Às vésperas de completar 21 anos, o assassinato do pecuarista e ex-presidente do extinto Banco do Estado do Acre (Banacre), Mauro Braga, morto a tiro na porta de sua fazenda, na Estrada Irineu Serra, em Rio Branco (AC), caminha para o desfecho final. O acusado pela contratação do pistoleiro que executou o crime, Vilmar Vieira de Souza, morador de Goiânia, foi julgado pela 1ª Vara do Tribunal do Júri da comarca da capital acreana e condenado, mas vai continuar em liberdade.
Braga foi assassinado com um tiro no ouvido em 19 de dezembro de 2002, pelo pistoleiro Dorivaldo Sardinha da Costa, que teria sido contratado pelo acusado Vilmar Vieira de Souza. Além deste acusado, o assassinato de Braga envolveu outras pessoas além do contratante e do pistoleiro.
Em 2005, o Tribunal do Júri Popular condenou, como mandante do crime, o pecuarista Antônio Augusto Rodrigues de Araújo, o “Bodão”, amigo e antigo sócio de Mauro Braga, com quem transacionava no comércio de gado. O fazendeiro foi condenado a 16 anos de prisão como o mandante do assassinato do antigo parceiro de negócios. O gerente de sua fazenda, Sebastião Bento da Silva e sua namorada Dinara da Silva Lobo, também foram condenados como envolvidos no crime, a 16 e 12 anos de prisão, respectivamente. O pistoleiro Sardinha, que havia dado um tiro certeiro atrás da orelha de Mauro Braga, pegou 16 anos de condenação.
A causa do crime seria uma dívida contraída por “Bodão” junto a Mauro Braga na transação com o gado. A dívida seria de pelo menos três mil cabeças de gado e pecuarista, segundo a denúncia, ao invés de pagar a dívida, decidiu mandar matar o homem do qual era credor.
No julgamento da tarde desta quinta-feira (9), por videoconferência, Vilmar Vieira de Souza, que vive em Goiânia, foi condenado a 19 anos e três meses de prisão, mas vai continuar em liberdade para poder recorrer da decisão em instâncias superiores da Justiça. No julgamento, no entanto, Vilmar Vieira de Souza antevê a mesma estratégia que utiliza desde o início do processo: a de se esconder e dificultar a apuração do crime.
Foi o que denunciou o promotor da sessão, Hildo Maximiano, ao revelar que o réu não abriu o link para acompanhar o julgamento de forma virtual, conforme combinado com a Vara do Júri. “Este homem se escondeu o tempo todo ao longo do processo, não contratando advogado e criando outras dificuldades a fim de não enfrentar o julgamento”, disse o promotor. Apesar da ausência virtual, o acusado foi julgado e condenado mas não será preso.
Hildo Maximiano lembrou ainda que Mauro Braga foi assassinado a partir de uma trama que incluiu até os peritos do IML (Instituto Médico Legal) da Polícia Técnica do Acre. Na época, a perícia do IML chegou a divulgar um laudo informando que Braga, apesar de abatido a tiros, ter sido morto por um infarto fulminante no miocárdio.