Sob gritos de “fora racista” na galeria, a Câmara Municipal de São Paulo decidiu, nesta terça-feira, cassar o mandato do vereador Camilo Cristófaro (Avante) por causa de uma fala racista. Em maio de 2022, o parlamentar foi flagrado dizendo “é coisa de preto, né?” durante uma sessão da Casa. Foram 47 votos a favor da cassação, cinco abstenções e nenhum voto contrário.
Houve uma ausência e dois vereadores foram impedidos de votar: o próprio Cristófaro e a vereadora Luana Alves (PSOL), responsável pela representação que gerou a cassação.
A cassação já havia sido aprovada pela Corregedoria e pela Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa (CCJ) em agosto. Este foi um dos primeiros caso de cassação por racismo no país. Com a decisão, Cristófaro fica inelegível por oito anos.
Em julho, a Justiça absolveu criminalmente o vereador da acusação de racismo. O juiz Fábio Aguiar Munhoz Soares, da 17ª Vara Criminal da capital, afirmou que não ficou demonstrada “a consciência e a vontade de discriminar” do político.
Foi uma sessão marcada por protestos na galeria do plenário. Um dos advogados de Cristófaro questionou, logo no início, se a votação poderia ser realizada de forma híbrida — parte dos vereadores estava presencialmente na galeria, enquanto outros participaram por vídeo — alegando que apenas matérias relacionadas à Covid-19 poderiam ser votadas desta maneira. O presidente Milton Leite afirmou que a questão estava superada e destacou que o regimento da Casa prevê a possibilidade dos vereadores marcarem presença de forma remota. Em outros momentos, houve discussões acaloradas entre os presentes.
Em sua fala, Camilo Cristófaro acusou as pessoas que estavam na galeria protestando e segurando faixas contra ele de terem recebido dinheiro e cesta básica para estarem ali, o que gerou gritos e vaias dos presentes. O presidente Milton Leite chegou a pedir que o vereador não desrespeitasse as pessoas que estavam assistindo.