‘Efeito Ozempic’ leva empresas americanas a repensarem modelo de negócios; entenda

Walmart já percebeu redução na cesta de compras da sua clientela

Como um consumidor menos faminto e com menos impulsos afeta o meu modelo de negócios? Essa é a pergunta que algumas empresas se fazem nos Estados Unidos, à medida que as vendas de medicamentos com efeito sobre o apetite, como Ozempic e Mounjaro , disparam.

Empresas como a gigante do varejo Walmart e a Conagra Brands, de alimentos, estão avaliando quanto os medicamentos para diabetes conhecidos como GLP-1s, cada vez mais usados para perda de peso, devem ser considerados em suas estratégias. As decisões que tomarem agora podem repercutir nos próximos anos, então a pressão para acertar é grande.

“As empresas vão exagerar. Os investidores inteligentes, vão agir, mas mais lentamente”, disse Gary Stibel, CEO da New England Consulting Group, que assessora empresas de consumo e saúde.

Ozempic — Foto: Bloomberg

John Furner, CEO das operações dos EUA da Walmart, recentemente disse que a varejista está observando um “pequeno recuo na cesta geral” de compras de alimentos como resultado dos medicamentos, mas acrescentou que ainda é cedo para tirar conclusões definitivas.

Já o CEO da Conagra, Sean Connolly, disse aos investidores esta semana que sua empresa está analisando os dados e poderia oferecer porções menores no futuro se essa for a evolução das preferências.

Efeitos na Bolsa americana

Os comentários impactaram o mercado: o índice S&P 500 de Consumo Básico caiu 0,5% na sexta-feira.

Analistas do Bank of America projetaram riscos para as empresas de lanches e bebidas, dado que os GLP-1s reduzem o apetite – e também parecem reduzir o impulso de beber.

Mas não são apenas as categorias óbvias relacionadas a alimentos que podem ser afetadas. A perda de peso com os GLP-1s pode impulsionar reformas no guarda-roupa, de acordo com o Bank of America, especialmente entre os mais ricos, que podem arcar com esses medicamentos, que atualmente custam mais de US$1.000 por mês.

Varejistas do segmento plus size, como a Torrid Holdings, podem ver as vendas diminuírem, enquanto fabricantes de roupas fitness e artigos esportivos, como a Lululemon e a Deckers Outdoor, podem se beneficiar de estilos de vida mais saudáveis.

Jessica Ramírez, analista da Jane Hali & Associates, disse que a pandemia forneceu um potencial estudo de caso recente, já que muitos consumidores ganharam peso, enquanto outros perderam.

– Eles tiveram que repor o guarda-roupa – disse Jessica, observando que as empresas de vestuário não tiveram problemas em ajustar suas ofertas.

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