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Aliado diz que Bocalom deve decidir ida para o PL perto do fim do prazo dado pelo TRE

Por Tião Maia, ContilNet

Prefeito Tião Bocalom/Foto Thalles André, ContilNet

A decisão do prefeito Tião Bocalom sobre sua saída ou não do PP (Partido Progressistas) para disputar a reeleição, que precisa ser tomada até o mês de abril, será decidida, como na linguagem do futebol, nos últimos segundos do segundo tempo da prorrogação – ou seja no prazo limite da legislação para quem deseja concorrer às eleições municipais de 2024. Foi o que revelou ao ContilNet um assessor político do prefeito, eleito em 2020 pelo PP, cuja direção agora quer sua saída da sigla e até o ameaça de expulsão.

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Prefeito Tião Bocalom/Foto Juan Diaz, ContilNet

O pedido para que Bocalom dê o prazer de sua ausência do PP parte de líderes da sigla como a deputada federal Socorro Neri, presidente da executiva municipal do Partido, da vice-governadora Marilza Assis e, dizem à boca pequena, até do governador Gladson Cameli, embora este, com a autoridade de maior liderança estadual do Partido, não fale do assunto abertamente. Tudo isso porque os dirigentes do PP decidiram apoiar como candidato a prefeito pelo PP o odontólogo e secretário de Governo Alysson Bestene, amigo pessoal e candidato in pectori do governador Gladson Cameli.

Como uma das leis da Física é a impenetrabilidade de matérias iguais no mesmo espaço – ou seja, não é possível dois corpos físicos ocuparem o mesmo lugar, um dos dois, Alysson ou Bocalom, teriam que sair. A direção do PP já avisou que, no caso, vai de Alysson Bestene, mesmo sob protestos de Bocalom, que entende ter o direito natural de ser candidato à reeleição por ter sido eleito e estar no mandato pelo PP.

“Minha gestão, que não tem escândalos nem desvios de comportamento e não envergonha o PP e por isso não entendo essa necessidade de a direção do PP me trocar por outro nome”, disse Bocalom em recentes declarações ao ContilNet sobre o tema.

Além do que entende ser um direito natural, Bocalom apela para seu passado político com ligações com o PP, desde a origem da sigla. ” Eu venho da Arena”, disse Bocalom ao se referir ao que já foi o maior Partido Político do Ocidente, no dizer do então governador de Minas, Francelino Pereira, no final da ditadura militar imposta e exterminada no país só em 1985. Durante os 25 anos de ditadura militar no Brasil, o regime político foi sustentado pela Arena (Aliança Renovadora Nacional), a qual virou PDS, PPB e agora PP. 

O que Bocalom não diz é que, desde os tempos em que passou a fazer política no Acre, quando se tornou prefeito de Acrelândia por três mandatos, ele já andou por vários Partidos, incluindo o PSDB, por onde inclusive foi candidato a governador, em 2010, e pelo extinto PSL, antigo Partido pelo qual Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República, em 2018. Naquela eleição, Bocalom foi candidato a deputado federal e ficou primeiro suplente, faltando poucos votos para abocanhar o mandato pelo PSL.

O que Bocalom também não diz nem cobra a fatura ou intervenção do governador em relação a sua saída do PP, é  que, em 2018, quando disputou e venceu a eleição para o primeiro mandato de  governador do Acre, Gladson Cameli não obteve o apoio de Bocalom, que apoiou o candidato a governador de seu então Partido, o agora deputado federal Coronel Ulysses Araújo. Como troco, em 2020, Gladson Cameli, mesmo com Bocalom de volta a seu Partido, não o apoiou, preferindo pedir votos à reeleição da então prefeita Socorro Neri, na época do PSB. Como dizem que vingança é um prato que se come frio e devagar, em 2022, com Gladson Cameli disputando a reeleição, Bocalom preferiu apoiar o candidato ao Governo do PSD, o senador Sérgio Petecão. Em 2024, no jogo das vinganças, Gladson Cameli não só mais uma vez deixará de apoiar o atual prefeito como é o principal fiador da candidatura  de Alysson Bestene, justamente pelo PP.

A saia-justa partidária em que o prefeito se meteu terá sua solução com a filiação ao PL, o Partido de Bolsonaro. E convites são o que não faltam, feitos inclusive pelo presidente regional da sigla, João Paulo Bittar, filho do senador Márcio Bittar, cujo convite foi feito, segundo o jovem dirigente, a mando do próprio ex-presidente e os dirigentes nacionais do PL.

Isso significa que Bocalom pode até filiar-se ao PL – mas só o fará no último instante permitido pela legislação eleitoral para as mudanças partidárias com vistas às eleições de 2024.

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