Apesar da redução da velocidade de afundamento da área ao redor de uma mina de sal-gema em Maceió, Alagoas, nos últimos dias, as autoridades continuam em alerta. De acordo com a informação atualizada pela Defesa Civil do estado na manhã desta sexta-feira (8/12), O movimento total apresentado nas últimas 24h é de 5,7 cm.
Assim, o afundamento chegou a um total de 2,06 metros de profundidade. Por outro lado, a velocidade foi reduzida de 0,28cm/hora para 0,23cm/h. As autoridades pedem que a população local evite transitar pelo bairro do Mutange.
O pior cenário seria o colapso da área, com uma cratera que poderia chegar a 152 m de raio. O bairro do Mutange, em Maceió (AL), que faz parte da zona crítica para risco de colapso, registrou mais de mil abalos sísmicos no espaço de cinco dias.
Veja a íntegra da nota:
Quando tudo começou em Maceió
As atividades de mineração da Braskem nesses poços de sal-gema provocaram o deslocamento do solo há anos, numa situação que já obrigou mais de 55 mil pessoas a deixarem suas casas desde 2018, quando foi sentido o primeiro tremor de terra no bairro do Pinheiro.
Após esse tremor, surgiram relatos de rachaduras em imóveis e crateras em vias públicas, que se expandiram para os bairros do Mutange, Bebedouro, Farol e Bom Parto, que, junto ao de Pinheiro, são os cinco bairros de Maceió afetados pela escavação do solo.
As investigações começaram e somente em 2019 o Serviço Geológico do Brasil (SGB), antigo CPRM, divulgou o relatório de estudos com a conclusão de que o problema é causado pela extração de sal-gema, realizada pela Braskem há mais de 44 anos.
No início, em 1975, a empresa que começou a escavação foi a Salgema Indústria Química de Alagoas, que depois passou a ser chamada de Braskem. Ao todo, são 35 minas de sal-gema escavadas no solo da área urbana de Maceió e que desde 2019, segundo a Braskem, estão sendo fechadas e estabilizadas.
O sal-gema tem uso industrial e só parou de ser extraído pela empresa no subsolo de Maceió em 2019. A Braskem é uma sociedade entre a Petrobras, que é controlada pelo governo federal, e a Novonor (ex-Odebrecht).
Como ficaram os moradores
Como tentativa de reparar o dano e em acordo com o Ministério Público e a prefeitura, a Braskem criou o Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação, para retirar os mais de 14 mil imóveis daquelas localidades de risco.
No Termo de Acordo entre os proprietários de imóveis e a Braskem, a empresa oferece R$ 5 mil como auxílio financeiro para custos extras de mudança, um auxílio-aluguel mensal de R$ 1 mil, limitado a 24 meses, e à indenização, que é calculada caso a caso.
O que diversos moradores relatam é que a indenização proposta pela Braskem é injusta e ínfima em comparação aos danos causados pela desocupação dos imóveis. É por esse motivo que ainda havia pessoas residindo em regiões de criticidade 00, que é a mais elevada e exige realocação.
Além disso, uma vez realocada, a família tem que aguardar o ingresso no fluxo da compensação financeira, conforme cronograma definido pela Braskem com as autoridades públicas. Ou seja, o dinheiro não é pago instantaneamente e algumas famílias ainda aguardam a indenização.
Já os moradores desses mesmos bairros que vivem em regiões de menor criticidade permanecem no local, sem o direito à realocação e compensação financeira, vivendo numa espécie de isolamento urbano, a exemplo da comunidade dos Flexais, no bairro do Bebedouro.
O governo federal está acompanhando o caso com mais atenção desde a emergência da mina 18, e a expectativa das autoridades locais é ajudar a encontrar soluções mais definitivas para os afetados e para a cidade de Maceió. Com um pedaço isolado, a capital enfrenta problemas no trânsito e perdeu equipamentos como escolas e hospitais.