Um problema conhecido da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), voltou a ser denunciado por lideranças no Acre. Desta vez, durante entrevista concedida ao ContilNet, nesta sexta-feira (1), enquanto aguardava a chegada da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, o coordenador do órgão no Vale do Juruá, Eldo Shanenawa, comentou sobre a situação.
No Juruá, são 12 povos diferentes em 28 Terras Indígenas, na jurisdição de 8 municípios. Segundo ele, atualmente, apenas 4 funcionários precisam se dividir na gestão, fiscalizando e monitorando todas essas comunidades.
“Nós temos poucos servidores. Esse é o maior desafio. Para você ver o tamanho da responsabilidade, temos 4 servidores para acompanhar isso tudo”.
Eldo lembrou ainda o debate em relação ao Marco Temporal, que tramita no Supremo Tribunal Federal e no Senado Federal. “Caso aprovado, vai trazer muito mais invasões e extermínio do povo indígena. No Acre não vai ser diferente, porque fazemos parte do Brasil”.
O coordenador aproveitou para falar sobre mais um desafio: o valor do orçamento destinado ao órgão no Acre pelo governo federal. Segundo ele, o valor é o mesmo do destinado pelo ex-governo Jair Bolsonaro, criticado pela falta de políticas públicas em prol da defesa dos povos indígenas.
“O que o governo passado podia fazer contra os indígenas ele fez. Primeira coisa foi querer extinguir a Funai. O que ele pode tirar ele fez”, opinou.
Shanenawa finalizou dizendo que a Funai no Acre não tomará decisões sozinha, que o órgão trabalha apenas na fiscalização e acompanhamento das políticas indígenas. “É o povo quem vai definir. Cada um tem a própria organização, associação”.