Carros voadores de uso privado já estão à venda nos Estados Unidos

O eVTOL da Lilium tem espaço para seis pessoas, além do piloto

O futuro chegou: pessoas físicas já podem comprar um “carro voador”, nome popular para “eVTOL”, ou seja, veículos elétricos de decolagem e pouso vertical. O Lillium Jet, desenvolvido pela empresa alemã de mobilidade aérea Lilium, está à venda nos Estados Unidos por cerca de U$ 10 milhões, ou mais de R$ 50 milhões.

Para a desenvolvedora, o anúncio é o primeiro passo para desbloquear o mercado de aviação privada dos EUA e segue a estratégia comercial da Lilium de começar no mercado premium antes de expandir para o mercado de companhias aéreas e transporte de passageiros, como tem feito outras empresas que investem eVTOLs, como a brasileira Embraer.

O eVTOL da Lilium tem espaço para seis pessoas, além do piloto
Imagem: Divulgação
O

O Lilium Jet estará disponível todo Estados Unidos, mas o foco inicial será nas principais cidades do Texas, como Austin, Houston, San Antonio e Dallas, alinhando-se ao compromisso do Texas com a sustentabilidade, oferecendo opções de transporte eficientes e ecológicas para residentes e visitantes.

Apesar das vendas abertas, ainda não existe regulamentação para uso desse tipo de veículo no país. A Lilium também não divulgou a previsão de entrega do seu jato de decolagem e pouso vertical elétrico. Segundo a empresa, ele foi projetado para oferecer capacidade de ponta, baixo ruído e alto desempenho com zero emissões.

O que é um eVTOL?

O termo “eVTOL”, nome oficial dos “carros voadores”, refere-se a “Electric Vertical Take-Off and Landing”, ou seja, veículos elétricos de decolagem e pouso vertical. Essa tecnologia descreve a capacidade de uma aeronave de decolar e pousar verticalmente, sem a necessidade de uma pista de decolagem ou aterrissagem. A verdade é que essa descrição – e até a aparência – lembra muito mais um helicóptero do que, de fato, um carro.

A semelhança com o possante que temos hoje na garagem, no entanto, está no conceito. Embora os helicópteros também possuam capacidade de decolagem e pouso vertical, o termo “carro voador” é geralmente usado para descrever a próxima geração de veículos de transporte pessoal que estão sendo desenvolvidos com tecnologia avançada, como propulsão elétrica, automação e sistemas de gerenciamento de tráfego aéreo. Assim como os carros, eles são planejados, principalmente, para a locomoção urbana, também são uma estratégia para pôr fim ao trânsito caótico das cidades, tal como nos filmes de ficção científica. Portanto, seria mais uma evolução dos automóveis do que das aeronaves.

Já a diferença principal entre os eVTOLs e os helicópteros tradicionais está na tecnologia empregada. Os eVTOLs estão sendo projetados para serem mais eficientes, sustentáveis e silenciosos em comparação com os helicópteros – que atualmente são uma opção apenas para milionários. Os novos veículos geralmente apresentam múltiplos rotores ou hélices distribuídos em sua estrutura, o que permite um voo mais estável e seguro, além de uma redução significativa do ruído em relação aos helicópteros com apenas um rotor principal.

Outro detalhe importante: a ideia é que o eVTOL faça percursos curtos, entre 16 e 48 km, e menos de 20 minutos.

Como o Brasil está inserido neste contexto?

Para os amantes de tecnologias, uma boa notícia. O Brasil está completamente inserido no contexto dos carros voadores. A Eve Air Mobility, subsidiária da Embraer e uma das maiores desenvolvedoras desse tipo de veículo, anunciaram a construção de sua primeira fábrica em Taubaté (SP). A parceria entre as duas brasileiras já conquistou 2,8 mil intenções de compra pelo mundo.

O eVTOL da Eve tem uma autonomia de 100 quilômetros, outra característica é a ausência de ruído das hélices comparado a um helicóptero ou avião. A proposta é que, por enquanto, ele não seja um transporte individual, como o modelo à venda nos Estados Unidos, mas algo parecido com táxis e veículos de aplicativo. Em entrevistas em todo o mundo, os executivos da Eve afirmam que será comparável ao valor de um corrida de aplicativo com a mesma distância, e a principal razão é a ausência do custo com combustível, já que será elétrico. Segundo a empresa, o custo da viagem por pessoas é seis vezes menor do que em um helicóptero. Esses veículos também são projetados para, em um segundo momento, serem operados de forma autônoma ou semiautônoma.

A aeronave tem oito hélices dedicadas para voo vertical e asas fixas para voo em cruzeiro, sem alteração na posição desses componentes durante o voo. O conceito mais recente inclui um empurrador elétrico alimentado por motores elétricos duplos que fornecem redundância de propulsão, para garantir segurança.

A empresa planeja iniciar a montagem de seu primeiro protótipo eVTOL em escala real ainda em 2023, enquanto os testes serão realizados em 2024.

Aonde vão circular?

A Eve tem uma parceria firmada com a Voar Aviation, que encomendou centenas de carros voadores. A empresa já comentou sobre suas intenções de expandir a atuação para diversas regiões do Brasil, como São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Vitória, Florianópolis, Camboriú, Fortaleza, Natal, Recife e Salvador. Em todo o mundo, a startup brasileira já fechou acordo com países da Europa, Estados Unidos, Quênia, Singapura, Dubai, Austrália, entre outros.

Se depender da Embraer e da Eve, em apenas três anos, os brasileiros já poderão fazer pequenos trajetos em carros voadores em cidades como o Rio de Janeiro, e até 2035 o meu de transporte já será parte do dia a dia. “Espera-se que o mercado cresça rapidamente e, em 2035, o Rio de Janeiro poderá ter até 37 vertiportos [pontos de pouso] e 245 eVTOLs.

Em um futuro próximo, espera-se que 4,5 milhões de passageiros viajem em mais de 100 rotas anualmente na região metropolitana do Rio de Janeiro, gerando cerca de 7 mil empregos diretos e indiretos e US$ 220 milhões em receita anual”, diz a empresa em um documento sobre o projeto de mobilidade aérea da capital carioca. Em todo o mundo, a expectativa é que, até 2035, 23 mil carros voadores estejam operando em grandes cidades.

PUBLICIDADE