A campanha para eleger os futuros prefeitos e vereadores em 2024 nunca esteve tão explícita. Em Rio Branco, ao menos cinco candidatos ao cargo de prefeito já fazem suas articulações alinhavando partidos em torno de si e gastando sola de sapato nos bairros mais populosos. O secretário, Alyson Bestene, titular da Secretaria de Estado de Governo (Segov) é um dos que mais tem andado por Rio Branco. Ele não perde um ato oficial. Também tem sido visto com frequência em visita aos demais secretários, assessores e servidores públicos do estado.
Coringa
Alysson Bestene é um dos homens de confiança extrema do governador Gladson Cameli. A maioria dos abacaxis que atormentam a Corte vem sendo descascados por ele. O mais recente e que vem causando muita dor de cabeça a Cameli é o caso da reintegração de posse da ocupação batizada como Terra Prometida, onde centenas de famílias organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) tiveram que obedecer a uma ordem judicial e deixar os lotes invadidos.
Covid
Alysson também soube administrar com maestria a maior e mais cruel crise sanitária da história do Planeta, a pandemia do Coronavirus, que deixou mais de 700 mil mortos em todo o país e cerca de 16 milhões em todo o mundo.
Ciência
Apesar do alinhamento do governo do Acre com o então presidente Bolsonaro, Alysson e o governador se mantiveram distantes do negacionismo presidencial e foram dos primeiros a defender a ciência e a incentivar as vacinas assim que elas foram disponibilizadas.
Apoios
Há alguns meses Alyson Bestene vem recebendo declarações de apoio da presidente do diretório municipal do Progressista, Socorro Neri, a deputada federal mais votada das eleições passadas. A vice-governadora Mailza Assis, um dos pilares mais fortes do governo, disse em entrevista ao ContilNet que iria apoiar o candidato apontado pelo governador Gladson Cameli, que já fez declarações afirmando que Alyson poderá ser seu candidato a prefeito de Rio Branco.
Expertise
O ex-deputado Luiz Calixto, temido orador da oposição ao PT em seus tempos áureas na tribuna da Aleac, é um dos articulares que mais se empenham para alavancar o nome de Alysson Bestene. Subsecretário de Governo, Calixto foi um dos últimos a compor a equipe, mas se consolidou no núcleo duro do governador Gladson Cameli, onde estão seus assessores de maior confiança.
Conflitos
No caso da reintegração da Terra Prometida, foi Luiz Calixto quem colocou sua cara à tapa nas reuniões com o Poder Legislativo e no contato direto com as lideranças do movimento. Foi para ele que a deputada Michelle Melo apontou o dedo quando disse que não iria puxar saco de secretários.
Cargo novo
De acordo com fontes que frequentam o núcleo duro do Governo, antes que termine 2023, Alysson deverá ser designado para assumir um importante órgão de onde irá comandar grandes obras e assim melhorar sua colocação nas pesquisas de opinião pública. É só o que falta, segundo estas fontes, para que que o Segov comece a demonstrar competitividade. Lembrando que o atual favorito, Marcus Alexandre, começou do zero, na presidência do Deracre.
Cartas na manga
Embora esteja praticamente sendo descartado pelos Progressistas, que desconfiam de seu potencial para a reeleição, o prefeito Tião Bocalom tem muitas cartas nas mangas. Quando ele começar a aplicar com mais agilidade os R$ 400 milhões que diz ter nas contas da Prefeitura, a capital acreana deverá ferver de obras às vésperas do pleito de 2024.
Trabalhando
Conhecido como pão duro, mão de vaca, muquirana e outros sinônimos de pessoas que não gostam de gastar dinheiro, Bocalom já retirou parte da poupança e vem desenvolvendo obras de pequeno porte, mas impactantes na periferia da cidade. Bairros como o Jardim Primavera, que era apenas uma pequena invasão, localizado entre o Tucumã e a estrada Dias Martins, está sendo asfaltado e recebendo pintura nova em todos os seus meios-fios.
Merenda
Nas escolas municipais da capital, não se ouve reclamação quanto à merenda escolar, que atende cerca de 20 mil alunos. Em conversa informal com professores de pelo menos sete escolas, o ContilNet só ouviu elogios. “Nossos alunos têm sido muito bem alimentados, com produtos de boa qualidade”, disse um professor.
Faxina
A limpeza nas ruas da cidade, também é outra prioridade na atual administração. Na maioria dos bairros, pode-se notar o cuidado com os parques, como o do Tucumã, um dos maiores e mais frequentados da capital. São 21 equipes trabalhando nas ruas, de onde já retiraram quase 60 mil toneladas de entulhos.
UBS
Bocalom também tem investido bastante na área de saúde. Neste ano, vários centros de lazer e academias ao ar livre foram inaugurados. Já não se ouve as costumeiras reclamações sobre falta de medicamentos nas unidades básicas de saúde.
Bikes
Ações como a cicleata “Pedala Rio Branco”, realizada no fim de agosto, também têm ajudado muito a alavancar a popularidade do prefeito Bocalom. O evento teve a adesão de aproximadamente 500 ciclistas que, além da festa que movimentou a Capital, propiciaram a arrecadação de quase meia tonelada de alimentos que foram doados ao Educandário Santa Margarida e Lar dos Vicentinos.
No topo
Em todas as pesquisas de opinião pública o nome do engenheiro civil Marcus Alexandre, 46 anos, aparece como sendo o favorito para assumir a vaga de Bocalom em 2025. Marcus estreou na política em 2012, lançado pelo PT com a difícil missão de substituir Raimundo Angelim que fizera dois mandatos irretocáveis entre 2005 e 2012. Eleito, governou Rio Branco com muito zelo e rapidamente conquistou a opinião pública sendo reeleito em 2016, quando foi o único prefeito de Capital eleito pelo PT, numa época em que a legenda estava mais desgastada que sola de candidato por conta do impeachment de Dilma Rousseff.
Soldado
Se ouvisse a voz de sua própria sabedoria, Marcus Alexandre teria cumprido seu segundo mandato até o final e esta história teria outra configuração, mas renunciou para seguir as diretrizes dos caciques do PT, como bom solado, e disputou o governo do Estado em 2018, sofrendo uma derrota acachapante para Gladson Cameli (PP).
Memória
Nas eleições de 2018, Marcus Alexandre obteve 34,54% dos votos válidos (144.071 votos) e acabou sendo derrotado já no primeiro turno pelo então senador Gladson Cameli (PP), eleito governador com 53,71% dos votos válidos (223.993 votos), quase o dobro.
Adeus
Decidido a conduzir seu próprio destino político, Marcus Alexandre se despediu do PT e aderiu ao MDB buscando um abrigo robusto e sem os estigmas do partido de Lula, que nunca foi bem visto no Acre, apesar das benesses que nunca recusou ao Estado. Desta forma, o partido de Flaviano Melo e dos cabeças brancas da política acreana ganhou juventude e força e o jovem Marcus ganhou tradição e militância incondicional.
PSD
No final desta semana, Marcus Alexandre também foi recebido com festa pelo PSD, do senador Sérgio Petecão. O evento ocorreu na “casa amarela”, famosa tenda do senador, onde dezenas de militantes e lideranças políticas marcaram presença e estudam apoio. Petecão também almejava a filiação de Marcus, mas perdeu a parada para o MDB e agora ainda avalia a possibilidade de integrar uma frente de partidos de centro-esquerda liderada por Marcus para enfrentar Alysson (Gladson) e Bocalom.
Pé-rachado
Marcus Alexandre é natural de Ribeirão Preto (SP), mas mora há 24 anos no Acre, ou seja, mais da metade de seus 46 anos, tem suficiente para beber da água e trincar os pés. Antes de ser presidente do Deracre, foi secretário adjunto de Planejamento do Estado, coordenando as operações com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Cabeça preta
O deputado estadual Emerson Oliveira Jarude Thomaz, 34 anos, deixou o MDB recentemente para se filiar ao Partido Novo. Ele não encontrou apoio na sigla para disputar a prefeitura de Rio Branco nas eleições do próximo ano. O jovem parlamentar saiu reclamando dos “cabeças brancas”, que, segundo ele, estão se alinhando com a esquerda.
Calo
Emerson Jarude se elegeu vereador em 2020 dizendo que exerceria um mandato independente. Durante quase três anos foi um calo bem espremido no pé do prefeito Tião Bocalom, sempre criticando duramente sua administração.
Carreira
Advogado, formado pela Universidade Federal do Acre, apesar da pouca idade Jarude já trabalhou em órgãos como o Detran, Defensoria Pública, Sebrae, Tribunal de Justiça, Correios e Procuradoria Geral do Estado.
Coronel Ulisses
Correndo por fora, mas com bastante entusiasmo está o deputado federal coronel Ulysses Freitas Pereira De Araújo, que vai comemorar 51 anos daqui a exatamente um mês, em 19 de outubro. O militar reformado conta com uma boa equipe de comunicação e mantém uma atuação bastante consistente nas redes sociais.
Ecletismo
Natural de Cruzeiro do Sul, Ulysses já foi militante do PSDB e integrou o governo do petista Tião Viana, mas foi eleito em 2022 pelo PSL de Jair Bolsonaro e hoje integra o União Brasil dos senadores Márcio Bittar e Alan Rick.
Dissenso
Embora o senador Alan Rick já tenha lançado Ulysses publicamente para concorrer à Prefeitura em 2024, seu nome ainda não é consenso. O partido está por decidir se lança um nome próprio ou articula uma ampla aliança de direita com força demolidora suficiente para encarar a máquina de Bocalom, a força de Alysson/Gladson e a aliança de centro-esquerda liderada pelo MDB.
Carreira
Eleito deputado federal com 21.075 votos, o coronel Ulysses foi subcomandante da Polícia Militar do Acre na gestão de Tião Viana; comandante do BOPE e fundador da COE e do GEFRON. Formado em Direito pela Universidade Federal do Acre (Ufac), é mestre em Segurança Pública e Pós-graduado em Direito Civil, Direito Penal e Processual Militar e Gestão Superior de Polícia.
Cargos
Membro fundador do Comando de Operações Especiais (COE), comandou o Bope, o Batalhão Motorizado, 3º BPM, 5º BPM, 6º BPM (Cruzeiro do Sul), e CPO 1 e CPO 3. Possui curso de Formação de Oficiais na PM do Pará, de Aperfeiçoamento de Oficiais da PM de Alagoas, e curso Superior de Polícia na PM do Ceará.
Swat
Possui, ainda, diversos cursos de especialização policial e militar nas áreas de Guerra na Selva (CIGS), SWAT, Contraterrorismo, Operações e Táticas Especiais e Direitos Humanos realizados em Portugal, Espanha, França, Itália, Israel e Estados Unidos.