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Exército não fiscalizou colecionadores de armas no Acre nos últimos cinco anos, diz relatório

Por Matheus Mello, ContilNet

Um documento do Exército Brasileiro revelou ao Tribunal de Contas, que entre 2017 e 2021, não houve fiscalização no único CAC da 12ª Região Militar, com sede em Manaus e compreende os estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, todos na Região Norte. A informação foi divulgada pelo jornalista Robson Bonin, da revista Veja.

O Tribunal de Contas instaurou uma auditoria no sistema de fiscalização e controle de armas e munições do país. De acordo com a matéria, o o número de CACs registrados na 12ª RM cresceu durante o governo Bolsonaro. Em 2017, eram só 2.344 colecionadores, atiradores desportivos e caçadores nos quatro estados. Em 2018, último ano sob Michel Temer, eram 4.440.

Número de registros de CACs disparou durante os anos do governo Bolsonaro/Reprodução

O aumento dos registros tem clara relação com a política de armas do governo Bolsonaro, que flexibilizou o acesso bélico no país.

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Ainda nos anos do mandato do ex-presidente Bolsonaro, o contingente de CACs na Região Amazônica subiu para 7.680 (2019), 14.102 (2020) e 26.471 (2021), sem que qualquer um deles fosse fiscalizado pelo Exército, de acordo com o relatório.

Em 2022, último ano do governo Bolsonaro, os CACs na 12ª Região Militar chegaram a 49.753. Desse total, o Exército afirmou ter fiscalizado apenas 514 deles – 1% do total.

Ainda em 2022, quando os CACs podiam adquirir de revólveres a fuzis de repetição, e atiradores esportivos, por exemplo, poderiam ter até 60 armas, o Acre liderou o ranking.

Em cinco anos, os dados apontam um crescimento de 256,8%, saindo 8.520 registros em 2017 para 30.402 em 2022. Em âmbito regional, o Acre teve o 5º maior aumento. Em todo o país, a variação foi de 260%. No Brasil, a quantidade de registros saiu de 637.972 em 2017 para 2.300.178 em 2022.

Os números saltaram durante o governo do então presidente Jair Bolsonaro, que editou decretos que facilitaram o acesso a armas, inclusive as de grosso calibre e uso restrito, como fuzis, com critérios menos rígidos para posse e aquisição. Os decretos foram parcialmente suspensos pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em setembro de 2022.

No governo Lula, no dia 2 de janeiro, o presidente revogou as normas sobre armas e definiu novas regras, dentre as quais a suspensão de novas concessões para CACs registrarem novas armas.

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