A ação de criminosos em furtos e roubos, principalmente em bairros periféricos em horários noturnos e contra pessoas de menor poder aquisitivo, além de policiais e outros agentes de segurança armados e ingerindo bebidas alcóolicas em locais públicos, com aglomeração de pessoas. Seriam essas as principais preocupações da população de Rio branco em relação à percepção de insegurança e dos fatores que contribuem para a vitimização da população da Capital.
As informações fazem parte de um relatório do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) sobre uma pesquisa que investigou a área de segurança pública no período entre 2019 e 2022. O estudo envolveu a aplicação de 385 questionários e o resultado ofereceu informações cruciais para compreensão do cenário da segurança pública na capital acreana, destacando os desafios enfrentados pela cidade, conforme percebidos por seus habitantes.
A pesquisa foi realizada por meio da Promotoria Especializada de Tutela do Direito Difuso à Segurança Pública.
O relatório traz análise descritiva dos questionários mostrando que a população de Rio Branco não se sente segura na cidade, embora confie em algumas instituições, como a Polícia Civil, Ministério Público, Defensoria Pública e Tribunal de Justiça. Mas, apesar disso, muitos entrevistados expressaram temor em relação a roubos, furtos, saídas noturnas e à presença de organizações criminosas.
Além disso, a pesquisa explorou dados socioeconômicos dos entrevistados, revelando que a maioria pertence a grupos demográficos específicos. A maioria dos entrevistados se identificou como negra, solteira, com renda familiar entre um e dois salários mínimos e residente em bairros menos desenvolvidos.
Os resultados dos modelos econométricos utilizados na pesquisa revelaram variáveis que afetam a percepção de segurança em Rio Branco. A confiança na Polícia Civil e no Ministério Público aumenta a probabilidade de sentir-se seguro na cidade, enquanto o uso de armas de fogo por policiais em locais de festa, associado ao consumo de bebidas alcoólicas, reduz essa percepção. Além disso, a variável de gênero desempenha um papel significativo, uma vez que, para as mulheres, a probabilidade de se sentirem seguras diminui.
A pesquisa também identificou variáveis relacionadas à percepção de vitimização. A confiança na Polícia Militar, gênero e idade foram fatores apontados que reduzem a probabilidade de alguém se tornar vítima de algum crime em Rio Branco. Por outro lado, a localização da residência aumenta a probabilidade de vitimização.
Veja os dados:
No que tange à segurança, 31,7% disseram que estão totalmente insatisfeitos com a atuação dos órgãos de segurança pública, 20,3% estão insatisfeitos. Somando os valores dos totalmente insatisfeitos com os insatisfeitos têm-se 52% das pessoas insatisfeitas com a segurança.
As pessoas que são neutras representam 27,3% da amostra. Os satisfeitos abarcam apenas 8,1% e os totalmente satisfeitos somam 12,6% dos entrevistados. Considerando os totalmente satisfeitos com os satisfeitos, pode-se considerar que 20,7% das pessoas estão satisfeitas com a segurança pública em Rio Branco.
Também foi questionado se as pessoas se sentiam seguras em Rio Branco. 82,3% das entrevistadas afirmaram que não se sentem seguras e 17,7% disseram que se sentem seguras.
A percepção de segurança das pessoas envolve muitos fatores. Como não confiam no sistema de segurança é difícil se sentirem seguros. Também é preciso considerar que os rio-branquenses convivem com a violência diariamente, como já mencionado antes, a guerra entre as facções tem deixado um rastro de violência em diversos bairros da capital e também no interior do Estado.
Em relação à confiança da população nas instituições públicas, os respondentes tinham cinco opções: nenhuma confiança (1), pouca confiança (2), neutro (3), confia (4) e confia totalmente (5). Foram questionados sobre sete instituições: Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Federal, Ministério Público do Acre, Defensoria Pública do Acre, Tribunal de Justiça do Acre e Corpo de Bombeiros Militar do Acre.
Nota-se que 15,8% dos entrevistados não têm nenhuma confiança na Civil, e 13,8% têm pouca confiança, o que evidencia que 29,6% das pessoas não confiam no trabalho da organização. Os que confiam representa 16,6% e confia totalmente 27,0% da população pesquisada. Logo, o nível de confiança é de 43,6%. A falta de confiança pode ser reflexo de experiências pessoais ou com pessoas próximas.
Para a Polícia Militar, os que não têm nenhuma confiança são 16,1% e 15,6% têm pouca confiança na instituição de segurança. Já os que confiam são 15,6% e confia totalmente 28,1%, representando 43,7% dos que têm confiança nos militares.