O mais recente conflito entre Israel e o Hamas, que entrou no segundo dia neste domingo (8), expõe um impasse entre grupos diferentes que se estende por décadas. Há mais de 70 anos, a região vive uma disputa por territórios, que já resultou em enfrentamentos armados e mortes.
Apenas neste último conflito, que se iniciou após um ataque inesperado do Hamas no sábado (7), já são mais de 900 mortes confirmadas em Israel e na Faixa de Gaza. Além disso, há milhares de pessoas feridas, entre israelenses e palestinos.
Mas, afinal de contas, qual é a diferença entre israelenses, palestinos e o grupo Hamas?
Uriã Fancelli, mestre em relações internacionais pelas universidades de Estrasburgo e Groningen, explica que há três principais pontos para explicar essa pergunta.
Em termos gerais, segundo Fancelli, seria possível definir os grupos da seguinte maneira:
- Israelenses: cidadãos do Estado de Israel, que foi criado no fim da década de 1940.
- Palestinos: povo etnicamente árabe, de maioria muçulmana, que habitava a região entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo.
- Hamas: grupo radical considerado como terrorista por alguns países, como os Estados Unidos e o Reino Unido.
Veja, a seguir, mais detalhes sobre cada um desses pontos.
1. Israelenses
Em 1947, as Nações Unidas propuseram a criação de dois Estados: um judeu e um árabe. Esses Estados seriam instalados na Palestina, sob um mandato britânico.
“Israel foi fundada para ser o ‘lar dos judeus’, que começaram a imigrar de diversos países do mundo para se concentrar no país”, explica.
À época, a proposta foi aceita por líderes judeus, mas rejeitada pelo lado árabe. Com o impasse, os judeus proclamaram o Estado de Israel em 1948, gerando revolta entre palestinos. Isso resultou na guerra árabe-israelense, no mesmo ano.
2. Palestinos
Diante do conflito, a comunidade internacional propôs a criação de um Estado palestino que deveria coexistir em paz com Israel. Segundo Fancelli, muitos palestinos acabaram se dispersando para territórios vizinhos após a fundação do Estado de Israel, como a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
“Apesar de a maior parte dos palestinos estarem em Gaza e na Cisjordânia, as duas regiões são geograficamente separadas por Israel”, diz.
“Em 2012, a ONU reconheceu o “Estado da Palestina” como Estado observador, mas ainda não há um território muito bem delimitado do que seria esse Estado.”
3. Hamas
Mesmo com interferência da comunidade internacional e com várias tentativas de manutenção da paz na região, os conflitos persistiram. Isso abriu espaço para que um grupo islâmico armado ganhasse força: o Hamas.
Segundo Fancelli, desde 2006 o Hamas tem o controle da Faixa de Gaza, onde moram cerca de 2 milhões de palestinos. O grupo radical quer a extinção do Estado de Israel.
O conflito recente
No sábado (7), lideranças do Hamas anunciaram que estavam iniciando uma grande operação de retomada de território. Um alto comandante do grupo chegou a dizer que mais de 5 mil foguetes tinham sido lançados contra Israel a partir da Faixa de Gaza.
Sirenes foram ouvidas em várias partes de Israel, incluindo grandes cidades, como Tel Aviv e Jerusalém. Os ataques atingiram prédios e veículos, causando estragos em diversas regiões do país.
Pela terra e pelo mar, homens armados do Hamas invadiram o território israelita na região sul do país. Agências internacionais relataram que esses homens atiraram contra pessoas que estavam nas ruas.
“Algo importante de frisar é que a maior parte dos integrantes do Hamas é de palestinos, contudo, nem todo palestino necessariamente faz parte do Hamas.”
“Confundir os palestinos com o Hamas é a mesma coisa que dizer que todo afegão é membro da Al-Qaeda”, explica.
Também há relatos de dezenas de moradores israelenses sendo levados como reféns para a Faixa de Gaza.
Após a ofensiva, o primeiro-ministro israelense convocou uma reunião de emergência e lançou a operação “Espadas de Ferro”, prometendo uma resposta ao Hamas.
O governo de Israel pediu para que os cidadãos sigam instruções de segurança. A recomendação é para que as pessoas fiquem próximas de espaços protegidos.
O último balanço das autoridades indica que mais de 900 pessoas morreram em Israel e na Faixa de Gaza. Há milhares de pessoas feridas. Os bombardeios continuam na Faixa de Gaza neste domingo (8).