Michelle e Manoel Moraes revivem tempos de Manoel Machado e Edgar Fontes na Aleac

No início da redemocratização do país, os debates nos parlamentos eram virulentos e Assembleia do Acre dava seu espetáculos nada republicanos

Não foi nem um pouco edificante, nem tampouco republicana a sessão desta terça-feira (14) da Assembleia Legislativa, com ataques bizarros entre os deputados Michelle Melo (PDT), falando como oposicionista, e Manuel Moraes (PP), na condição de líder do Governo.Quem assistiu o espetáculo de grosserias e de gosto duvidoso, conhecendo bem a Assembleia, não pode deixar de lembrar dos tempos em que ali se digladiavam os deputados Manoel Machado, como líder do Governo Nabor Júnior, e Edgar Fontes, como líder das oposições.

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Michelle Melo e Manoel Moraes. Foto: Juan Diaz/ContilNet-Montagem

Como nos velhos tempos

Com o país saindo de uma ditadura, quando os debates nos parlamentos voltavam na sua plenitude, Manoel Machado e o falecido Edgar Fontes não deixavam as coisas baratas. É claro que, com o tempo, outros deputados também se notabilizaram ali no plenário por defesas e ataques. Um deles, Luiz Garcia, que foi líder do Governo Romildo Magalhães, teve que enfrentar, por exemplo, cobras criadas como uma Naluh Goveia e Edvaldo Magalhães. Mas, apesar da dureza dos debates, não se via naqueles tempos longínquos o que se viu na sessão de hoje.

Comparação a animais e acusações

Entre outras coisas, o líder do Governo chamou a deputada Michele Melo de mau-caráter, além de compará-la a animais como a avestruz, que esconde a cabeça no primeiro buraco que encontra ao sinal de perigo, e ao urso, que passa seis meses por ano, dormindo, hibernando. Moraes comparou a parlamentar aos animais alheios à vida silvestre do Brasil para dizer que ela, recém-convertida à oposição, não enxerga os avanços do Governo que defendia no período em que foi líder de Gladson Cameli na Assembleia.

A deputada devolveu as comparações chamando Moras de “macho escroto” e insinuando, a partir de áudios que circulam na rede mundial de computadores, que ele usa da função pública para obter favores, citando o caso da Oca em Xapuri. Moraes rebateu a acusação e disse que vai usar mecanismos jurídicos para processar seus detratores que criaram o áudio citado por Michelle Melo.

Terra de ninguém no centro

O vereador Capitão N. Lima (PP), no espaço batizado de “Tribuna Popular” da Câmara, que teve como tema a Revitalização da Praça dos Tocos, aquele logradouro ao lado da antiga sede do Tribunal de Justiça, na frente da Catedral Nossa Senhora de Nazaré e que agora, de tão abandonado, parece terra de ninguém, abordou a grave situação das pessoas em situação de rua. A grande maioria das pessoas em tais condições usa a Praça como referência.

Perigo ao lado da sede de poderes

Para N. Lima, a situação se agrava a cada dia sem intervenção do poder público. De acordo com o vereador, o poder público deve tomar medidas cabíveis para solucionar esse problema de Segurança Pública e sugeriu que o Centro Pop, que cuida das pessoas em situação de rua e bancado pela Prefeitura de Rio Branco, seja transferido para outro lugar.

N. Lima lembrou ainda que, por causa dos moradores de rua, a população já evita transitar no centro da cidade, “devido à desordem social daquela região, já que a todo tempo alguma pessoa é importunada pelos pedintes”.

De acordo com o vereador, o poder público deve definir a segurança pública como prioridade. “A Secretária de Segurança, a Assembleia, o Tribunal de Justiça – todos esses órgãos estão próximos ao local e não fazem nada… O que está acontecendo”, questionou.

Dono da Princesinha pede socorro

O tema abordado por N. Lima há muito vem sendo apontado pelo empresário Roberto da Princesinha, dono do principal restaurante do centro da cidade, localizado na frente da Catedral e adjacente à praça ocupada por pessoas em situação de rua. Ali, muitos fazem suas necessidades fisiológicos, fazem sexo à luz do dia, brigam, cometem assaltos e ameaçam pessoas que passam pelo local e se negam a dar dinheiro a quem pede.
Quem paga o pato por isso, é o empresário, que vê seus negócios perdendo clientes porque muita gente deixa de ir à Princesinha com medo do que acontece na praça. Não por acaso, Roberto já foi visto no local com cartazes em que literalmente pede socorro aos poderes públicos.

O mais irônico é que isso acontece a poucos metros de distância das sedes dos poderes que determinam o destino das pessoas neste Estado, incluindo o Palácio Rio Branco.

R$ 11 milhões para empresa Ricco

O prefeito de Rio Barnco, Tião Bocalom, conseguiu uma vitória parcial junto à Câmara de Vereadores ao conseguir aprovar, durante sessão desta terça-feira (14), o projeto de Lei Complementar (PLC) que concede aumento no subsídio do transporte público da capital acreana, no valor de R$ 11 milhões, válidos por 12 meses. O projeto foi aprovado por 12 vereadores, tendo apenas Elzinha Mendonça (PSD) e Fábio Araújo (PDT) como votos contrários.

O projeto foi apresentado após a empresa Ricco Transportes, responsável pelos ônibus do transporte público de Rio Branco, comunicar que não tinha interesse em renovar ou prorrogar o contrato em pelo menos 13 linhas retiradas, que ficariam sem ônibus. Com tantos recursos, a empresa Ricco está fazendo jus ao nome.

E a tal caixa preta?

A Prefeitura chegou a enviar um projeto na semana passada com pedido de empréstimo no valor de R$ 41 milhões, destinado à Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (RBTrans), cujos recursos seriam repassados à empresa. Mas o prefeito acabou retirando a proposta.

Não é demais lembrar que o prefeito Tião Bocalom assumiu o cargo prometendo “abrir a caixa preta” do transporte coletivo e solucionar o problema.

Reconhecimento ao “1001 dignidades”

Outra vitória de Bocalom nesta semana foi o reconhecimento do programa habitacional “1001 Dignidades”, da Prefeitura de Rio Branco, destinado à população baixa de renda e habitantes de áreas de riscos da cidade, e que mereceu prêmio em âmbito nacional. O projeto de Bocalom foi lembrado por iniciativa do Instituto Habita Brasil, uma organização social que premia projetos na área de habitação social do país e que vai realizar um congresso de 21 a 23 de novembro, em Foz do Iguaçu (PR).

Bocalom será convidado a expor seu projeto durante o “V Congresso Brasileiro de Habitação Social e Agentes Públicos de Habitação”. A verdade é que, pode criticar quem quiser, mas por onde Bocalom passa e mostra o projeto, recebe elogios.

Santa inocência

Em Brasília, ao depor à Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (14/11), no inquérito que investiga denúncias do “hacker da Vaza Jato”, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) negou que soubesse que Walter Delgatti fosse o hacker que vazou as conversas do ex-juiz Sérgio Moro é de procuradores da Operação Lava Jato.

A deputada teria apresentado o hacker, inclusive ao então presidente Jair Bolsonaro, como pessoa capaz de fraudar ou de achar fraudes, se houvesse, nas urnas eletrônicas.

De bem com servidores

O governador Gladson Cameli, que caminha para o segundo ano de seu segundo mandato, deve deixar o Palácio Rio Branco, se tudo continuar como vem ocorrendo, literalmente nos braços do funcionalismo público. Deverá ser reconhecido como o governador que voltou-se para a causa dos servidores, ainda que não tenha conseguido atender todas as reivindicações da categoria.

Mas, no quesito concurso público, Gladson Cameli deverá ser reconhecido como o governador que mais chamou à ativa servidores concursados e que estavam em cadastros de reservas.

Até oposição reconhece

O trabalho do governador nesta área é reconhecido até mesmo por parlamentares que lhe são críticos na Assembleia Legislativa, como é o caso do deputado Adailton Cruz (PSB). Na sessão desta terça-feira (14), o deputado expressou seus parabéns aos cerca de 500 trabalhadores aprovados no cadastro de reserva da saúde e que foram chamados pelo Governo.

O destaque ficou por conta da convocação iminente de enfermeiros, “proporcionando não apenas uma conquista pessoal para esses profissionais, mas também um ganho significativo para a população, que contará com mais especialistas na área”, lembrou o deputado. “Essa medida promete fortalecer o sistema de saúde local, atendendo às demandas da comunidade e garantindo um suporte mais robusto”, acrescentou o parlamentar.

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