O advogado Hery Kattwinkel (foto em destaque), que defendeu um dos réus condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, gerou polêmica no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) nessa quinta-feira (14/9). Além de endossar discursos de ódio e atacar os ministros da Corte, o defensor ainda confundiu a obra de O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, com O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. Ele ainda atribuiu erroneamente uma fala do poeta Romano Ovídio, da coleção de poemas Heroides, a Maquiavel.
“Como diz O Pequeno Príncipe, os fins justificam os meios”, afirmou Kattwinkel na tarde de quinta-feira (14/9), segundo dia do julgamento dos atos golpistas de 8 de janeiro.
O ministro Alexandre de Moraes corrigiu o advogado. “Realmente é muito triste (…) confundiu O Príncipe, de Maquiavel, com O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, que são obras que não têm absolutamente nada a ver”, disparou Moraes.
Diferenças entre as obras
Mais de quatro séculos separam a obra de Maquiavel de Antoine de Saint-Exupéry. O Príncipe veio primeiro, em 1532, durante o Renascimento, e é considerada uma obra fundamental na filosofia, além de um clássico da política moderna, que revela estratégias astutas e realistas para o exercício do poder.
Nele, Maquiavel argumenta que a moralidade e a ética devem ser colocadas de lado em favor da estabilidade e do sucesso do Estado. Ele descreve a política como uma arena onde as ações necessárias podem ser cruéis e impopulares, desde que sirvam aos interesses do governante e do Estado. Modernamente, a obra foi resumida na frase “os fins justificam os meios”.
Já o O Pequeno Príncipe, publicado em 1943, é uma fábula poética que combina elementos de conto de fadas e filosofia. A história gira em torno de um piloto de avião que cai no deserto do Saara e encontra um pequeno príncipe, um ser cósmico que viaja entre planetas em busca de conhecimento e experiências.
Por meio das conversas entre o piloto e o pequeno príncipe, o autor explora temas profundos, como a natureza humana, a solidão, a amizade e a busca pelo significado da vida. Exupéry também apresenta uma série de personagens peculiares que o pequeno príncipe encontra em sua jornada, cada um representando uma faceta diferente da sociedade e da condição humana.
Uma das mensagens mais famosas do livro é a famosa frase: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, que ressalta a importância dos laços afetivos e da responsabilidade que temos pelos outros. A história é uma reflexão poética sobre a infância, a inocência e a importância de ver o mundo com os olhos do coração.