Neste domingo (15) é comemorado o dia dos profissionais que dedicam suas vidas ao ensino e à formação de novas gerações, o Dia do Professor. Entre as mais diversas áreas de atuação da profissão, está a da Língua Brasileira de Sinais (Libras), que tem como objetivo promover a comunicação e o acesso à informação das pessoas surdas, para que possam estar integradas à sociedade.
No Acre, a Universidade Federal do Acre (Ufac) dispõe o curso de licenciatura em Letras Libras, que nasceu em 2014 e desde então tem formado centenas de professores. Os egressos do curso saem preparados para atuar nos serviços de tradução e interpretação de Libras para o português e vice-versa, podendo atuar na educação básica e superior.
A jovem Katriny Almeida se formou no curso em 2022, pela Ufac, e então resolveu se mudar para Santa Catarina em busca de melhores oportunidades de trabalho. Atualmente ela trabalha como professora de Libras em uma escola pública da cidade de São José. Recentemente a professora foi destaque pela prefeitura do município em virtude dos trabalhos realizados com crianças.
Ela conta como tem sido a experiência na área junto aos alunos que atende. “Tem sido uma experiência enriquecedora, gratificante pois quando finalmente começo a receber um retorno do que foi ensinado aos alunos, quando finalmente percebo que os alunos tiveram um avanço e conseguem se comunicar efetivamente, além de entender conceitos que antes não conseguiam, fico extremamente feliz e satisfeita”, disse.
O ensino de Libras desde cedo para as crianças tem se mostrado indispensável para o desenvolvimento de suas potencialidades, sejam elas surdas ou ouvintes. São vários os benefícios de uma pessoa ouvinte aprender Libras, além de conseguir melhorar sua comunicação com pessoas da comunidade surda, vai aprender sobre a cultura surda, valorizando cada vez mais a diversidade cultural e se aliando às pautas de inclusão. Katriny Almeida destaca o valor da profissão, que cada vez mais vem mostrando sua importância na sociedade.
“Eu acho uma profissão importante e que carrega consigo uma responsabilidade também, pois ao ser professor de Libras, você não apenas está ensinando uma língua para o aluno surdo, você está ali também no papel de praticar a inclusão”, ressalta.
A professora Dilaina Costa, é formada em pedagogia, com pós-graduação em interpretação e tradução da Libras, e atualmente está fazendo mestrado na área do ensino da matemática com foco em libras. Ela conta que há 33 anos tem contato direto com a comunidade surda e hoje trabalha junto à Secretaria Estadual de Educação do Acre (SEE-AC), como tradutora intérprete no programa Pré-Enem Legal. Dilaina fala da importância da Lingua Brasileira de Sinais não só para a comunidade surda, mas para a sociedade no geral.
“Quando nós temos acesso a Libras, nós vamos para além de um contexto linguístico, nós trazemos para um contexto social. Quando eu tenho acesso à Libras eu tenho acesso ao sujeito surdo, composto de especificidades, de habilidades, de necessidades, e uma dessas necessidades é a comunicação. Se de fato, nós como comunidade, oferecêssemos a equidade, saberíamos que, por exemplo, as programações, os pronunciamentos, os avisos, que tem como instrumento de comunicação as legendas, não são acessíveis para os surdos usuários da Libras”, destaca.
Para compreender a importância da Língua de Sinais na era da inclusão é necessário entender que as pessoas surdas dependem desse recurso para a comunicação no dia a dia. Isso significa que o ensino e difusão das línguas de sinais é um fator determinante para uma efetiva inclusão social. A professora Dilaina ressalta que a sociedade ainda precisa avançar quando se trata do tema.
“Nós enquanto sociedade, precisamos avançar muito, reconhecemos os avanços até aqui, dentro de um contexto de políticas públicas, em um contexto de reconhecimento, mas precisamos favorecer o que falta muito ainda, que é a questão da equidade”, frisou’.
A professora reforçou, também, que é preciso reconhecer as peculiaridades do sujeito surdo. “É saber que tem o sujeito com deficiência auditiva, que pode se comunicar ou não na Libras, e que tem o sujeito surdo, que dentro de um contexto cultural, se manifesta através da Libras, e que também tem suas particularidades”, explicou.