O Departamento da Polícia Técnico-Científica do Acre liberou o primeiro corpo do acidente aéreo que matou 12 pessoas em Rio Branco, no Acre, no último domingo (29). Pela manhã, foi repassado que não havia prazo para a liberação dos corpos, mas, de acordo com o Instituto Médico Legal, a identificação de Jamilo Motta Maciel, de 27 anos, foi possível pela arcada dentária. A vítima era natural de Eirunepé, no Amazonas, e completaria 28 anos em 24 de dezembro.
No site oficial da Polícia Civil, o diretor-geral do Departamento de Polícia Técnico-Científica, Mário Sandro Martins, informou que nas próximas 48 horas outros sete corpos devem ser liberados também pela identificação da arcada dentária e os outros pelo exame de DNA.
Jamilo era cirurgião dentista e mantinha uma clínica na cidade de Eirunepé ao lado da sua esposa, também dentista, Gleyciane Maciel. Os dois têm uma filha. Nas redes sociais, ele mostrava o dia a dia como marido, pai e dentista. A última postagem, datada em 25 de agosto, foi uma homenagem à filha. “Eu te amo”.
O voo era particular, da empresa ART Taxi Aéreo, e decolou de Rio Branco com destino a Envira, no Amazonas. O advogado da empresa, Thiago Abreu, informou que a empresa está dando o suporte para a família e que o traslado deve ser na quarta-feira (1).
“Nesse primeiro caso de liberação e, especificamente neste caso, os familiares pediram que o traslado seja feito somente na quarta-feira [1]. Estamos prestando toda assistência funeral, apoio psicossocial, transporte, alimentação e acomodação de todos os familiares”, disse.
Começaram a chegar em Rio Branco, nesta segunda-feira (30), os familiares de quatro das 12 vítimas que morreram na queda de uma aeronave. Eles foram recebidos por uma equipe da Secretaria de Saúde do estado (Sesacre). Bastante emocionados, eles não falaram com a imprensa.
Identificação
Na aeronave estavam seis homens, três mulheres e uma criança de 1 ano e 7 meses, além do piloto e do copiloto.
Por causa do estado de alguns corpos, a perícia tenta a identificação por meio de DNA e auto-reconhecimento. O diretor-geral do Departamento de Polícia Técnico-Científica, Mário Sandro Martins, informou que já foram coletadas amostras dos restos mortais das vítimas.
“A Polícia Civil, na sua área técnico-científica, está focando nesse trabalho, deixando outros trabalhos secundários, com a intenção de poder dar uma resposta o mais rápido possível para os familiares. Prazo, não temos como dar, mas o nosso trabalho é para que seja o mais breve possível. Para identificação técnico-científica, nós estamos trabalhando com o auto-reconhecimento dessas vítimas, que é por meio de características antropológicas, com alguns dados particulares de cada vítima. Por mais que o estado delas esteja bem complicado, o IML consegue identificar se tinha uma prótese, uma placa de cirurgia, implantação de pino, ou outras coisas particulares, como cordão, relógio, que possa então a família dizer que eles usavam esses pertences”, afirmou o diretor.
Martins disse ainda que foi feito uma reunião nesse domingo com os familiares das vítimas e área técnica do IML, e iniciada entrevista individual com cada parente para obter informações que auxiliem na identificação. “Com esse reconhecimento, nós podemos liberar esses corpos quando for possível, mas todos vão ter que passar pelo exame de DNA, já foram coletadas amostras desses corpos.”
O diretor disse que alguns familiares das vítimas, que são de Eirunepé e Envira, no Amazonas, ainda estão chegando na capital acreana.
“Muitos não vão poder vir, devido às condições e estamos entrando em contato com eles para obter informações e também para obter as amostras biológicas deles para fazer o confronto de DNA, estamos entrando em contato com a área da saúde desses municípios para que eles possam então colher essas amostras e enviar para nós para que possamos fazer o processo de identificação.”
O governo do Acre informou que todas as 12 vítimas morreram carbonizadas. No entanto, conforme o diretor do departamento de Polícia Técnica Científica, ainda não é possível confirmar a causa da morte.
“No momento ninguém pode afirmar nada. Logo que vieram para o IML, houve um exame cadavérico de cada corpo e daí ele vai analisar e emitir um laudo e pode apontar a causa da morte. Dizer se morreu com o impacto ou depois dele, nesse momento, não podemos dizer isso. Vamos esperar esse exame cadavérico e vamos ter um direcionamento sobre isso”, afirmou.
O voo era particular, da empresa ART Taxi Aéreo, e decolou de Rio Branco com destino a Envira, no Amazonas (confira os detalhes abaixo). A aeronave modelo Caravan tinha capacidade para até 14 pessoas e caiu por volta das 7h21 no horário local (9h21 em Brasília), logo após a decolagem. Nesta segunda, o espaço da empresa no aeroporto de Rio Branco estava fechado e apenas uma mensagem com números de telefone foram colocadas na porta.
Parte dos passageiros estava viajando para receber tratamento médico. Um vídeo (acima) mostra o incêndio no local.
O advogado da empresa, Thiago Abreu, informou ao g1 que o piloto e o copiloto tinham experiência e treinamento. Segundo a Anac, o avião estava em situação regular.
Seis das vítimas eram de Eirunepé (AM). Havia, ainda, moradores de Envira (AM). Veja a lista das vítimas aqui.
A aeronave era pilotada por Cláudio Atílio Mortari, que, de acordo com suas redes sociais, era natural de São Paulo, mas também morava em Itaituba. O copiloto que Kleiton Lima Almeida, de 39 anos, que também morreu na queda de avião, nasceu e morava em Itaituba, no sudoeste do Pará. Ele tinha se tornado pai há um mês.
Os bombeiros conseguiram controlar as chamas após cerca de quatro horas, e a retirada de corpos e destroços foi iniciada. A aeronave caiu em um local que dificultou a chegada das equipes de resgate.
Ambulâncias do Samu, viaturas da Polícia Militar e um helicóptero do Ciopaer se deslocaram até o local para auxiliar nas ações.
Investigação
O Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa VII), localizado em Manaus, vai apurar as causas da queda do avião.
De acordo com a Aeronáutica, na investigação “serão utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e confirmação de dados, a preservação de indícios, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias ao processo”.