Acre registra mais de 80 casos suspeitos de ‘Doença da Paca’ e adota medidas de enfrentamento

"Na nossa região, há a cultura de se premiar os cães utilizados em caça com esse tipo de alimento, o que ocasiona a infecção do animal e, consequentemente, do ser humano”

Depois de registrados 87 casos suspeitos de ‘Doença da Paca’ em Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves e Mâncio Lima, o Governo do Acre, por meio da Sesacre (Secretaria de Estado de Saúde), realizou ações de enfrentamento contra a doença, a partir de dados de uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), nos dias 17, 18 e 19 de janeiro, no Estado.

A Hidatidose ou Equinococose Neotropical é uma doença causada pelo parasita Echinococus vogeli, que ao se alojar perto do ânus, ou em outros tecidos do corpo humano, causando emagrecimento, febre, náuseas, diarreia, além de dores abdominais, entre outros sintomas.

A coroa de ganchos de Echinococcus vogeli permite que o verme adulto se fixe no intestino de seus hospedeiros/Foto: Fiocruz

O médico veterinário João Nélson Morais, que é responsável pelo Núcleo de Zoonoses da Coordenação Regional de Saúde do Juruá, Tarauacá e Envira, falou à Agência de Notícias do Acre que “a infecção no ser humano ocorre principalmente pela ingestão de alimentos ou água contaminados com fezes de cães, que são alimentados com vísceras cruas de paca acometidas pela doença”.

“Na nossa região, há a cultura de se premiar os cães utilizados em caça com esse tipo de alimento, o que ocasiona a infecção do animal e, consequentemente, do ser humano”, explica.

Morais: “O diagnóstico fecal realizado in loco trará celeridade ao tratamento dos animais e das pessoas”. Foto: cedida

Com isso, o Laboratório de Parasitologia Integrativa e Paleoparasitologia da Fiocruz, responsável pela pesquisa na região, está investigando os cães suspeitos de estarem infectados. “No momento, estamos alinhando a implantação na regional de fluxos de diagnóstico fecal canino e envio de amostras”, fala Morais.

O laboratório responsável realizou capacitações para os profissionais de Saúde e Educação sobre a hidatidose, em setembro de 2023. O médico veterinário reflete sobre o cenário:

“As capacitações da Fiocruz nos deram subsídio [informações] para identificar os locais de maior risco do agravo, a população afetada, o ciclo da doença, o papel do cão no ciclo, o número de casos, além das formas de prevenção e controle para que possamos realizar atividades de educação em Saúde, com o objetivo de orientar a população”.

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