFIRA NA ÍNTEGRA: Rebelião em presídio no Acre expõe falhas do sistema carcerário do país
O título da publicação anuncia que a “Rebelião em presídio no Acre expõe falhas do sistema carcerário do país”. O texto, por sua vez, que expressa uma opinião do portal, diz que o “o único detalhe que parece não se encaixar no script é que o presídio tinha o selo de segurança máxima” – trazendo à tona a vulnerabilidade do sistema carcerário.
“Durante quase todo o tempo, os rebelados mantiveram como refém um guarda penitenciário, que só foi libertado após negociações árduas com representantes da Secretaria de Segurança. O único detalhe que parece não se encaixar no script é que o presídio tinha o selo de “segurança máxima””, diz um trecho do editorial.
SAIBA MAIS: Polícia investiga se agentes públicos facilitaram rebelião em presídio e dá novos detalhes
“A rebelião no presídio do Acre, que existe há 15 anos e abrigava 99 presos, expõe a vulnerabilidade do sistema carcerário brasileiro. Embora muitos sejam classificados como “de segurança máxima”, na prática ela costuma ser mínima. Não é segredo que telefones celulares, drogas e armas entram com relativa facilidade nesses locais. Num cenário de instalações dominadas por facções criminosas, e com ocupações muito acima de sua capacidade, motins, fugas e massacres são fatos esperados”, continua.
O site destaca também que os presídios brasileiros, com raras exceções, não cumprem sua função.
“Os presos, que deveriam ficar afastados do convívio social, continuam exercendo atividades criminosas de dentro das celas, situação inadmissível — eles controlam o comércio de drogas, ordenam execuções de rivais e comandam atos de terrorismo, como os praticados em março deste ano no Rio Grande do Norte, onde prédios públicos e ônibus foram incendiados para aterrorizar a população. Em vez de solução, os presídios viraram um problema para a segurança pública”, acrescenta.
“Está claro que o sistema que está aí precisa de conserto, como provam sucessivos episódios praticados sob a égide da barbárie. O governo federal precisa rever suas políticas carcerárias em conjunto com os estados. Se num presídio de segurança máxima presos conseguem se amotinar, ter acesso a armas de guerra e desafiar o poder público, o que esperar das outras unidades, que são maioria no Brasil?”, concluiu com um questionamento o editorial.
Polícia segue investigando a causa da rebelião
A Polícia Civil do Acre deu detalhes sobre o andamento das investigações dos crimes ocorridos no interior do presídio Antônio Amaro. O delegado-geral José Henrique Maciel, informou também como estão as investigações.
A Polícia Civil instaurou dois inquéritos para tratar dos homicídios e lesões corporais dentro do presídio e também de como iniciou a rebelião. “O segundo inquérito vai averiguar se houve facilitação por parte de agentes públicos. O inquérito é para apurar a dinâmica do que aconteceu, do início que causou as mortes”, disse.
O inquérito tem até 30 dias para ser concluído, mas havendo necessidade, poderá ser solicitado um período a mais para a finalização. Um dos inquéritos está sob responsabilidade da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), para tratar de homicídios e lesões corporais.