Thor critica posição e Jenilson
O ex-deputado Jenilson Leite pode até disputar a Prefeitura de Rio Branco pelo PSB, sem alianças e em carreira solo, como o fez na candidatura ao Senado, em 2022. Mas ele é que não conte com lideranças expressivas do PSB como o médico Thor Dantas.
O sempre polido Thor Dantas, ao falar sobre a possibilidade de Jenilson leite ser candidato de si mesmo, foi taxativo:
Nós do PSB – Acre, em 2024 podemos ter candidato próprio à prefeitura, Podemos compor como vice, podemos estar junto com o MDB de Marcus Alexandre e Flaviano, com o PP de Gladson e Alysson, com o PSD de Petecão… Só não vejo sentido em estarmos na próxima disputa eleitoral apenas para marcar posição… Nossa avaliação política deve ser objetiva e ter como compromisso uma alternativa de gestão viável para nossa capital Rio Branco, tão castigada nos últimos anos.
Ligações de ex-ministra com o Acre
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que tem visita programada ao Acre para os próximos dias, tem amigos e amigas no Estado. Sua ligação com o Acre começou quando ela passou a assessorar o então deputado federal Henrique Afonso, eleito pelo Partido dos Trabalhadores (PT), por onde foi eleito em 2002 e reeleito em 2006. Afonso é o atual vice-prefeito de Cruzeiro do Sul.
Pastor da Igreja Presbiteriana, o ex-comunista Henrique Afonso, ex-vereador pelo PCdoB em Cruzeiro do Sul, encontrou na colega de pastoreio a pessoa ideal para assessorá-lo segundo a sua nova conversão – embora permanecesse filiado ao PT, um partido plural do ponto de vista ideológico em relação às minorias e à pauta de costumes, defendida por Damares Alves como pastora, advogada e professora.
Não era tão radical, diz amiga
Uma ex-colega que se relacionava bem com a futura ministra de Jair Bolsonaro, chegou a revelar, numa conversa entre amigos, que ela não era tão radical e que dava até para conversar sobre assuntos diversos. A mesma amiga diz, no entanto, que se surpreendeu quando a atual senadora assumiu o Ministério dos Direitos Humanos de Bolsonaro e radicalizou nas pautas de costumes, chegando ao ponto de divulgar ter tido um encontro com Jesus Cristo trepada numa goiabeira, quando comia a fruta.
Suspensão de atividades pelo PT
Na verdade, o radicalismo da atual senadora já havia se manifestado, pelo menos em relação ao então deputado que ela assessorava. Apesar de ter inciado sua vida política no movimento social, no início de sua juventude, através do Grupo de Jovem da Igreja Católica (MOJUC), filiando-se inclusive ao PCdoB, em setembro de 2009, no segundo mandato de deputado federal, Henrique Afonso foi punido pela direção do PT com a suspensão de suas atividades partidárias por três meses, além de ser impedido de representar o partido na Comissão de Seguridade Social e Família, da Câmara dos Deputados, por dois anos.
A penalidade foi causada pelo posicionamento do parlamentar contra a legalização do aborto no país. Processo semelhante foi atribuído também ao ex-deputado petista Luiz Bassuma, da Bahia. O PT achava que ali havia o dedo de Damaraes Alves.
Filiação estranha ao PV
No mesmo mês de setembro daquele ano, Henrique Afonso anunciou sua saída do PT e filiação ao Partido Verde (PV), seguindo o mesmo caminho da então senadora acreana Marina Silva. O problema é que, entre outras pautas, o PV é a favor da legalização da maconha e do aborto, o que contrariava a orientação de Damares Alves, segundo ela iria mostrar ao assumir o cargo de ministra de Estado.
O deputado ainda passou pelo PSDB, mas acabou fincando âncora no PSD, partido pelo qual foi eleito vice-prefeito de Cruzeiro do Sul na coligação com o PP do prefeito Zequinha Lima, em 2020.
Fora da chapa em 2024
Não se sabe é se Zequinha Lima vai manter o companheiro de chapa na disputa pela reeleição, ano que vem. Em Cruzeiro do Sul, onde a política é discutida em todas as esquinas em praticamente as 24 horas do dia, é dada como certa a retirada de Henrique Afonso da disputa. O vice-prefeito mantém-se calado e quieto.
Há quem diga que ele pensa em abandonar a política.
Escândalo das passagens
Em 2016, quando já estava sem mandato e vivendo como professor, Henrique Afonso foi denunciado pela participação no escândalo das passagens aéreas, ocorrido quando era deputado federal em 2009. O escândalo consistia no repasse da cota de viagens aéreas a terceiros – o benefício, custeado com dinheiro público, é privilégio exclusivo de parlamentares. Entre os 443 denunciados, foi o que mais emitiu passagens: 434 bilhetes recebidos e uma movimentação financeira de R$ 245.343,54, tudo custeado pelo contribuinte.
Não se sabe se houve influência de Damares Alves no episódio.
Pauta de costumes
Cada vez mais focado na pauta de costumes defendidas pelo chamado bolsonarismo raiz, o deputado Roberto Duarte (Republicanos) está defendendo a suspensão do Enem por entender que, em relação a perguntas sobre ao agronegócio, que caiu nas provas, houve direcionamento de caráter ideológico. O deputado entende que, como foram apresentadas, as perguntas criminalizam o agronegócio.
Posicionamento semelhante foi anunciado pela bancada ruralista, que quer, inclusive, levar o ministro da Educação, Camilo Santana, a ser ouvido em comissões da Casa.
Enquanto focam em pautas de costumes, esses parlamentares deixam de apresentar, por falta de conteúdo ou interesse, trabalho concreto em favor de quem os elegeu. Parece coisa de quem não tem nada a fazer ou a dizer.
Essa é a verdade.
Chicória e coentro
Lá pelas bandas da Secretaria de Agricutlura, a Seagro administrada pelo deputado licenciado Luiz Tchê, o secretário da pasta, anda faltando gasolina para atividades. Há informações de que o posto que fornecia o combustível para a Secretaria suspendeu o fornecimento por falta de pagamento.
O deputado Luiz Tchê, procurado pela coluna para falar sobre o assunto, recusou as ligações. A depender da Seagro, a produção do Acre deve continuar sendo de chicória e coentro.
“Operação Resquícios”
O jornalista Ailton Oliveira, diretor de comunicação da Prefeitura de Rio Branco, disse à coluna que o prefeito Tião Bocalom não está nem um pouco preocupado com a “Operação Resquícios”, da Polícia Federal, que investiga a administração, assim como as prefeituras de Porto Walter e, Cruzeiro do Sul, no Acre, e a de Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte. Ao saber da operação, segundo o assessor, Bocalom mandou franquear todos os pedidos dos federais e mandou avisar que não tem sido investigado, por ter consciência de que trabalha dentro da legalidade.
Segundo o assessor, se fizer jus ao nome, a Operação Resquícios nada encontrará em relação à gestão atual.
Dr. Guilherme, herói anônimo
Muita justa à homenagem que o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) propôs, na sessão da Assembleia Legislativa desta terça-feira (7), ao médico Dr. Guilherme, que faleceu esta semana na Irlanda, seu país de origem, de câncer. Dr. Guilherme chegou ao Acre em 1979 e desde então passou a dedicar sua vida ao tratamento de pessoas afetadas pela hanseníase na região.
Edvaldo Magalhães pediu à mesa diretora da Aleac que em reconhecimento a toda uma vida dedicada a salvar vidas, o profissional seja homenageado in memoriam com uma Comenda do Mérito. “O Dr. Guilherme superou preconceitos e adversidades para levar tratamento e cuidados às áreas mais remotas do Estado. Ele subia e descia rios em busca de pessoas acometidas pela hanseníase, levando remédios e esperança”, disse o deputado.
Flavio Dino não teria vida fácil
Os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Sérgio Moro (União-PR) votaram contra, na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, a proposta de Reforma Tributária, aprovada nesta terça-feira (7). Os dois mostraram que estão dispostos a abrir ainda mais as caixas de ferramentas contra propostas do governo.
Entre as propostas do Governo estará, por certo, a indicação do ministro da Justiça, Flávio Dino, para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), vaga que está em aberto desde a aposentadoria compulsória da ministra Rosa Weiber. Consta que Dino poderá vir a ser indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas seu nome no Senado deverá enfrentar dura resistência – mesmo sendo ele um membro licenciado da Casa, já que foi eleito pelo PSB do Maranhão.
A resistência seria comandada pelos dois senadores bolsonaristas.