O mosquito Aedes aegypti, principal vetor de transmissão do vírus da dengue, chikungunya, zika e febre amarela, é uma das grandes preocupações da saúde pública na Amazônia, que passa por um inverno com grande registro de chuvas, auxiliando na formação de poças de água parada.
No Acre, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac) descobriu a eficácia de três fungos presentes no solo amazônico no combate às larvas do mosquito transmissor das doenças. A pesquisa foi coordenada pelo engenheiro florestal e biólogo Gleison Rafael Mendonça e os resultados foram publicados em 27 de outubro na revista científica Brazilian Journal of Biology.
Para realizar o estudo, Mendonça coletou solos da floresta amazônica da região do Acre para obtenção das espécies fúngicas e larvas do mosquito em ambientes ao redor de residências na cidade de Rio Branco. Para Mendonça, a vantagem de usar como matéria-prima os fungos do próprio solo amazônico é que o inseticida não causará danos ambientais, como contaminação da água. “Elas foram eficazes em matar 100% das larvas de Aedes aegypti em cerca de três a quatro dias”, relata à reportagem da Revista Galileu.
De acordo com a reportagem da Galileu, o pesquisador, que pretende criar um produto para combater o mosquito, afirma que uma substância feita com bioativos da própria floresta pode ser mais eficaz no combate ao mosquito na região do que outro tipo de inseticida desenvolvido nos polos científicos do Sul ou do Sudeste, onde há muita pesquisa sobre o combate ao Aedes.
A pesquisa
No laboratório, selecionou 23 espécies de fungos e observou como elas interagiam com as larvas do mosquito. Cinco dessas espécies foram eficazes no extermínio do vetor. O pesquisador decidiu testar os fungos em um ambiente mais parecido com os quais o Aedes se desenvolve. Nas condições reais do experimento, três das espécies se destacaram: Beauveria sp, Metarhizium anisopliae e M. anisopliae.
O pesquisador pretende continuar sua pesquisa com as espécies de fungos eficazes contra o Aedes, um problema que preocupa as autoridades sanitárias, já que tanto a dengue quanto as demais doenças têm o número de casos aumentado a cada estação chuvosa. A expectativa do autor do estudo, agora, é conseguir desenvolver um produto acessível e que possa ser comercializado.