Há pouco mais de 40 anos, Laélia Alcântara (PMDB – AC) assumia o mandato como Senadora pelo Acre. O ano era 1981. A então médica obstetra, de 57 anos, foi a primeira mulher negra a ocupar tal cargo no Brasil, sendo também a segunda mulher no Senado a exercer mandato em um espaço de poder majoritariamente masculino e branco.
Nasceu em Salvador, formou-se em medicina no Rio de Janeiro, e veio para Rio Branco no Acre, onde viveu com o marido e os filhos. Durante sua trajetória política, ela se elegeu como suplente do então senador Adalberto Sena (PMDB – AC) em 1974. Assumiu o mandado duas vezes, a primeira interinamente em 1981 quando Sena afastou- se por problemas de saúde e, em 1982, de forma definitiva, após a morte do político.
Sua passagem foi marcada pelo posicionamento contra o racismo e o aborto, e pela defesa da representatividade negra e também feminina nos espaços do cenário nacional, além de defender a redemocratização. Apesar disso, ela evitava declarar-se negra, adotando certo silêncio como postura, mas jamais negava ser.
Em seu primeiro discurso, além de agradecer o apoio, Laélia manifestou-se representante empenhada na resolução dos problemas vividos pelo povo acreano.
— Agradeço as demonstrações de apreço e carinho. Sou, como Sua Excelência, representante de uma região eminentemente problemática. Espero aqui trazer uma pequena contribuição e apresentar alguns dos problemas que o povo do Acre vive sofrendo há bastante tempo. No estado, o pauperismo [pobreza] é grande, há carência de quase tudo. Notadamente os problemas ligados à saúde e à instrução pública constituirão objeto de minha especial atenção nesta Casa.
No Acre, atuou nas áreas de obstetrícia e pediatria e foi professora de puericultura na Escola Normal de Rio Branco. Também atuou como presidente do Conselho Regional de Medicina do Acre, secretária de Saúde no período de maio a setembro de 1987, na gestão de Flaviano Melo, e integrante do Parlamento Latino Americano, apresentando diversas propostas de melhorias para o antigo Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social.
Laélia faleceu em 2005, aos 82 anos.
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Matéria escrita sob supervisão do editor-chefe do site, Everton Damasceno.