A severidade da seca nos rios da Amazônia, que tem sido a causa da mortandade de peixes nos rios Acre e de uma espécie de golfinhos no Amazonas, um recorde em relação a fenômenos anteriores, deve se estender até o mês de janeiro do ano que vem. A previsão é do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao governo federal.
O Acre, o principal manancial a abastecer a maioria da população do Estado que leva o nome do rio, que marcou 1,43 metro nesta sexta-feira (29) na capital Rio Branco, o Saerb (Serviço de Águas e Esgotos de Rio Branco), a seca terá que levar o órgão firmar convênio com universidades para realizar estudos do solo de Rio Branco para perfuração de poços artesianos em toda a cidade, informou a diretoria da autarquia municipal. O Rio Acre é a única fonte de água para a Capital Rio Branco e está há 40 dias abaixo de 2 metros. O Saerb estima que pelo menos 17 mil pessoas já estão atingidas pelo desabastecimento de água.
De acordo com o tenente coronel Cláudio Falcão, da Defesa Civil Municipal, responsável pela Operação Estiagem, a estimativa é que o órgão já tenha atendido cerca de quatro mil famílias em 27 comunidades nas zonas urbana e rural de Rio Branco, com o abastecimento de água potável em carros-pipas “Mas a necessidade só aumenta”, disse..
As causas são as altas temperaturas e o clima seco, sem chuvas, que acabam dificultando o abastecimento de água em bairros da zona urbana, mas mais ainda na zona rural de Rio Branco, onde a água potável tem sido levada de caminhão desde julho deste ano, uma vez que o abastecimento perene depende exclusivamente do Rio Acre.
A previsão de órgãos governamentais é que, na Amazônia, este ano, a seca seja tão intensa como foi em 2015/2016, ou até mesmo quebre o recorde passado. De acordo com em medições da Agência Nacional de Águas (ANA), uma situação preocupante em diversos rios na região, com uma previsão pessimista para os próximos três meses.
Trechos de rios importantes, como o Negro e o Solimões, formadores do rio Amazonas, devem ter vazões abaixo da média histórica, além de outros igualmente cruciais, como Madeira, Juruá, Purus e Xingu.
Os bancos de areia, que a cada dia que passa ficam mais visíveis e extensos, devem aumentar de tamanho. Além da navegação, os desdobramentos podem ser sentidos na pesca, na agricultura e no equilíbrio ambiental.
Assim como há oito anos, a seca de agora é agravada pela atuação do El Niño , que é o aquecimento anormal do Pacífico equatorial. Para piorar, além de o El Niño estar mais forte neste ano, seus efeitos estão potencializados pelo aquecimento do Atlântico Tropical Norte, aponta a ANA..
Apesar de os reflexos dos dois fenômenos ocorrerem em regiões diferentes da Amazônia, o aquecimento das águas do oceano desencadeia um mecanismo de ação similar sobre a floresta: a redução de chuvas na região, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Com isso, o início do período de chuvas, que deveria ser em novembro, vai atrasar.