Dia do Hip Hop: artistas do Acre resistem com gênero que só cresce no estado

O gênero musical traz à tona um debate importante sobre esse gênero que, para muitos, ainda é estigmatizado e marginalizado

Neste domingo, 12 de novembro, foi a data escolhida para homenagear um gênero musical que teve sua ascendência nos anos 70, em um bairro de Nova Iorque: o hip hop. O dia mundial do Hip Hop traz à tona um debate importante sobre esse gênero que, para muitos, ainda é estigmatizado e marginalizado.

O Hip Hop surgiu no Bronx, no coração nova-iorquino. Aos poucos, outros gêneros, como Rap, foram criados, incorporados na influência do Hip Hop. No Brasil, o gênero foi um gênero criado para expor as mazelas eminentes das periferias e no subúrbio brasileiro. Para muitos, o Hip Hop surge como um grito de liberdade para quem não tinha condições de ser ouvido.

MC Doni | Foto ContilNet

Doni MC, um dos nomes mais conhecidos da cena atual do Hip Hop no Acre, destacou ao ContilNet que o gênero é mais que um ritmo musical, é um estilo de vida. “O hip hop é algo essencial hoje não só pra mim Doni, mas para todas idades, gêneros, classes sociais, hip hop tem 5 elementos que são: MCs, Grafite, Breaking, Dj e o Conhecimento. Extremamente importante para a liberdade e troca de expressões, mensagens, ideias, conhecimentos que fazem o Hip Hop ser uma cultura diferenciada, ser periferia contendo uma linguagem única e exclusivamente do Hip Hop! “O Hip Hop é pra todo mundo, mas nem todo mundo é pro Hip Hop” .Tem que ter a essência da rua, entender que se faz por amor”, disse.

Com um grupo de amigos, em 2017, Doni criou a Batalha do Palácio, um campeonato que acontece semanalmente nas escadarias do Palácio Rio Branco, bem no Centro da cidade, que reúne dezenas de jovens para uma disputa de rima, embalados pelo Hip Hop. Essa batalha criada por Doni, é o que hoje conhecemos como Slam, as poesias faladas.

Vários jovens participam do encontro de batalhas no Palácio Rio Branco | Foto ContilNet

“Nós observamos que a cena de batalhas estava afastada do centro da cidade e com isso viu o Palácio Rio Branco como uma possível concentração para os jovens de todos os bairros se reunirem. Em 2018, iniciou a 1º edição da Batalha do Palácio e desde então estamos com mais de 110 Edições contabilizadas oficialmente. Nesse ano de 2023, contamos com 4 organizadores, eu, Duda, Carlin e Beatriz. A Batalha do Palácio hoje é considerada pela maioria dos seus participantes e público a maior do estado do Acre”.

Foi justamente com o Slam que o Hip Hop ascendeu no Acre. Por exemplo, no filme acreano Noites Alienígenas, do diretor Sérgio Carvalho, o movimento foi representado pelos personagens principais, que participavam das batalhas de rimas na periferia de Rio Branco. “O movimento Hip Hop no Acre hoje vem obtendo grandes conquistas e reconhecimento no cenário nacional brasileiro. Vários elementos ganharam grandes prêmios nacionais e vem se destacando grandemente até mesmo fora do país”, disse o MC.

É o caso da Nati de Poesia, a Natielly Castro, que vai representar o Acre em um campeonato nacional de poesia, com grandes chances de se classificar para o torneio internacional. Anteriormente, ela já havia sido campeã do Slam das Minas. Doni lembra que todo esse crescimento só foi possível em razão do Hip Hop começar a ser incluído nos debates de políticas públicas do Acre.

Vários jovens prestigiam a batalha de Hip Hop | Foto ContilNet

“No Acre, o hip hop é possivelmente a maior ou uma das culturas urbanas que nunca deixam de se movimentar durante o ano inteiro. Todos os dias da semana, em todos os meses, temos programações diárias e constantes. No estado nós temos 4 leis voltadas ao hip hop: Semana Municipal do Hip Hop, Semana Estadual do Hip Hop, RB Grafite e Dia do Rap”.

Falando na Semana do Hip Hop, o evento municipal acontece neste final de semana com uma programação extensa, na Praça da Capoeira, no Canal da Maternidade, próximo ao Tacacá da Base. A Semana tem como organizadores, Núcleo de Hip Hop Mocambo; Trz Crew; Central de Slam; Batalha do Palácio e Batalha da Pista. Com apoio cultural da Fundação Municipal de Cultura, Esporte e Lazer Garibaldi Brasil (FGB) e do vereador Samir Bestene (Progressistas).

O evento que acontece anualmente, comemora o seu 10º ano, com várias atrações durante os três dias. Entre eles, o Graffiti, Rap, DJs, Breaking, Conhecimento, Slam, Batalha de Rimas e a atração principal diretamente de Porto Velho, capital do estado de Rondônia, o grupo de Breaking, Project Break.

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