Um tema muito discutido na atualidade tem sido a regularização fundiária, em especial quando se trata de famílias que vivem em áreas de condomínios, loteamentos e assentamentos. No Acre, o assunto tem sido ponto de diversos debates entre governantes, políticos, empresários e sociedade em geral.
A regularização fundiária garante às pessoas a segurança sobre as terras, terrenos, casas e atividades que realizam com elas. A irregularidade de um imóvel impacta na participação em financiamentos bancários, programas sociais, na manutenção e na defesa de direitos.
De acordo com o especialista em regularização fundiária urbano e rural, Nil Figueiredo, cerca de 30 a 40% dos imóveis no estado do Acre estão aptos para serem regularizados, mas que ainda não há um levantamento oficial com número exatos que apontem o total de imóveis irregulares no estado.
“Há uma previsão de 30 a 40% de imóveis passivos de serem regularizados, sejam com pendências jurídica, ambiental, ou até mesmo social. É o tripé da própria regularização fundiária, que é a questão urbanística, jurídica, social e ambiental, os quatro pilares que norteiam a questão da regularização fundiária”, explica.
Nil Figueiredo ressalta, ainda, que as dificuldades para um possível levantamento passam pelo crescimento desordenado das cidades e pela falta de estrutura. “A cidade é um organismo vivo e ela vai crescendo desordenado, pois o poder público ainda tem uma estrutura muito deficiente, para acompanhar o desenvolvimento das cidades”, disse.
As consequências sociais e econômicas decorrentes das ocupações irregulares ou clandestinas são muitas, como a restrição de licenças dos órgãos públicos para construção de edificações e benfeitorias, além da não utilização do imóvel como garantia em empréstimos bancários.
“A infraestrutura está vinculada à questão social, pois quando você regulariza sua propriedade é questão de valorizar seu bem, de pertencimento da propriedade, que é sua de fato e de direito”, destaca o especialista.
Passos para regularizar seu imóvel
Com a regularização do imóvel, o dono passa a ter o direito real ao bem que comprou. Se o registro, escritura ou demais documentos não forem emitidos em cartório, não há qualquer tipo de confirmação de que a casa ou apartamento pertence ao seu nome.
Nil Figueiredo explica que o primeiro passo em busca da regularização fundiária é procurar saber se o imóvel está apto para tal ação. “O primeiro passo é fazer um diagnóstico para saber se o imóvel é passível ou não de ser regularizado. Pois às vezes o imóvel pode está em área de proteção ambiental, área verde, de risco ou em propriedades da união, do estado ou município”, enfatizou.
Além de toda uma documentação necessária para dar início ao procedimento, como contrato de compra e venda, escritura, certidões negativas, dentre outros, previamente exigidos, há instituições responsáveis pela regularização no estado, como o Instituto de Terras do Acre (Iteracre).
O Instituto vem atuando para desburocratizar a regularização fundiária no estado. Em maio deste ano, o instituto deu início, junto ao Tribunal de Justiça, à tratativas para a criação de uma vara especializada em conflitos e regularização fundiária no Acre.
Em fevereiro deste ano, o Iteracre fez a abertura do programa Minha Terra de Papel Passado que prevê recurso de R$ 10 milhões para garantir a regularização fundiária urbana e rural, com os registros de imóveis e escrituras em todo o estado.