Na última terça-feira (19/9), o Grammy Latino anunciou os artistas indicados à sua 24ª edição. Entre os brasileiros da lista, um nome pouco conhecido, mas cuja potência conquistou a Academia Latina da Gravação: o de Natascha Falcão. A pernambucana de 35 anos, e menos de 15 mil seguidores nas redes sociais, foi a única brasileira a conquistar um lugar na concorrida categoria de Artista Revelação, com o disco Ave Mulher. O álbum mistura sonoridades nordestinas como coco, ciranda, maracatu, frevo e referências do Mangue Beat.
Natascha descobriu a paixão pela música ainda criança, na escola, durante as aulas de teatro. Em 2013, ela se mudou para o Rio de Janeiro, onde integrou a banda Pirarucu Psicodélico, formou-se em dança e começou a pensar na carreira solo, que se concretizou em 2019, com o EP Kitsch.
Para além da discografia solo, ela vem se destacando no elenco feminino do show Viva Gal, idealizado em tributo à cantora Gal Costa (1945-2023), junto às cantoras Janamô, Juliana Linhares, Kátia Jorgensen, Maíra Garrido, Simone Mazzer e Taís Feijão.
Em entrevista ao Metrópoles, Natascha contou que não foi não só o grande público que ficou surpreso com sua indicação. Embora a disputa a um dos maiores prêmios já constasse na lista de desejos da cantora a realizar, ela não imaginava nem em seus “melhores sonhos” que seria realizado agora, com um LP de estreia.
“Meu selo, Biscoito Fino, inscreveu meu trabalho igual ao de todo mundo que lançou trabalho naquele período de tempo do ano que é elegível para concorrer ao Grammy. Quando acordei na terça meu telefone estava bombando e eu me perguntei: ‘O que está acontecendo?’”, contou Natascha.
“Fiquei fora do ar uns dois dias, pensando o quanto isso é isso é gigante, principalmente por eu ser uma nordestina, que fez um álbum independente, na raça, nesses tempos dilatados da pandemia”, emociona-se Natascha Falcão, antes de agradecer todos os parceiros musicais. “Esse trabalho existe graças à dedicação de muitas pessoas. Eu não tenho nenhum patrocínio, nada. O meu clipe foi pago com dinheiro dos meus shows, dinheiro suado. Ainda estou devendo”, confessa ela.
Natascha foi escolhida entre centenas de artistas e, independentemente de ganhar a estatueta, já escreveu seu nome na história. A pernambucana foi convidada a cantar na cerimônia privada que será realizada em Sevilha, na Espanha, em 13 de novembro. “Vai ter um evento lá especial para os novos artistas e eu vou cantar. Meu coração tá explodindo de felicidade”, celebra.
Com a projeção do Grammy, Natascha espera viajar pelo país com as potentes performances de Ave Mulher. “As propostas estão aparecendo”, diz a cantora, que já está negociando datas em São Paulo e no Rio. “Estão aparecendo alguns festivais, muitas entrevistas e também tem a troca com as pessoas que sempre me seguiram, com as que estão conhecendo meu trabalho agora. E essa coisa, essa celebração coletiva é muito gostosa. Ver as pessoas, por exemplo, de Pernambuco, dizendo ‘ela é nossa’, sabe?”, celebra.