Numa sociedade, como a acreana, em que a política está na ordem do dia da vida das pessoas ao ponto de mal acabar uma campanha eleitoral e já se começa a discutir a próxima, o então deputado federal Alan Rick acabou a campanha de 2022, depois de dois mandatos, como senador eleito. E o que se sabia, incluindo as pedras e calçadas de todo Acre, é que o senador eleito seria, fatalmente, candidato à sucessão do governador reeleito Gladson Cameli. Este é o assunto que está na ordem do dia da vida dos acreanos no encerramento deste ano, faltando ainda três anos para aquela eleição.
Publicamente, o senador ainda não fala sobre o assunto, mas tem demonstrado que poderá, sim, vir a ser candidato ao governo.
Na entrevista a seguir, ele fala sobre o tema, avalia a candidatura do agora emedebista Marcus Alexandre, a quem não considera imbatível na disputa pela Prefeitura, diz que não há disputa interna no UB (União Brasil), seu partido e do qual é presidente regional, reafirma que não haverá coligações com o PT ou outros partidos de esquerda e admite a possibilidade de vir apoiar Alysson Bestene ou Tião Bocalom para a Prefeitura, no ano que vem.
A seguir, os principais trechos de uma entrevista com o senador:
ContilNet: Qual o balanço que o senhor faz da política em 2023? O Brasil avançou ou regrediu?
Alan Rick – O maior avanço político do ano foi a retomada da autonomia e altivez do Senado Federal ante as incursões autoritárias do STF. O Senado aprovou a PEC 8/2021 que limita os poderes das decisões monocráticas de ministros do Supremo, barrou a nomeação do indicado de Lula para a Defensoria Pública da União e por pouco não derrotou a indicação de Flávio Dino para a vaga no STF. O Senado também derrubou os vetos presidenciais ao Marco Temporal de terras indígenas, à desoneração da folha de pagamento e ao Estatuto da Simplificação das Obrigações Tributárias Acessórias, matéria da qual fui relator no Senado. Entre os retrocessos estão as tentativas do governo Lula de acabar com importantes conquistas do povo brasileiro através do Congresso, como o novo Marco Legal do Saneamento, o fim do imposto sindical obrigatório, a desoneração da folha de pagamento, a autonomia do Banco Central, entre outras.
Sob Lula, quais as pautas debatidas positivas e as negativas?
Os investimentos internacionais no Brasil caíram 32% este ano. O Brasil vai fechar 2023 com um déficit primário de R$ 203,4 bilhões, ante a um superávit em 2022 (último ano do governo Bolsonaro) de R$ 54,8 bilhões. Lula tentou acabar com a autonomia do Banco Central, um avanço inestimável para garantir a estabilidade do Real. Lula questionou importantes privatizações, taxou as compras internacionais do cidadão comum em sites como Shopee, Shein e AliExpress. Lula tentou, por decreto, acabar com os avanços do Marco Legal do Saneamento. Com apoio do STF ressuscitou o imposto sindical obrigatório. Lula contrariou o Congresso ao vetar o Marco Temporal para demarcação de terras indígenas e foi derrotado na sessão que derrubou os vetos presidenciais. Foram vários retrocessos. De positivo posso citar a retomada do programa Mais Médicos – fundamental para as cidades do interior, o início da reconstrução da BR-364 que foi uma luta da bancada federal do Acre, Aleac (Assembleia Legislativa do Eatado do Acre), associações comerciais, com apoio do Ministério dos Transportes e DNIT.
Como político, o senhor sente saudades do Bolsonaro na presidência? Por quê?
Bolsonaro fez muito pelo Brasil. Junto com o Congresso, aprovou reformas importantes para simplificar a vida dos cidadãos. Criou o PIX; deu 33% de aumento aos professores; deu 92% de desconto para aos alunos que deviam o FIES; aumentou o Bolsa Atleta de R$ 1.000,00 para R$ 8.000,00; possibilitou a transferência de veículos sem cartório; criou a tecnologia 5G brasileira; obteve recordes na exportação brasileira; obteve superávit na balança comercial; zerou impostos federais para gasolina e gás; reduziu imposto e teve recordes na arrecadação; concluiu a transposição do Rio São Francisco – parada há décadas; aumentou de R$ 180,00 no Bolsa Família para R$ 600,00 com o programa Auxílio Brasil; combateu o narcotráfico como nunca antes; instituiu a carteira de motorista agora válida por 10 anos; criou a carteira nacional digital para estudantes; privatizou estatais que não funcionavam e davam prejuízo ao país; entregou a vacina da COVID antes de muitos países; recuperou a Petrobras que deu lucro de mais de R$ 40 bilhões, entre outras conquistas.
Regionalmente, como está a questão do União Brasil? O senhor não temeria perder a direção para o suplente de deputado Fábio Rueda, que é irmão e ligado à cúpula nacional da sigla?
Não existe possibilidade de eu “perder” a presidência do União Brasil. É preciso conhecer a legislação. Eu e minha diretoria fomos eleitos por unanimidade em convenção partidária, seguindo todos os trâmites que preconiza a legislação brasileira. Apenas executivas provisórias podem ser dissolvidas por decisão de instância superior. Uma executiva permanente só pode ser dissolvida mediante a comprovação de que o processo de eleição foi forjado ou não cumpriu trâmites exigidos pela lei. Essa disputa com o Fábio Rueda não existe.
Como o senhor ficara ao se definir como um político de direita, dirigindo um Partido que em algumas prefeituras pode até se aliar ao PT?
No que depender de mim, respeitando as questões de cada município, o União Brasil, não apoiará candidatos a prefeito de partidos da esquerda radical. O partido tomará sua decisão sobre as eleições municipais na capital depois de fevereiro de 2024.
A esta altura, já é possível dizer que o UB não terá candidato a prefeito na Capital. O senhor apoiaria o senhor Alysson Bestene, o provável candidato do governador Gladson Cameli?
Não vejo óbice em apoiar o prefeito Bocalom ou o secretário Alysson Bestene, porém, essa decisão só será tomada após fevereiro. Vamos avaliar inclusive a possibilidade de uma candidatura própria do União Brasil.
Como ver a candidatura do senhor Marcus Alexandre, do MDB. Ele é de fato favorito como dizem as pesquisas?
As pesquisas demonstram uma queda nos números do pré-candidato Marcus Alexandre. A identificação ideológica com o PT deve estar pesando em seu desfavor.
Como será sua relação com o governador Gladson Cameli?
Boa. Estou trabalhando muito para ajudar o Estado e o governador sabe disso. Temos uma relação de amizade e respeito mútuo.
O senhor será candidato a governador em 2026?
Sou candidato a concluir meu mandato de Senador e ajudar ainda mais o povo do Acre. Vencemos muitos desafios este ano. Conseguimos o compromisso do Ministério dos Transportes e do DNIT para reconstruir nossa BR 364. Fizemos várias audiências com as empresas aéreas e conseguimos retomar os voos diurnos. Consegui o compromisso da Azul Linhas Aéreas para voltar a operar no Acre. Recentemente também negociamos a vinda da Total Linhas Aéreas para gerar ainda mais concorrência. Construímos um Consórcio Municipal em parceria com os 22 municípios e a AMAC para iniciarmos o projeto dos aterros sanitários do Acre – uma das mais importantes ações de saneamento e saúde pública do Estado. Fechamos um importante convênio com o Hospital de Base de São José do Rio Preto/SP, que já está ajudando a salvar vidas de acreanos que precisam de cirurgias urgentes de alta complexidade. Retomamos a atuação dos médicos brasileiros formados no exterior no Programa Mais Médicos. Fui eleito presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado e aprovamos importantes projetos favoráveis à nossa agropecuária. E por fim, fui eleito o 3º melhor senador do Brasil e melhor parlamentar federal do Acre pelo Ranking dos Políticos, entre outras vitórias neste ano.