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Você seria bruxa? Mamilos e mais 4 coisas que condenaram mulheres à morte

Por Uol

Inquisição queimava mulheres acusadas de bruxariaImagem: Reprodução

Inquisição queimava mulheres acusadas de bruxaria

Inquisição queimava mulheres acusadas de bruxaria – Imagem: Reprodução

 

O Tribunal do Santo Ofício – ou Inquisição – usava argumentos misóginos para perseguir, torturar e matar mulheres. Segundo cálculos não oficiais, eram mulheres 85% das cerca de 100 mil pessoas mortas na perseguição à bruxaria que marcou a Idade Média e durou quase quatro séculos.

O júri era nada imparcial: composto somente de pessoas que acreditavam em bruxaria, que na maior parte das vezes decidia pela culpa e condenação à morte na forca, na fogueira, por decapitação ou esmagamento com pedras.

O inquisidor alemão Heinrich Kramer, também conhecido pelo nome “latinizado” Heinrich Institoris, foi o responsável pela publicação, em 1486, do “Malleus Maleficarum” (“O Martelo das Feiticeiras”), com a aprovação papal. Em 1520, o manual já contava com 14 reedições.

Mais do que um manual para identificar bruxas e suas possíveis atividades, como transar com o demônio, seduzir homens adormecidos, transformar-se em animais e comer criancinhas vivas, o livro é um verdadeiro tratado contra o gênero feminino.

As razões usadas para acusar alguém de bruxaria serviriam para lançar à fogueira praticamente qualquer mulher. Eis alguns exemplos:

1. Mais leve que a Bíblia

Um dos métodos era colocar a suspeita em um prato de uma grande balança. No outro lado, uma Bíblia gigantesca era colocada. Se a mulher pesasse menos do que o livro, o que geralmente acontecia, era acusada de ser uma feiticeira por ter uma leveza “sobrenatural”.

2. Sinais corporais

Os inquisidores procuravam por “marcas do diabo”, o que incluíam sinais corporais dos mais diversos tipos: pintas, marcas de nascença, cicatrizes… Eles acreditavam que existiam sinais “invisíveis” no corpo das mulheres que seriam insensíveis à dor e não sangrariam. Para comprovar a tese, espetavam agulhas compridas nelas ou as cortavam com estiletes.

3. Mamilos assimétricos

Um mamilo muito diferente do outro também era considerado um rastro maligno de que o diabo teria sugado o seio. Hoje, sabe-se que a imensa maioria das mulheres tem um seio diferente do outro.

4. Clitóris

Em 1593, um inquisidor médico relatou a existência do clitóris pela primeira vez. Ao observar uma mulher acusada de bruxaria, ele descreveu o órgão como o “bico do seio do diabo”.

Durante a Idade Média, o clitóris foi acusado de ser responsável pelo lesbianismo, pela cegueira e pelo desequilíbrio mental. Quando “encontrado” por algum inquisidor (ou seria abusador?), “provava” a ligação com bruxaria.

5. Liberdade

As perseguidas faziam parte de um grupo claro: o das mulheres livres, especialmente sexualmente, ou sem papel definido na sociedade.

Ou seja: solteiras, viúvas, órfãs solitárias, camponesas, idosas, parteiras, adúlteras, prostitutas. Eram aquelas que viviam sozinhas ou faziam algo para evitar a maternidade, como mulheres em situação de rua.

Em outras palavras, “sem a defesa e a proteção de um pai, de um irmão ou de um marido”, elas se tornavam presas fáceis para os caçadores de bruxas. Essas mulheres foram vítimas de um processo de “higienização” que eliminou figuras indesejáveis ou responsabilizou mulheres que não eram benquistas na vizinhança por infortúnios como mortes de crianças, desaparecimentos de rebanhos e pragas nas plantações.

Foi nessa época que surgiu a ideia, que existe até hoje, de que existe a santa e a bruxa, ou seja, a mulher “para casar” e a mulher “para fornicar”.

Muitas, por medo ou culpa, acreditavam em sua culpabilidade e confessavam crimes não cometidos. Em outros casos, elas eram brutalmente torturadas até confessar crimes imaginários.

Táticas de tortura

Durante a Inquisição, mulheres acusadas de bruxaria enfrentavam todo tipo de violência. Elas costumavam ser despidas para evitar que escondessem algum objeto “mágico” costurado em suas roupas. Todo o cabelo era raspado.

Dentre as táticas mais cruéis, prendiam um aro de ferro com quatro pontas afiadas na boca delas. Eram presas à parede de modo não conseguissem se deitar ou descansar a cabeça. Os vigias não deixavam com que dormissem.

Após alguns dias de privação de sono, as vítimas passavam a ter alucinações e era quando o interrogatório começava.

Na Alemanha, torturavam as mulheres na cremalheira, esticando a pessoa até deslocar suas articulações ou romper seus ossos, provocando dor o bastante para qualquer um confessar pacto com o demônio e maldades.

Na Suécia, torturavam os filhos das acusadas, que eram machucados até revelarem enredos fantasiosos e diabólicos.

Livros consultados: “História da Bruxaria” (Ed. Goya), de Jefrrey B. Russel e Brooks Alexander; “O Guia dos Curiosos – Sexo” (Panda Books), de Marcelo Duarte e Jairo Bouer; “O Lado Sombrio dos Contos de Fadas – As Origens Sangrentas das Histórias Infantis” (Ed. Abril), de Karin Hueck; “O Martelo das Feiticeiras” (BestBolso), de Heinrich Kramer e James Sprenger.

 

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