A história do Mestre Irineu, o maranhense Raimundo Irineu Serra, que escolheu o Acre para buscar uma vida mais próspera, foi destaque no site nacional Mídia Ninja. Mestre Irineu, que era filho de pessoas negras escravizadas, chegou ao Acre em 1912, motivado pela promessa do governo de que os trabalhadores da borracha teriam uma vida mais próspera na floresta. No Acre, Irineu Serra é reconhecido e muito respeitado pela população que conhece sua história.
Foi neste período que Irineu Serra buscou auxílio na Ayahuasca, quando morava em Brasiléia, no interior do Acre e trabalhava no seringal Nossa Senhora do Bom Futuro. “De acordo com a mitologia daimista, em uma noite clara e bonita, Irineu tomou ayahuasca, e ao olhar para a lua avistou uma senhora formosa e bela. Essa senhora lhe perguntou: “Quem você acha que eu sou?”. Admirado, Irineu fitou-a e respondeu: “A Senhora, para mim, é uma Deusa Universal! (trecho do livro “Eu venho de longe: mestre Irineu e seus companheiros”)”, diz um trecho da reportagem.
O chá de ayahuasca é feito de uma mistura de duas plantas amazônicas: o cipó-caapi (Banisteriopsis caapi) e as folhas da chacrona (Psychotria viridis). A bebida tem como princípio ativo o alcalóide dimetiltriptamina (DMT), uma substância encontrada naturalmente na chacrona e em diversas plantas e animais, inclusive no nosso próprio fluido cerebral.
Em uma de suas visitas com o xamã peruano, Irineu foi instruído a ir para a mata e jejuar. Segundo relatos, no oitavo dia, sob efeito da ayahuasca, Irineu teve a visão de uma senhora, que se identificou como Nossa Senhora da Conceição, que lhe passou os ensinamentos da igreja que iria fundar. Raimundo Irineu Serra, ou Mestre Irineu, é conhecido por criar a primeira religião de origem amazônica, o Santo Daime.
O Santo Daime
O Santo Daime é focado no ritual do chá, pois quem segue a religião acredita que a ayahuasca possibilita a expansão da consciência e a pessoa sob o efeito do chá poderia encontrar respostas sobre suas angústias da vida. O preparo da bebida no Santo Daime é ritualístico, em que mulheres e homens tem funções diferentes.
Ministrados por um padrinho, que guia os encontros, os seguidores do Daime, todos sempre vestidos com tons claros, como branco e azul, devem se concentrar e manter a consciência limpa e presente no momento.
Depois, organizam-se filas para tomar o chá, que é ministrado com cautela, já que os efeitos tóxicos da ayahuasca ainda não são completamente conhecidos.
Começa então a segunda fase, em que os seguidores meditam e “acessam a consciência” sob efeito do chá da ayahuasca. Ao longo de todo o culto são cantados os hinos que falam sobre as doutrinas da religião para guiar aqueles presentes dentro dos ensinamentos passados pelo Mestre Irineu.
Atualmente pessoas do Brasil inteiro, e até de outros países já tiveram contato com o Santo Daime, porém, a religião ainda sofre preconceito, especialmente por carregar traços de ensinamentos indígenas e africanos.
Com informações de Mídia Ninja