Mark Zuckerberg está construindo complexo ultrassecreto de R$ 1,3 bilhão no Havaí

O local vai abrigar duas mansões, ao menos uma dúzia de edifícios com no mínimo 30 quartos e 30 banheiros, com vários elevadores, escritórios, salas de conferências e cozinha de tamanho industrial

Vista do lado norte da ilha de Kauai, onde Zuckerberg está construindo o seu complexo — Foto: Wolfgang Kaehler/LightRocket via Getty Images

Vista do lado norte da ilha de Kauai, onde Zuckerberg está construindo o seu complexo — Foto: Wolfgang Kaehler/LightRocket via Getty Images

A ilha Kauai, no Havaí, abriga cerca de 73 mil pessoas, e esse número irá aumentar com a chegada de um grande empresário do setor e tecnologia: Mark Zuckerberg. O CEO da Meta, como informa a Wired, está construindo no local um complexo de US$ 270 milhões (aproximadamente R$ 1,3 bilhão) que terá até um bunker subterrâneo.

Pouca coisa se sabe sobre o projeto até agora, pois todas as pessoas envolvidas, de carpinteiros e eletricistas a pintores e seguranças, tiveram de assinar um acordo de confidencialidade. E quem descumpre as regras é demitido imediatamente.

“É o clube da luta. Não falamos sobre o clube da luta”, disse David, um ex-funcionário contratado que não pode ter seu sobrenome revelado. “Qualquer coisa postada, eles ficam sabendo imediatamente.”

Outro ex-trabalhador da obra, John, contou que soube de algumas histórias de pessoas que perderam o emprego por compartilharem fotos nas redes sociais.

Mansões e bunker

Para evitar curiosos, um muro de 1,80m bloqueia a visão. E guardas vigiam o portão de entrada e patrulham as praias vizinhas em quadriciclos.

Como as pessoas são proibidas de falar, histórias fantásticas sobre o complexo têm corrido solta na ilha. Por exemplo, uma pessoa ouviu dizer que Zuckerberg estava construindo uma vasta cidade subterrânea. Outras especulam que a propriedade se tornará uma espécie de bunker pós-apocalíptico em caso de colapso da civilização.

A reportagem do Wired, descobriu, através de entrevistas, registos públicos e documentos judiciais, que a propriedade, chamada de Koolau Ranch e localizada em uma área de cerca de 57 mil metros quadrados, terá mesmo um abrigo subterrâneo de mais de 5.000 metros quadrados, com seus próprios suprimentos de energia e alimentos.

Além disso, haverá ao menos uma dúzia de edifícios com no mínimo 30 quartos e 30 banheiros, e duas mansões com área total comparável a um campo de futebol profissional, com vários elevadores, escritórios, salas de conferências e cozinha de tamanho industrial.

Em uma área arborizada próxima, está planejada a construção de 11 casas na árvore em forma de disco, que serão conectadas por pontes de corda. Também haverá áreas com academia completa, piscinas, sauna, banheira de hidromassagem e quadra de tênis, casas de hóspedes e edifícios operacionais.

Muitas das portas do local foram planejadas para serem operadas por teclado ou à prova de som. Outras, como as da biblioteca, são descritas como “portas cegas”, feitas para imitar o desenho das paredes circundantes. A porta do abrigo subterrâneo será construída em metal e preenchida com concreto.

Segundo o ex-funcionário David, há câmeras por toda parte, e os documentos comprovam isso – mais de 20 estão incluídas nos planos apenas para um prédio de operações.

O Wired destaca que o complexo será autossuficiente, com seu próprio tanque de água e produção de alimentos por meio da pecuária e da agricultura.

Acidentes, repressão e processos

Em um projeto de tamanha escala e magnitude, acidentes foram registrados. Em fevereiro, por exemplo, um guindaste que descia uma estrada íngreme e estreita na propriedade caiu colina abaixo e o seu condutor ficou gravemente ferido.

Mas as informações sobre essa e outras ocorrências também são escassas. Inclusive, há uma repressão sobre a divulgações de notícias, de acordo com o jornalista local Allan Parachini. Ele relatou que, ao longo de 2017, solicitou licenças na tentativa de saber o que Zuckerberg estava construindo em Kauai, sem sucesso.

Recentemente, Parachini escreveu um artigo de opinião no jornal The Garden Island, que criticava o CEO da Meta e ainda fazia um apelo aos residentes para dizerem ao bilionário “que abusar da sua administração de praias públicas como se fôssemos apenas mais um grupo de vítimas do Facebook é inaceitável”.

Após a publicação, afirma o jornalista, um representante local de Zuckerberg o informou que sua equipe não se comunicaria com ele para quaisquer reportagens futuras.

Outra questão envolvendo a construção é a transformação da ilha havaiana. O morador Jeff Lindner descreveu que antes dela começar não havia trânsito e nem barulho. E tem mais: o projeto não passou por nenhum processo de revisão pública, como às vezes é necessário para negócios deste tamanho.

Há ainda conflitos envolvendo os antigos proprietários das terras onde Koolau Ranch está sendo erguido. O ponto é que a lei havaiana permite a transferência de terras para descendentes ancestrais sem escrituras formais, o que significa que centenas de descendentes dos proprietários originais detinham pequenas parcelas de terras dentro do complexo e poderiam entrar legalmente para acessá-las.

Para evitar que isso acontecesse, uma série de ações judiciais foram protocoladas e deram a esses descendentes a opção de vender sua participação na terra ou licitá-la em leilão.

Por conta disso, o CEO da Meta foi durante criticado. Mas ele e a esposa Chan tomaram algumas medidas para melhorar as suas imagens na ilha. Uma delas foi a doação de mais de US$ 20 milhões (R$ 98 milhões) para diversas organizações sem fins lucrativos locais.

O casal também estabeleceu relacionamento com o prefeito de Kauai, Derek Kawakami, realizando reuniões para discutir o financiamento de iniciativas locais durante a crise das enchentes de 2018 e no auge da pandemia de covid-19, e ajudou a relançar um programa de empregos do condado com uma doação de US$ 4,2 milhões (R$ 20,6 milhões).

Mais ações foram contratar Arryl Kaneshiro, então presidente do Conselho do Condado de Kauai, como consultor agrícola, e doar US$ 4 milhões (R$ 19,6 milhões) para financiar a compra de um viveiro de peixes tradicional havaiano administrado por Malama Huleia, uma ONG que se concentra na restauração de áreas úmidas por meio de práticas culturais nativas havaianas.

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