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Arábia Saudita cria “Copa do Mundo” de esports

Por Ge

Príncipe da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, ao lado do presidente da Fifa, Gianni Infantino, durante anúncio da Copa do Mundo de esports — Foto: Saudi Press Agency/via REUTERS

Príncipe da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, ao lado do presidente da Fifa, Gianni Infantino, durante anúncio da Copa do Mundo de esports — Foto: Saudi Press Agency/via REUTERS

Príncipe da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, ao lado do presidente da Fifa, Gianni Infantino, durante anúncio da Copa do Mundo de esports — Foto: Saudi Press Agency/via REUTERS

O governo da Arábia Saudita anunciou a criação de uma Copa do Mundo de esportes eletrônicos, com diversas modalidades e premiações que prometem ser as maiores da história dos esports. O príncipe Mohammed bin Salman, que comanda o regime ditatorial saudita, fez o anúncio nesta segunda-feira durante a realização da conferência The New Global Sport Conference.

A Copa do Mundo será realizada anualmente em Riade, capital da Arábia Saudita, a partir do verão de 2024, organizada pela Esports World Cup Foundation, uma nova entidade sem fins lucrativos criada com o objetivo de impulsionar os esports.

— A Copa do Mundo de Esports é o próximo passo natural na jornada da Arábia Saudita para se tornar o principal centro global de jogos e esportes eletrônicos, oferecendo uma experiência de esportes eletrônicos incomparável que ultrapassa os limites da indústria — declarou o príncipe saudita em comunicado à imprensa.

Bin Salman participou da conferência ao lado do presidente da Fifa, Gianni Infantino, e do jogador de futebol Cristiano Ronaldo, contratado do clube saudita Al-Nassr.

Os detalhes da Copa do Mundo ainda não foram divulgados, mas são esperados para serem anunciados em breve. Segundo o comunicado desta segunda-feira, os mais populares games do mercado farão parte do evento. Não se sabe ainda o valor da premiação.

O investimento pesado nos esports, que já incluiu a compra das organizadoras de campeonatos ESL e FACEIT e a promoção do Gamers8 com premiação de US$ 45 milhões (equivalentes a cerca de R$ 225 milhões), faz parte do plano da Arábia Saudita de diversificar a economia, estimular o turismo e tentar melhorar a imagem do país perante a comunidade internacional.

O Gamers8, que será sucedido pela Copa do Mundo de esports, teve campeonatos em 12 modalidades: Fortnite, Tekken 7, FIFA 23, PUBG, PUBG Mobile, Rainbow Six, DotA 2, R1, StarCraft 2, Street Fighter 6, Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO) e Rocket League.

A Arábia Saudita é uma monarquia absolutista liderada pelo rei Salman bin Abdulaziz, cuja base da economia é o petróleo, mas que é comandada efetivamente pelo príncipe herdeiro.

O governo saudita é alvo de críticas por uma série de prisões, julgamentos, torturas e execuções de opositores, ativistas e jornalistas, inclusive em espaços públicos, e por proibições que limitam os direitos das mulheres no país. Além disso, a homossexualidade é considerada crime por lá, com pena de morte para quem pratica atos sexuais com uma pessoa do mesmo sexo.

O príncipe Bin Salman é acusado pela inteligência dos Estados Unidos de ter mandado matar o jornalista Jamal Khashoggi, crítico ao regime, dentro da embaixada saudita em Istambul, na Turquia, em 2018.

O avanço do governo saudita sobre os esports já causou polêmica em 2020, quando a Riot Games anunciou que a LEC, a liga europeia de League of Legends, teria patrocínio da NEOM, uma cidade planejada transnacional localizada na região fronteiriça entre Arábia Saudita, Egito, Jordânia e Israel. Fãs reagiram com indignação e até mesmo casters da empresa detonaram a decisão, já que a LEC é reconhecida por apoiar a causa LGBTQIA+.

No dia seguinte, a organização da LEC recuou e encerrou a parceria com a NEOM. Dias depois, a organizadora de campeonatos BLAST, que também havia anunciado patrocínio do projeto, desistiu.

Dois anos depois, em julho de 2022, o jornal norte-americano The Wall Street Journal revelou que o CEO da NEOM, Nadhmi al-Nasr, ameaçou atirar em funcionário durante uma reunião após a Riot e a BLAST cancelarem os acordos devido à péssima repercussão na comunidade de esports.

Em janeiro de 2022, a Savvy Gaming Group, empresa de games e esports bancada pelo fundo soberano saudita, anunciou a compra da ESL e da FACEIT, duas da maiores e mais importantes companhias de esports do mundo, e as uniu em uma só.

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