Uma parte da ancestralidade musical amazônica, os baques acreanos são tema de vídeo documentário produzido para o Plano Nacional de Salvaguarda das Matrizes Tradicionais do Forró. O projeto é realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Acre (Iphan-AC), com parceria com diversas instituições.
O trabalho deve ser concluído em novembro com o lançamento do vídeo documentário, que tem como protagonistas meses e mestras do município de Tarauacá (AC) e conta com a parceria do Instituto Baquemirim, organização da sociedade civil que desenvolve trabalhos de pesquisas sobre a manifestação cultural.
Cultura seringueira
No Acre, as Matrizes Tradicionais do Forró possuem formas de expressão próprias, desenvolvidas nos seringais a partir da tradição dos migrantes nordestinos, com a influência da musicalidade indígena da tríplice fronteira (Brasil, Peru e Bolívia), segundo o site do governo federal. “O termo ‘baque’ é utilizado pelos indígenas e imigrantes nos seringais desde o início do século XX, designando determinado ritmo musical ou característica rítmica pessoal de um músico”, explica o musicólogo e coordenador do Instituto Baquemirim, Alexandre Anselmo.
De um modo geral, as Matrizes Tradicionais do Forró no Acre remetem à própria história do povoamento da região e à identidade dos indígenas e seringueiros, que deixaram um importante legado na cultura e identidade locais.
As práticas musicais recebidas do Norte e Nordeste mais conhecidas são o xote, a valsa, o xerém, a mazurca e o carimbó, juntamente com as práticas culturais como o forró, a marujada, o boi bumbá e a desfeiteira. Além dessas, também existem os baques de samba e a marcha, assim denominados pelos colonizadores, mas que apresentam em seus elementos a predominância da musicalidade dos povos pano, aruak e arawá.
Os detentores do baque são os artistas que antigamente animavam as festas nos seringais. Por décadas, músicas autorais foram compostas neste contexto, retratando a vida nas florestas e nos seringais acreanos. Os seringueiros também criaram instrumentos musicais únicos, confeccionados com o uso do látex na produção de peles para tambores, por exemplo.
O projeto de produção audiovisual foi executado pelo Instituto Baquemirim e conta com recursos do Iphan, do Governo do Acre, por meio da Fundação de Cultura Elias Mansour (Fem) e da Secretaria de Estado de Comunicação. Também recebe investimentos da Prefeitura Municipal de Tarauacá, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.