Nesta quarta-feira (01 de novembro) é comemorado o Dia Mundial do Veganismo, data que surgiu em 1994 por Louise Wallis para comemorar os 50 anos da The Vegan Society (A Sociedade Vegana). Em crescimento no Brasil, com aumento de mais de 500% de empresas abertas com o termo nos últimos 10 anos, segundo o Ministério da Economia em 2022, o estilo de vida ganha influenciadores e adeptos de forma constante.
Segundo Tácila Matos, 22 anos, estudante de jornalismo e vegana desde 2020, a decisão de se tornar vegana veio através do acompanhamento de produtores de conteúdo que falavam sobre o tema:
“Acho que a principal pessoa que estudei foi a Sabrina Fernandes, uma socióloga e produtora de conteúdo que destrinchou, não só o veganismo, mas as contradições das indústrias alimentícias e do capitalismo no geral, e assim… Foi bem orgânico”.
Mesmo com medo de julgamentos, Matos afirma que foi aos poucos mudando sua alimentação, ao ponto de “não conseguir desassociar a imagem da carne do sofrimento animal”, como ela afirma. O termo “vegano” remete ao ínicio e ao fim da palavra “vegetariano” e significa excluir todas as formas de exploração e de crueldade contra animais, seja para a alimentação, para o vestuário ou para qualquer outra finalidade.
Matos, em entrevista, diz que, depois de entrar no movimento, passou a cozinhar mais seus alimentos e diversificar seus pratos. No dia-a-dia, a estudante detalha:
“De manhã, geralmente eu como um pão com outra coisa, por exemplo, uma leguminosa ou um abacate, no lugar de uma guacamole e café, quando posso, tomo com leite vegetal. No almoço, como não tem tanto algo específico, como aquele “PFzinho”, arroz, feijão, farinha […] com as proteínas, no feijão. E no jantar, eu requento o resto do almoço ou como no Restaurante Universitário, já que tem a opção de sopa sem carne”.
Já em situações sociais como almoços de família e aniversários, Tácila Matos diz que, graças à culinária brasileira, não enfrenta tantas situações difíceis, com a presença do arroz, feijão, embora, às vezes, coma antes ou depois desses eventos. Ela fala que nunca pretendeu se privar de nada.
Segundo pesquisa do Ibope Inteligência, 30 milhões de brasileiros se identificam como vegetarianos, que confunde muita gente com os veganos. Matos explica a diferença:
“Vegetariano, ele é a pessoa que só restringe a carne da sua alimentação e dentro do vegetarianismo tem pessoas que escolhem uma coisa ou outra, como pessoas que tiram a carne, mas comem o ovo e o leite, por exemplo. Já o veganismo, ele restringe qualquer produção de origem animal, no que for possível, além de ter a questão política”.
Para a entrevistada, ser vegana tem relação com mudar a forma de pensamento e consumo das pessoas, sendo que até mesmo podem existir tipos diferentes de veganismos políticos. Para ela, no entanto, veganismo “é sobre repensar sobre a nossa relação com a natureza e os animais. Pois, tem muita coisa que a gente vivencia, não é algo inerente, muito é construção.”
Tácila finaliza afirmando que:
“Eu acho que, apesar de muitas pessoas não adotarem essa forma de se alimentar e criticar nosso sistema, é importante a gente pensar e pesquisar. Estamos num estado onde o agronegócio e a agropecuária avança muito e perceber como essas indústrias não fazem sentido, repensar em como a gente produz muito pra fora e não para nós.”
E ela indica produtoras de conteúdo e pesquisadoras, como Sabrina Fernandes e Angela Davis que aprofundam o tema, além de ajudar quem quer começar nesse movimento. Por fim, olhar uma peça de carne e perguntar de onde e como vem aquilo. Uma reflexão que transborda do prato e pode transformar a nossa forma de sociedade.
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Matéria produzida sob orientação do editor-chefe do site, Everton Damasceno.