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Após perder o marido para o câncer, acreana é curada da doença depois de 6 cirurgias

Por Maria Fernanda Arival, ContilNet

O Dia Nacional de Combate ao Câncer, que foi instituído com objetivo de ampliar o conhecimento da população sobre o câncer, é celebrado nesta segunda-feira, 27 de novembro. Para falar sobre essa doença que atinge milhares de pessoas, o ContilNet conversou com a acreana Lourdes Lima, que foi diagnosticada com câncer de mama próximo do recebimento do diagnóstico de câncer do marido, que morreu em maio deste ano.

Lourdes explicou ao ContilNet que detectou o nódulo na mama em maio de 2021, por isso, procurou um médico para fazer o rastreamento, mamografia e outros exames necessários para chegar a um diagnóstico. Nesse mesmo período, o marido de Lourdes, Paulo, começou a sentir alguns sintomas.

“Ele ia comer e se entalava. Quando ele dormia, ele se engasgava e acordava sufocado. Em maio de 2021, ele fez uma endoscopia e deu refluxo. Os médicos passaram medicação e ficamos no aguardo. Enquanto isso, eu estava calada e não falei nada para minha família. Ele tomou a medicação, melhorou e em novembro de 2021 agravou a situação, foi quando ele voltou para o médico, fez a endoscopia, pediram a biópsia e foi comprovado o câncer de cárdia, que fica entre o esôfago e o estômago”, explicou.

Lourdes é funcionária pública/Foto: Reproução

Diagnóstico

Lourdes lembrou também de quando recebeu o resultado da biópsia, em fevereiro de 2022. O resultado foi benigno, de quase 3 centímetros, mas os médicos optaram por retirar o nódulo em maio de 2022. Foi nesse momento em que Lourdes descobriu o câncer de mama. “Fiz a cirurgia para tirar, aqui mesmo no Hospital de Amor de Rio Branco. Enquanto isso, meu marido já tinha começado o tratamento em Porto Velho. Optamos por lá, pois ele quis e nós fomos para lá. Enquanto isso, eu fiquei esperando o resultado da biópsia depois que tirei o nódulo. O resultado veio em agosto e já foi comprovado o câncer, bem inicial”, disse.

A acreana disse que quando o câncer foi detectado, ele não estava espalhado e nem no tecido mamário, estava dentro dos ductos mamários. Desta maneira, Lourdes foi encaminhada para o tratamento e como o marido já estava fazendo o dele em Porto Velho, a acreana também decidiu ir para a capital do estado vizinho. Lourdes disse que o marido fez 30 sessões de quimioterapia, mas ela não.

“Eu fiz 6 procedimentos cirúrgicos. Cada procedimento que eu fazia era para retirar o quadrante e esse quadrante, a margem tinha que estar livre de câncer, e toda vez que fazia, continuava vendo o câncer. Como continuava tendo células cancerígenas, eles optaram em fazer a mastectomia, seguida de prótese, mas eu não sei o que aconteceu, meu corpo não aceitou a prótese, e tive que tirar. Agora em outubro, eu fiz 15 sessões de radioterapia e estou tomando bloqueadores hormonais. Eu fui curada e liberada, mas estou em acompanhamento”, explicou.

Família

Ao ContilNet, Lourdes disse que o momento que a família recebeu a notícia do diagnóstico, foi uma surpresa. “Foi uma surpresa muito desagradável, a gente precisou ser muito forte. No meu caso, eu me empenhava mais em dar atenção para ele e nem dava mais tanta atenção para o meu caso. Minha preocupação maior era dele, porque ele precisou colocar sonda intranasal e se alimentar mais por ela, depois tirou e colocou uma prótese e melhorou muito a alimentação dele. Depois, as quimioterapias não estavam mais fazendo efeito como antes, o câncer era muito agressivo e ele ficou no tratamento paliativo, precisou ser transferido para cá por algumas burocracias do SUS”, explicou.

A acreana disse, ainda, que o esposo não sofreu muito, pois logo que começou a sentir dores muito fortes, morreu uma semana depois, no dia 3 de março de 2023. Lourdes e Paulo foram casados por 34 anos, ambos de Sena Madureira, no interior do Acre. O casal teve três filhos e moravam em Rio Branco, onde Lourdes ainda reside. A acreana foi diagnosticada aos 50 anos e, atualmente, tem 52. Já o esposo, foi diagnosticado com 57 e morreu aos 58 anos.

Lourdes, Paulo e os filhos durante férias/Foto: Cedida

Diagnóstico precoce

O Ministério da Saúde adotou alguns meses do ano como um período de conscientização sobre diagnóstico precoce e tratamento e os mais famosos são o Outubro Rosa, do câncer de mama, e Novembro Azul, do câncer de próstata e em prol da saúde do homem. A história dos acreanos Lourdes e Paulo vem, também, como um alerta para o diagnóstico precoce.

“A mensagem que eu tenho é que as pessoas não deixem para procurar o profissional da saúde de última hora. A gente sabe que hoje o câncer quando é precocemente descoberto, ele tem cura, sim. Infelizmente, a maioria das mulheres quando vai descobrir, já está muito avançado. Muitas sentem alguma coisa mas tem medo de procurar, de descobrir, de saber que está com a doença e o medo de morrer, mas se ela não procurar, ela vai morrer do mesmo jeito, ou pior”, explica.

“A pessoa só não tem medo de morrer quando tudo está bem na casa dela, na vida dela, mas quando a pessoa está com o pé na beira do abismo, não tem essa pessoa que não tenha medo de morrer”, completa.

Lourdes alertou que todas as mulheres com idade para fazer mamografia, devem fazer, mesmo que doa, pois “a pior dor é perder um ente querido”, disse. “Além disso, é preciso cuidar da alimentação, comer de forma mais saudável possível, praticar exercícios físicos e cuidar do psicológico, e acima de tudo da nossa fé, além de fazer exames de rotina e ir sempre ao médico”, completou.

A acreana falou também que, apesar de muitos homens acharem que são saudáveis, precisaram procurar ajuda profissional. “Meu marido não adoecia, era muito difícil ele gripar. Ele era elétrico, cheio de vida e gostava muito de viver. O [cancer] dele foi descoberto precocemente mas foi muito agressivo. Quando ele começou a sentir os sintomas, ele já procurou, nunca teve problemas em procurar, mas foi muito agressivo”, finalizou.

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