Bocalom faz balanço da gestão em 2023 e diz que Bolsonaro tem sinalizado sua ida para o PL

Prefeito analisa as realizações de seus três anos de mandato e anuncia que vai enfrentar adversários com a força de seu trabalho

O prefeito Tião Bocalom (PP) vai para à reeleição no ano que vem, possivelmente por um partido que não seja ao que está filiado, certo de que baterá seus adversários porque, segundo ele, “contra o trabalho não há adversários”. Foi o que ele disse numa entrevista em que avalia os pontos positivos dos três anos de sua gestão e aponta o que pretende fazer no ano de mandato que ainda o resta, quando será candidato a um novo mandato. 

Sobre os buracos nas ruas de Rio Branco, diz que se não fez mais foi porque, em suas palavras, encontrou uma cidade com ares de que havia sido bombardeada.  

Prefeito Tião Bocalom/Foto: ContilNet

Bocalom fala do que fez em termos de obras, de ações de combate à fumaça no período das queimadas e promete que continua se esforçando para resolver o problema do abastecimento de água potável na cidade. Para isso, assim que vier o ano novo, ele começa furar o solo de Rio Branco a fim de extrair água de poços.

Mas ele também fala de política e dos problemas que enfrenta dentro do PP, ao qual é filiado e diz que poderá trilhar outros caminhos na disputa pela reeleição. 

A seguir, os principais trechos da entrevista: 

O terceiro ano de sua administração está terminando e a pergunta é básica: o senhor conseguiu realizar aquilo que pretendia e que prometeu em campanha?

Tião Bocalom – Primeiro de tudo, eu devo dizer que estou muito feliz porque a gente conseguiu realizar muitas coisas, inclusive quebrar paradigmas. Eu ouvi de uma pessoa muito influente e que realmente conhece da área de controle de órgãos públicos. Ela disse o seguinte: olha, Bocalom, sempre que a gente trazia uma demanda para a Prefeitura, o que a gente ouvia dos prefeitos é que não havia dinheiro. Contigo, todas as vezes que a gente traz alguma demanda, você diz: vamos fazer.

Isso significa que nós, graças a Deus, que aquilo que fizemos em Acrelândia, também estamos fazendo aqui em Rio Branco, que é cuidar bem do dinheiro público. O dinheiro público, quando você cuida bem dele, ele rende e as coisas realmente dão certo. É o que estamos conseguindo fazer e eu fico feliz em saber que, a cada ano que passa, nós estamos fazendo mais e mais pela nossa cidade e nossa população. A nossa cidade hoje está toda iluminada, com 100% de lâmpadas de Led, é a primeira da capital da região Norte a fazer isso e já é também a cidade mais limpa da região Norte. A nossa cidade foi a única da região Norte em que praticamente não houve fumaça nos meses de agosto, setembro e outubro, como sempre aconteceu a vida inteira.  Em 2023 praticamente a gente não teve esse problema, enquanto Porto Velho e Manaus isso persistiu e foi muito grave.

O que aconteceu? Por que Rio Branco não teve tanta fumaça neste ano que está terminando?

Tião Bocalom – Porque nós fizemos o dever de casa. Concretamente, nós entramos com uma forte campanha de educação ambiental. As pessoas que queimavam o lixo no fundo de quintal como a coisa mais natural do mundo, elas deixaram de fazer isso porque, com a educação ambiental, as pessoas sabem que a Secretaria Municipal de Cuidados com a Cidade vai passar, nos dias certinhos, e recolher o lixo. Ou seja, as pessoas sabem que agora já não precisam queimar porque a Prefeitura está fazendo esse trabalho e a limpeza da cidade é uma coisa que todo mundo está vendo. A outra coisa que a gente fez que eu tenho certeza que influenciou muito na questão da diminuição da fumaça na cidade: o combate ao incêndio no lixão, ali na Trasacreana. Aqudle lixão ali queimava todos os anos durante 60 a 90 dias. Imagina o que significa aquele lixão queimando durante 24 horas. Era muita fumaça!

Outra coisa que a gente fez e que diminuiu muito a questão da fumaça: os nossos produtores rurais aqui do entorno de Rio Branco, do cinturão verde, queimavam alguma coisa em torno de 2 mil hectares todos os anos para poderem fazer suas plantações. Com o programa de mecanização que nós fizemos através da Secretaria Municipal de Agricultura, os produtores pararam com isso porque nós fizemos a mecanização, levando calcário e adubo e eles não mais tiveram que queimar.

Quando você junta tudo isso, não queimar aproximadamente o equivalente a dois mil campos de futebol, as pessoas não queimarem lixo em seus quintais e também o lixão não queimando, só isso daí diminuiu a fumaça aqui em Rio Branco; não vou dizer que zerou, mas melhorou muito a qualidade do ar na nossa cidade, como resultado do trabalho verdadeiramente executado e não só de conversa como faziam de primeiro.

De primeiro diziam até que a fumaça vinha da Bolívia. Quando você se dispõe a estudar o caso, você percebe que não há jeito de haver fumaça contra a corrente de ar. A corrente de ar começa no mar, entra na região pelo Rio Amazonas e segue para rebater nos Andes. Aí desce para São Paulo, Mato Grosso – ou seja, a fumaça pode descer, mas subir não. Então sempre disseram que a gente tinha fumaça aqui que era da Bolívia e agora deu para ver que boa parte de toda a fumaça era nossa. Graças a Deus, com essa mitigação que a gente fez, tivemos pouca fumaça, poucos casos de doenças respiratórias e que ganhou com isso foi a população.

Além do combate à fumaça, qual outra ação de seu mandato que o senhor destacaria?

Tião Bocalom – Eu destacaria que a Saúde andou muito bem. Nós estamos reformando e ampliando as unidades de saúde e vamos construir mais dez novas unidades. Com isso, a Saúde melhorou e melhorou muito – a Saúde básica, a que a Prefeitura cuida, porque o outro sistema, de cirurgias e outras coisas mais complexas, é com o Governo do Estado. Mas onde a Prefeitura atua, graças a Deus melhoramos. Melhoramos os salários dos médicos. Com isso conseguimos contratar uma quantidade grande de médicos, de enfermeiros, de dentistas e estamos atuando diretamente nas unidades de saúde com bastante medicamentos. Nós não deixamos faltar medicamentos. Acho que isso são coisas fortíssimas e que não tinha antes, quando faltava funcionários, faltava medicamentos. Graças a Deus, conseguimos reverter isso. 

A outra coisa é a questão da própria cidade. A nossa cidade hoje é a mais iluminada… Mas o senhor continua a enfrentar críticas por causa dos buracos na cidade. O que o senhor diz sobre isso?

Tião Bocalom – As ruas de Rio Branco têm buracos? Infelizmente, têm. Quando eu assumi, parecia que havia caído uma bomba sobre a cidade. Quanto à melhoria nas ruas, quem diz isso não sou eu. É taxista, mototaxista, é o pessoal que trabalha com Uber. Tem coisa para fazer ainda? Tem! Mas nós vamos fazer muito agora com o empréstimo que a Câmara Municipal aprovou agora e o dinheiro que a gente colocou à disposição da população, como foi no caso dos R$ 30 milhões no Programa Recupera Rio Branco, depois da alagação. Outra coisa que a gente considera como um ponto positivo demais: a Prefeitura de Rio Branco nunca havia puxado para ela o atendimento e o acolhimento das famílias que perderam tudo nas alagações. Sempre que perdiam tudo, ficava por isso mesmo e quem fazia alguma coisa, quando fazia, era o Governo do Estado. Em nossa gestão, a Prefeitura puxou o problema para ela. Tanto é prova que nós puxamos, assim que houve o problema nós atendemos com sacolão, com colchão, com kits de limpeza. Ninguém ficou pedindo comida, colchões ou sacolões. Nós atendemos isso com o nosso dinheiro, muito diferente do que havia antes, quando ficavam pedindo pelo amor de Deus. A Prefeitura acabou com isso porque a Prefeitura, graças a Deus, tinha dinheiro para fazer isso. Fora isso a gente deu também – repusemos, os eletrodomésticos que as pessoas perderam em suas casas, de onde saíram correndo para não perder suas vidas, deixando para trás colchões, geladeiras, televisão, guarda-roupas e nós repusemos isso. Demos também uma ajuda financeira a pequenos empresários e microempresários que perderam suas coisas também, uma ajuda de até R$ 4 mil reais, algo que a Prefeitura nunca havia feito. Também a questão no apoio à zona rural, com os ramais. A prefeitura nunca havia assumido a responsabilidade pelo e esse ano fizemos mais de 1.500 quilômetros de ramais, que são quase três vezes viagens ida e volta a  Cruzeiro do Sul.

O que o senhor gostaria de ter feito e que não fez ainda em sua gestão? 

Tião Bocalom – Esse problema da água é algo que me preocupa muito. Mas estamos trabalhando nisso também. Nós acabamos de fechar uma licitação para furar os dois primeiros poços de pesquisas, de até 800 metros de profundidade. Um no Primeiro e o outro no Segundo Distrito da cidade. São poços experimentais, de pesquisa. A gente quer saber onde tem água. Outra coisa que nunca foi feita em Rio Branco. É a primeira vez que a Prefeitura se envolve nisso. A água está ficando um produto difícil de ser captado do Rio Acre no período de estiagem. A Defesa Civil de Rio Branco está aí para confirmar isso. O Rio Acre, numa época dessas, nunca esteve tão baixo. Nesse período era de sete ou oito metros de água. É um sinal de que no ano que vem a gente possa ter problemas e por isso vamos continuar a cavar os poços, através de pesquisas para saber onde tem água e em qual profundidade. Concluído isso, vamos começar a furar os outros poços para poder abastecer a população não só com água em si, mas com água de qualidade, que é água de poço.

Falando de política agora: como é que o senhor está reagindo ao enfrentamento que está tendo dentro do seu próprio partido, PP, que apresentou uma candidatura, a do senhor Alysson Bestene, em detrimento da sua à reeleição, que seria algo quase que natural, já que o senhor está no mandato?

Tião Bocalom – Evidentemente que fico triste com o que estão fazendo comigo. Acho que seria natural [a candidatura à reeleição pela sigla], uma vez que estou no mandato, não estou envergonhando o Partido, uma vez que não há um único escândalo envolvendo nossa gestão; tem sim, ao contrário, muitos elogios porque mostramos que, quando se tratar de dinheiro público, o dinheiro rende e dar para fazer o que a gente está fazendo. 

Eu fico triste porque o PP é o Partido da minha vida. Eu venho da Arena, da Antiga Arena, que virou PDS, PPB e agora PP. Eu sou da antiga Arena por onde fui vereador e depois prefeito pelo PDS. Passei por outras siglas mas em 2020 voltei ao Patido, onde fui muito bem acolhido e fiquei muito feliz em ter virado prefeito e agora, com um direito meu à reeleição pela sigla, o partido está quase me expulsando: me mandaram uma carta dizendo que eu posso sair do partido e que o Partido tem um outro candidato, essa coisa toda. Espero que isso seja revisto mas se não for revisto, eu vou procurar outro caminho.

Seria então o PL esse seu novo caminho?

Tião Bocalom – Acredito que sim porque o senador Marcio Bittar e sua equipe e o próprio ex-presidente Bolsonaro têm sinalizado que gostariam muito que a gente fosse para lá. Mas ainda há tempo para gente ver o que vai fazer.

O senhor está preparado para enfrentar o ex-prefeito Macus Alexandre, do MDB?

Tião Bocalom – Estou, sim. Contra o trabalho não há adversário. É natural a candidatura dele ou de qualquer outro candidato. Democracia é isso. Mas estou focado na nossa pré-candidatura e em nosso trabalho. Estamos trabalhando muito e vamos trabalhar mais ainda no ano que vem.

O senhor tem dito que tem economizado muito dinheiro na Prefeitura. Mas, ao mesmo tempo, tem sido o prefeito que pediu a maior quantidade de empréstimos para a capital. Não é uma contradição isso?

Tião Bocalom – Quem diz isso é quem pensa pequeno. Quem não tem noção do que é planejamento e execução. Se tenho dinheiro para fazer uma obra e posso conseguir empréstimo para fazer três obras, é natural que eu faça as três obras. A população não pode esperar. Ou Rio Branco está tão perfeita que não precisa mais de obras? Ou está resolvido a questão do asfalto? Não, com os R$ 50 milhões que vou gastar do nosso, não dá para resolver o problema de Rio Branco. Nem com os R$ 150 milhões do empréstimo, porque eu preciso de R$ 1 bilhão para resolver o problema de Rio Branco. Se eu consigo uma parte e um empréstimo de R$ 140 milhões, já é um avanço. Quem tem condições de pagar empréstimo, por que não fazer? Não poderíamos fazer se a Prefeitura estivesse quebrada.

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